Zeng Shan, seu pai, conspirou com os japoneses durante a guerra
Zeng Qinghong, um burocrata antes poderoso do Partido Comunista Chinês (PCC), tem sido um facilitador de longa data e aliado do ex-líder chinês Jiang Zemin e de Bo Xilai, um oficial do PCC recentemente deposto. E a história política de seu pai é igualmente inglória: como um colaborador dos japoneses durante a guerra civil chinesa.
A história dos dois homens também revela como detalhes históricos recônditos podem ser usados para desacreditar adversários políticos e como o jogo sutil de poder na China comunista é jogado.
Conhecendo Zeng Qinghong
O ex-vice-presidente da China de 72 anos, Zeng Qinghong, manteve-se bastante ocupado depois de perder seu posto antes do 17º Congresso Nacional do PCC em 2007.
Depois que Jiang Zemin e seus asseclas perderam o poder dentro do PCC, Zeng decidiu agir como consultor para a “facção das mãos ensanguentadas” de Jiang, trabalhando para garantir que ele e a facção de Jiang não tivessem de pagar por seus crimes.
Rumores políticos indicaram que Jiang tentou uma vez substituir o atual líder chinês Hu Jintao com Zeng Qinghong, mas a liderança do PCC o impediu.
De acordo com uma fonte de alta posição em Pequim, Bo Xilai foi a escolha para sucessor de Jiang. Quando Bo falhou em se tornar um membro permanente do Politburo no 17º Congresso Nacional do PCC em 2007, isso sinalizou que Bo não se tornaria secretário-geral do PCC no 18º Congresso. Então, Zeng sugeriu a Jiang que eles deveriam impedir Li Keqiang, o vice-primeiro-ministro e protegido de Hu, de se tornar o líder do PCC no 18º Congresso. Zeng disse a Jiang para encontrar alguém para ocupar o cargo de secretário-geral do PCC antes que Bo pudesse obter a posição. Zeng recomendou Xi Jinping, um homem que ele pensava não ser politicamente ambicioso.
Então, Xi substituiu Li, enquanto Jiang e Zeng secretamente promoviam Bo Xilai. Xi não sabia dos motivos verdadeiros de Jiang até ele visitar os Estados Unidos em fevereiro. Fontes dizem que a inteligência dos EUA informou Xi sobre o plano de Jiang de colocar “Bo depois de Xi”.
Pai de Zeng Qinghong colaborou com o Japão
Zeng Shan, o pai de Zeng Qinghong, juntou-se ao PCC em 1926. Zeng Shan era o chefe do 4º Exército Novo, servindo no leste da China após a Guerra Sino-japonesa começar. Ele representou o PCC muitas vezes assinando acordos secretos com os japoneses.
Após a Revolução Cultural, Mao Tsé-tung purgou dezenas de milhares de membros veteranos do PCC. Zeng Shan conseguiu escapar do expurgo por causa de seu trabalho com os japoneses.
O comentarista político Jin Jiangpin sugeriu que um artigo publicado numa revista estatal em 2007 antes do 17º Congresso Nacional foi o início da queda de Zeng Qinghong do poder.
“Acho que Hu pegou esta revista e a jogou nos pés de Zeng Qinghong dizendo, ‘O Diário do Povo de amanhã publicará este artigo. O que você fará?’ Zeng Qinghong renunciou imediatamente. Assim, vimos pouco antes do 17º Congresso Nacional que Zeng anunciou sua demissão”, declarou Jin Jianping em seu blogue. O Diário do Povo é uma mídia porta-voz do PCC.
A revista “Memórias Secretas do Passado” promove regularmente as realizações dos membros do PCC. O artigo discutiu a história de Zeng Shan. Disse o texto que em 1967 os Guardas Vermelhos e insurgentes acreditavam que Zeng Shan era um traidor que trabalhou com os japoneses. Tentativas foram feitas para humilhá-lo publicamente e persegui-lo, mas, por fim, Zeng Shan foi protegido.
Segundo o artigo, Zeng trabalhou no Ministério da Segurança Pública. Ele admitiu assinar acordos secretos com os japoneses, mas disse que apenas seguiu ordens do Comitê Central do PCC. Os Guardas Vermelhos não acreditaram nele e pressionaram o Ministério da Segurança Pública.
O artigo prosseguiu dizendo que um oficial administrativo do Ministério da Segurança Pública escreveu ao diretor do Gabinete Central do PCC, Wang Dongxing, e ao ministro da Segurança Pública, Xie Fuzhia, pedindo-lhes para investigar as denúncias contra Zeng Shan. O oficial administrativo e quatro outros oficiais foram autorizados a entrar no Salão dos Arquivos Secretos com um documento de homologação assinado por Wang e Xie.
Após vários dias de busca, os cinco homens encontraram telégrafos que provavam que o Comitê Central do PCC havia realmente ordenado Zeng Shan a assinar acordos secretos com os japoneses. Entre as evidências estavam vários telégrafos contendo detalhes dos tratados. Os telégrafos foram assinados por Mao Tsé-tung, Zhou Enlai, Liu Shaoqi, Ren Bishi e Kang Sheng.
Segundo o relatório, os cinco homens não foram autorizados a remover os documentos do Salão dos Arquivos Secretos, por isso, eles copiaram as informações que verificavam as alegações de Zeng Shan e relataram a seus superiores.
Kang Sheng, o braço-direito de Mao e espião-mestre e chefe da segurança do PCC, rapidamente distorceu a descoberta dos cinco homens num ato “antirrevolucionário” e fez Wang e Xie punirem os cinco homens. O oficial administrativo foi condenado a oito anos de prisão e não foi libertado até depois da morte de Mao Tsé-tung.
O livro best-seller “Príncipes da China”, escrito por He Pin e Gao Xin e publicado em 1992, expôs os antecedentes de cerca de 40 filhos e filhas de altos oficiais do PCC. Ele acrescenta detalhes a esta controvérsia. Segundo o livro, Zhou Enlai deu instruções específicas a membros específicos do PCC em 27 de setembro de 1967 que as atividades de Zeng Shan foram baseadas em ordens do Comitê Central do PCC. Ele proibiu os grupos revolucionários de interferirem.
Em meio a esse ambiente politicamente carregado, Mao tramava matar um número de veteranos do PCC, incluindo Liu Shaoqi, Zhen Peng e He Long. No entanto, Mao tratou bem Zeng Shan e o nomeou pessoalmente para continuar em seu posto como um membro do Comitê Central durante o 9º Congresso do PCC.
Zeng Shan morreu de um ataque cardíaco em 1972. Nesse mesmo ano, o PCC renunciou a 600 bilhões de dólares de indenizações de guerra do Japão à China. Jin Jianping disse que o PCC não se atreveu a reclamar a reparação porque o Japão conhecia muitos dos segredos do PCC.
Ao contrário da maioria dos cidadãos da China, Zeng Shan não teve problemas durante a Revolução Cultural. Seu filho agora idoso Zeng Qinghong também não enfrentou dificuldades.
Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.