Os russos mostraram por que são chamados de “homens gelados” quando assunto é negócios e conflitos. A negativa da direção da Empresa Brasileira de Aeronáutica (EMBRAER) em receber a comitiva de 13 autoridades e assessores do governo russo, dirigida pelo vice premier Dmitry Rogozin, sequer foi entendida pelos europeus orientais como um incidente ou incômodo na missão por parcerias nas áreas de defesa, aeronáutica, espacial no Brasil.
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Rogozin, um dos maiores inimigos do governo dos Estados Unidos, um gigante de pele muito clara e sorriso fácil, é determinado e pragmático. Ao saber do fim das barreiras diplomáticas e comerciais entre os Estados Unidos e Cuba, determinou que sua rota mudaria. Não iria retornar diretamente para Moscou. Depois de visitar São José dos Campos, reprogramou sua passagem pelas Américas e partiu às 14h30 desta quinta (18) para Cuba, num claro enfrentamento ao presidente Barack Obama.
A resposta à Direção da EMBRAER veio em seguida e por meio de seus assessores, numa política de preservar o premiê que coleciona polêmicas com o mundo ocidental desde a invasão da Ucrânia e anexação da Crimeia.
“Não tem incômodo algum, só ficou para nós estranha a posição da EMBRAER de não querer ampliar seus negócios. Íamos propor a produção conjunta de um avião civil. A EMBRAER é na verdade uma empresa norte americana, entendemos isso. Mas vamos procurar nos estabelecer no mercado aeronáutico daqui”, observou um dos porta-vozes do premiê.
Segundo os assessores, isso se dará com uma empresa ou com um grupo empresarial nacional, que passaram a prospectar imediatamente após a recusa da EMBRAER em atender a comitiva do vice premier.
Pragmático, o vice premier – um ex piloto de caça da força aérea soviética – quer, além do interesse concreto por parte do governo brasileiro de elevar o Brasil a condição de segundo maior polo fabricante de aeronaves do mundo, que o ingresso no setor aeronáutico se dê com a capacitação existente no país, com um nível de investimento capaz de suportar as necessidades de uma fábrica competitiva, e a possibilidade de produção, além de desenvolvimento e pesquisa.
A visita ao Brasil começou pelo Rio de Janeiro, onde foram visitadas as instalações da Marinha, passando por Brasília num encontro com o vice presidente Michel Temer e com o Ministro da Defesa Celso Amorim e membros do Ministério da Defesa. Nesta quinta-feira, o premiê e homem forte de Vladimir Putin desembarcou com o embaixador da Rússia no Brasil, Sergey Akopov, de uma imenso jato branco com frisos pretos ondulados na cauda, no aeroporto civil-militar de São José dos Campos para visitar o INPE, a AVIBRAS e a ODT-Mectron.
Compenetrado, escutou as exposições da direção da ODT- Mectron e dos executivos da AVIBRAS, além do prefeito local, Carlinhos de Almeida (PT) que lhe garantiu ser a cidade o melhor local para investimentos neste gênero em todo país. “Falei do potencial da cidade para recebê-los, não existe outro lugar no Brasil para ter investimentos nesta área, principalmente com nosso parque tecnológico e a ampliação do ITA”, reforçou o político ao vice premier, que ainda pediu que fortaleça o BRICS.
Um dos pontos praticamente descartados pela comitiva russa foi a produção em solo nacional de helicópteros. Além da competição direta com a Helibras e a chegada de novos concorrentes, a crise está encolhendo esse mercado. Já no setor de defesa, os russos dão como certas as parcerias com a MECTRON na produção de um míssil Ar-Ar de longo alcance (BVR) e a DENEL, da África do Sul. Mas esse processo, esperado para 2015, ainda está em fase de negociação com o governo brasileiro.
“Esse será o primeiro projeto que envolverá três países do BRICS, é um grande projeto de cooperação. Estamos buscando a aproximação entre os países do próprio BRICS para sair da crise.
Estamos numa missão de conhecimento, a próxima será de aproximação mais prática com desenvolvimento de novos projetos e de novas tecnologias”, salientaram os assessores do vice premier.
O fechamento e assinatura de grandes acordos é esperado para a visita da presidente Dilma Rousseff na Rússia, no ano que vem. Nesta ocasião já se espera firmar com o governo brasileiro a construção de uma fábrica de aviões para usos civil e militar, além de empreendimentos no setor naval, espacial e de cooperação no segmento nuclear e em eletrônica avançada.
“Para o ingresso de uma empresa russa no setor aeronáutico depende do governo brasileiro, com essa cooperação nós temos condições de elevar o Brasil ao segundo lugar na produção mundial de aeronaves”, afirmou determinado.
Editado por Epoch Times