O ouro saltou mais de 2% na segunda-feira no mercado de futuros Comex. Um grande dia de subida e a superação da importante marca de 1.350 dólares. Sim, com certeza, a Ucrânia teve algo a ver com isso. Mas a verdadeira razão por trás da corrida ao ouro em 2014 é outra.
Ao longo do tempo, o preço do ouro se correlaciona com o montante total da dívida federal e outras métricas de dívida da sociedade. E como o Tesouro foi liberado para emitir novas dívidas em 12 de fevereiro, com um teto da dívida sem restrição, a corrida pelo ouro disparou, subindo de 5%. Participantes experientes do mercado já começaram a apostar na subida de preço na virada do ano em antecipação. O ouro teve aumento de 10% desde 1º de janeiro, superando a maioria das outras classes de ativos.
E quanto à dívida nacional dos EUA? Ela realmente caiu em US$ 92 bilhões no início do ano até o Senado aprovar o projeto de lei do teto da dívida. Nas três semanas desde então, ela aumentou US$ 168 bilhões. Além do mais, porque o teto da dívida está suspenso, o Tesouro tem até março de 2015 para emitir tanto dívida quanto quiser.
Por que isso impulsiona o preço do ouro? Porque na sociedade de hoje dívida é dinheiro, muito mais do que as Notas do Federal Reserve impressas pelo Fed [o banco central dos EUA]. Mais dinheiro significa preços de ativos mais elevados, o que inclui o ouro. O Tesouro pode imprimir dinheiro (dívida) muito mais rápido do que o Fed; os recentes US$ 168 bilhões em três semanas envergonham os US$ 85 bilhões por mês do ‘afrouxamento quantitativo’ (QE) inicial.
Além disso, a nova dívida emitida pelo Tesouro aumenta diretamente a oferta total de dinheiro de crédito, ao passo que o QE apenas aumenta as reservas que os bancos mantêm no Fed, a menos que o Fed monetize diretamente nova emissão. Se os bancos optam por usar essas reservas, eles poderiam aumentar a oferta total de dinheiro de crédito, mas o crédito privado nunca decolou durante a recuperação.
Sim, a dívida federal aumentou 5,5% em 2013, um ritmo bastante lento em comparação com a última década, quando a dívida federal quase triplicou. Também é lento em comparação com o ritmo anual de 18% desde 12 de fevereiro. Claro, há períodos em que a correlação quebra, como em 2008 ou em 2013, mas funcionou muito bem desde o início de 2000, o início da grande expansão da dívida federal.
Há outra razão por que o ouro reage à emissão de nova dívida federal. O preço do ouro é um reflexo da fé no dólar. Se o dólar cai, o ouro sobe. O dólar está em última análise apoiado pelo balanço do Fed. O balanço do Fed é composto principalmente de títulos do Tesouro. Se houver um fornecimento contínuo de novos títulos, mas nenhum dinheiro novo de imposto para pagar a dívida, esses títulos cairão em valor. Assim, o balanço do Fed passa a valer menos e também o dólar.