Salmão é primeiro animal OGM aprovado a ser vendido nos EUA

21/11/2015 22:19 Atualizado: 21/11/2015 22:19

O departamento de controle de alimentos e drogas americano, chamado Food and Drugs Administrations (FDA), liberou nesta quinta-feira (19) a comercialização do salmão geneticamente modificado. A aprovação para a empresa AquaBounty vender seus salmões de rápido crescimento foi liberada 20 anos após ser arquivada.

Apesar das plantas e dos vegetais geneticamente modificados já serem comuns na cadeia de abastecimento alimentar dos EUA, o FDA ainda não havia aprovado nenhum animal geneticamente modificado.

“O FDA tem analisado e avaliado cuidadosamente os dados e as informações apresentadas em relação ao salmão AquAdvantage, e determinou que eles cumprem com as exigências regulatórias para a aprovação, e que o peixe é seguro para consumo”, disse Bernadette Dunham, diretora do centro de medicina veterinária do FDA em um comunicado.

O FDA afirmou que o salmão da AquaBounty é tão nutritivo quanto o salmão normal do Atlântico, e que a agência não encontrou “diferenças biologicamente relevantes” entre os dois.

A AquaBounty combina os hormônios de crescimento do salmão do pacífico com os genes anticongelantes de uma espécie de enguia, para criar um peixe que produz hormônios de crescimento durante todo o ano, atingindo um ritmo de desenvolvimento mais rápido do que as outras variedades naturais. Quando maduro, o salmão AquAdvantage ainda atinge o mesmo tamanho que o salmão natural.

Ausência de informação no rótulo

Em uma pesquisa realizada pelo New York Times em 2013, três quartos dos americanos disseram que não comeriam peixes geneticamente modificados.

Apesar do óbvio desconforto com a ideia, é provável que muitos consumidores com opiniões negativas em relação à prática acabem comprando o salmão geneticamente modificado de qualquer maneira.

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Atualmente, a rotulagem de produtos geneticamente modificados é feita de forma voluntária, e o CEO da AquaBounty disse ao Washington Post que a empresa provavelmente irá rotular o peixe como um corriqueiro “salmão do Atlântico”, já que vender o único peixe geneticamente modificado do mercado seria muito “perigoso” para a empresa.

A mesma pesquisa descobriu que 93% dos americanos apoiam a rotulagem dos alimentos geneticamente modificados, mas os esforços para obrigar a rotulagem estão paralisados. Medidas eleitorais para tornar obrigatória a rotulagem de OGMs nos EUA têm falhado sucessivamente na Califórnia, Washington, Oregon e Colorado.

O Presidente Obama tem sido reticente em relação ao assunto, embora tenha dito em sua campanha eleitoral de 2007 que cada americano deve ter o direito de saber se seus alimentos são geneticamente modificados ou não.

Denúncia contra a aprovação do FDA

A aprovação do salmão geneticamente modificado pelo FDA foi denunciado por ativistas anti-OGM.

A principal preocupação é que o salmão modificado possa escapar para o oceano aberto, e ameaçar as populações de salmão já existentes. A AquaBounty sustenta que esse risco não existe, pois todos os seus peixes são do sexo feminino, estéreis e armazenados em instalações em terra.

Entretanto, uma organização ambiental chamada Friends of Earth, que tem feito campanhas contra o que eles chamam de “Frankenifish”, afirma que uma vez aprovada a venda do salmão geneticamente modificado, torna-se muito mais fácil mudar as práticas agrícolas. A organização disse ainda que mais de 60 redes de supermercados nos EUA já prometeram não comercializar o salmão modificado.

“Apesar do FDA ter aprovado de forma irresponsável o primeiro animal geneticamente modificado propício ao consumo humano, é claro que não há lugar no mercado americano para tal alimento”, disse Lisa Archer, diretora do programa de Alimentos e Tecnologia do Friends of Earth, em um comunicado.

A organização adverte que a aprovação do salmão pela FDA criará um precedente para outras 35 espécies de peixes geneticamente modificados, bem como galinhas, porcos e vacas.