O momento temido pelos generais do Exército dos EUA chegou. O secretário de Defesa Chuck Hagel propôs segunda-feira reduzir o Exército ao seu menor tamanho desde antes da II Guerra Mundial. O discurso de Hagel foi um esboço do orçamento de defesa, que o presidente Barack Obama apresentará ao Congresso na próxima semana.
“Como terminamos nossa missão de combate no Afeganistão, este será o primeiro orçamento que refletirá plenamente a transição que o Departamento de Defesa está fazendo depois de 13 anos de guerra – o conflito mais longo da história de nossa nação”, disse Hagel, no Pentagon Press Briefing Room em 24 de fevereiro, segundo uma transcrição.
O plano é reduzir o Exército de cerca de 520 mil soldados na ativa para cerca 440-450 mil. O plano original era reduzir o exército para 490 mil soldados. De acordo com o Serviço de Notícia das Forças Armadas do Pentágono, cerca de metade do orçamento de defesa vai para custos com pessoal.
“Uma vez que não estamos mais dimensionando a força para operações de estabilidade prolongadas, um exército desse porte é maior do que o necessário para atender às demandas de nossa estratégia de defesa”, disse Hagel. O Exército não está sozinho. A redução é parte dos US$ 75 bilhões do corte de orçamento do Pentágono pelos próximos dois anos, o que afetará todos os ramos das forças armadas.
Eram esperados cortes para o Exército. Funcionários da Defesa têm debatido há anos o papel que o Exército dos EUA desempenha nas atuais estratégias de defesa – particularmente no conceito de Batalha Ar-Mar. Isso agora está sendo aplicado no deslocamento militar dos EUA para a Ásia-Pacífico, que visava em parte a quebrar a estratégia da China de negar o acesso militar à região.
O conceito foi desenvolvido na década de 1970 e 1980 “para combater um ataque apoiado por soviéticos na Europa”, segundo um relatório do Pentágono. Trata-se de uma estreita coordenação entre os diferentes ramos militares, particularmente a Marinha e a Força Aérea.
O Exército tem tentado encontrar o seu lugar na estratégia, e os líderes militares têm discutido pelo menos desde 2011 o papel que o Exército pode desempenhar, desde que o Pentágono abriu seu Escritório de Batalha Ar-Mar. Dos 15 oficiais deste Escritório, apenas um é do Exército.
O Exército tem problemas em abordar seu papel como uma força que cria infraestrutura e estabiliza qualquer terreno que é tomado. Como o Service de Notícia das Foças Americanas do Pentágono observa: “Os cortes assumem que os Estados Unidos já não se envolvem em operações de estabilidade grandes e prolongadas no exterior na escala do Iraque e Afeganistão.”
Hagel enfatizou, porém, que os cortes são feitos tendo em consideração a evolução das ameaças enfrentadas pelos Estados Unidos: “Estamos reposicionando para nos concentrar nos desafios e oportunidades que definirão nosso futuro estratégico: novas tecnologias, novos centros de poder e um mundo que está cada vez mais volátil, mais imprevisível e em alguns casos mais ameaçador para os Estados Unidos.”