Punindo Huang Ju para satisfazer um rancor
Zeng Qinghong teve uma carreira política suave em seus primeiros anos porque ele era um membro do núcleo da facção principesca e teve a ajuda dos colegas e subordinados de seu pai Zeng Shan.
Através de sua amizade com Jiang Zemin, o ex-líder do regime, em 1986, Zeng se tornou vice-secretário encarregado da ideologia no Comitê Municipal de Shanghai do Partido Comunista Chinês (PCC). Durante seu mandato em Shanghai, Zeng elaborou e poliu documentos importantes e material de propaganda. Ele ficou conhecido como o “oficial de caneta” no. 1 do município de Shanghai, ou seja, ele sabia como escrever um artigo de propaganda.
Zeng chamou a atenção de Jiang Zemin pela primeira vez ao lidar com um incidente no periódico World Economic Herald (WEH) em 1989. O jornal com sede em Shanghai foi fundado em 1980 e tinha a reputação de ser um dos jornais mais liberais da China.
Segundo o livro “Príncipes da China”, em abril de 1989, o diretor do Departamento de Propaganda do Comitê do PCC em Shanghai, Chen Zhili, viu uma notícia num jornal de Hong Kong que mencionava que o WEH publicaria as “Memórias Comemorativas da Conferência de Hu Yaobang”. O artigo tinha conteúdo que apoiava o movimento democrático em Pequim.
Zeng relatou imediatamente a Jiang. Jiang ordenou Zeng e Chen a falarem com Qin Benli, o editor-chefe do WEH. Zeng e Chen sugeriram a Qin que removesse o conteúdo sobre democracia, mas Qin se recusou.
Jiang então chamou Qin e o repreendeu severamente por violar os princípios do PCC. Pouco depois, Jiang enviou uma “equipe de trabalho” ao WEH.
Zeng Qinghong foi elogiado por Jiang Zemin para identificar o “problema” do jornal num estágio inicial. O jornal foi posteriormente fechado por Jiang Zemin e o editor foi preso.
Um mês depois, Jiang tornou-se secretário-geral do PCC. Em seguida, Jiang e Li Peng, o ex-primeiro-ministro que apoiou a repressão, coassinaram uma indicação oficial para promoção de Zeng a vice-diretor do Gabinete Geral do Comitê Central do PCC.
Coletando sujeira
Após a nomeação de Zeng como diretor do Gabinete Geral do Comitê Central do PCC em 1993, ele se envolveu em todos os aspectos dos assuntos do governo, salvo assuntos econômicos administrados pelo Conselho de Estado e assuntos militares. Ele se tornou o “mordomo da corte imperial” de Jiang, como descrito na literatura.
Segundo o livro “Príncipes da China”, enquanto Zeng “pesquisava e investigava” em colaboração com o Departamento de Segurança Nacional, ele reuniu rapidamente provas de corrupção, peculato e suborno contra muitos oficiais centrais e regionais. Isso era informação poderosa, colocando Zeng atrás apenas de Jiang. Zeng tinha informações sobre mais de 20 casos graves de fraude e corrupção que ele podia usar para atacar autoridades centrais no Conselho de Estado e ameaçar oficiais regionais. Esta informação foi suficiente para consolidar a posição de Jiang Zemin.
Atacando Huang
De acordo com uma fonte de alto escalão em Pequim, na 16º Conferência Nacional do PCC, Jiang insistiu em aumentar o número de membros do Comitê Permanente do Politburo de 7 para 9. Ele queria uma posição dominante com cinco membros de sua facção e quatro outros membros a fim de sufocar o atual líder chinês Hu Jintao e torná-lo incapaz de promover completamente suas políticas. Enquanto apontavam a incompetência de Hu, eles tentavam criar uma atmosfera favorável para Zeng substituir Hu.
Os “braços direito e esquerdo” de Jiang são dois grupos. Um está estacionado em Shanghai e é liderado por Huang Ju e Chen Liangyu e o outro é uma facção principesca liderada por Zeng em Pequim. Jiang não antecipou que o seu “braço esquerdo” cortaria seu “braço direito”.
Quando Zeng Qinghong estava em Shanghai, ele continuava a ter atritos com Huang Ju. Depois que Deng Xiaoping visitou o sul da China para aprovar reformas econômicas em 1992, as autoridades locais em Shanghai, especialmente os asseclas Huang Ju e Chen Liangyu do grupo de Jiang, fizeram fortunas enormes. Zeng foi a Pequim e só podia olhar com inveja.
Yu Liwen, a cunhada mais nova de Huang Ju, monopolizava as vendas de petróleo em Shanghai. O advogado Zheng Enchong de Shanghai disse que Yu Liwen controlava 60 postos de gasolina em Shanghai.
“Mais tarde, o Conselho de Estado propôs que a Sinopec e a Companhia de Petróleo Nacional da China (CPNC) comprassem e gerenciassem todos os postos de gasolina no país, incluindo os de Shanghai. A Sinopec e a CPNC são controladas por Zeng e Zhou Yongkang, porque antes Zeng foi um oficial da indústria do petróleo”, disse Zheng.
De acordo com Zheng, Yu Liwen se recusou a aceitar porque ela não queria que os enormes lucros do negócio fossem para Zeng e Zhou. “A família de Huang era muito influente e rejeitaram a aquisição. Eles controlavam a linha vital da economia de Shanghai”, disse Zheng.
Segundo a fonte de Pequim, se os cinco membros da facção de Jiang no Comitê Permanente ficassem juntos eles poderiam ter controlado o Comitê de nove membros. Hu Jintao não teria sido capaz de remover Chen Liangyu ou atacar Huang Ju. No final, o rancor pessoal de Zeng contra Huang Ju superou sua lealdade à facção de Jiang e Zeng apoiou Hu Jintao na repressão ao grupo de Jiang em Shanghai.
A fonte também disse que o ataque de Zeng contra a facção de Shanghai foi devido ao ciúme. Zeng tentou fortalecer seu próprio poder para intimidar os outros membros do PCC para que ele pudesse desfrutar de mais um mandato depois do 17º Congresso Nacional do PCC. O envolvimento de Zeng em se livrar de Huang Ju e Chen Liangyu assustou os outros membros da facção de Jiang no Comitê Permanente (Wu Bangguo, Jia Qinglin e Li Changchun) e deslocou a maioria dos membros do Comitê da facção de Jiang para o lado de Hu. Isso finalmente criou uma maioria que forçou Zeng a se demitir no 17º Congresso Nacional do PCC. Esta é a principal razão por trás da saída de Zeng do Comitê Permanente do Politburo em 2007 e mais tarde sua aposentadoria no início de 2008.
Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.