O secretário do Partido Comunista Chinês (PCC) num distrito da capital da província de Jiangsu foi encontrado pendurado pelo pescoço em sua casa em 18 de setembro, três meses após ser demitido por aceitar subornos, usar inapropriadamente o dinheiro destinado à pesquisa e desfrutar de suntuosos banquetes pagos por empresários que buscaram seus favores.
Lou Xuequan, de 50 anos, ex-secretário do PCC no distrito de Liuhe, cidade de Nanjing, foi encontrado por sua esposa por volta das 5h da manhã. Ele foi levado para o hospital, mas morreu logo que chegou, segundo a mídia estatal chinesa, e posteriormente confirmado pelo gabinete de segurança pública da cidade.
Ele é o mais recente funcionário a se matar na campanha de combate à corrupção e expurgo político conduzido pelo líder chinês Xi Jinping e seu braço-direito Wang Qishan, o chefe do Comitê Central de Inspeção Disciplinar (CCID). Lou Xuequan foi removido em 18 de junho, após o CCID, o principal órgão anticorrupção do PCC, descobrir que ele aceitou subornos e usou verbas públicas indevidamente. Depois de perder seu posto, Lou Xuequan tentou várias vezes procurar ajuda e orientação de funcionários de escalões superiores, mas era regularmente evitado, disse uma fonte no governo ao China Business News.
Lou Xuequan estava encarregado da demolição de casas e de projetos de construção em Nanjing há muitos anos. Esses projetos são detestados pelos cidadãos chineses, porque frequentemente envolvem a desapropriação de terras e a demolição arbitrária de habitações, com compensação inadequada ou nenhuma, enquanto a terra é repassada para desenvolvedores imobiliários para o lucro rápido dos governos [e autoridades] locais.
A província de Jiangsu é uma das áreas de influência do ex-líder chinês Jiang Zemin, mas sua presença não impediu que o expurgo anticorrupção avançasse a todo o vapor na região. Relatórios oficiais dizem que 15 chefes de departamentos em Jiangsu foram derrubados na primeira metade do ano, e que os secretários do PCC em três distritos de Nanjing foram destituídos por corrupção. Ji Jianye, o ex-prefeito de Nanjing, que tinha laços estreitos com Jiang Zemin, foi investigado em outubro passado, no início dos expurgos políticos locais em Jiangsu.
O suicídio de quadros do Partido Comunista tem sido retratado na imprensa chinesa com regularidade este ano. Desde janeiro até o início de agosto, pelo menos 31 funcionários se mataram, segundo a imprensa chinesa. Autoridades costumam dizer que a “pressão do trabalho” e a “depressão” são as causas principais.
Os internautas chineses às vezes lamentam as mortes, mas simplesmente porque informações cruciais morrem com eles. “Se ele não tivesse morrido, talvez fosse possível capturar algum grande tigre”, escreveu um internauta anônimo da província de Guangdong. O termo “tigre” na China é um eufemismo para um funcionário corruptos do alto escalão. “Mas uma vez morto, o caso termina aí. Ele provavelmente foi forçado a cometer suicídio.”