Depois de bloquear duas vezes o Conselho de Segurança das Nações Unidas de agir sobre o conflito da Síria, a Rússia anunciou que parará de enviar armas e não assinará qualquer acordo militar com a Síria até que a violência pare, relatou a mídia estatal.
“A Rússia, assim como outros países, está preocupada com a situação na Síria”, disse Vyacheslav Dzirkaln, o chefe maior da agência russa de cooperação militar, à mídia estatal RIA Novosti. “Nós não estamos falando de novos fornecimentos de armas a esse país.”
Especificamente, a Rússia não entregará os aviões Yak-130 de treinamento militar para a Síria até que a situação melhore, acrescentou o RIA Novosti. A Síria assinou um acordo com a Rússia de 550 milhões de dólares pela entrega de 36 aviões Yak-130. “Até que a situação se estabilize, não entregaremos qualquer nova arma [a Síria]”, disse Dzirkaln.
O anúncio da Rússia vem depois de meses de críticas dos Estados Unidos e outros países ocidentais de que o país estava fornecendo armas que poderiam ser usadas para matar civis. Tanto a Rússia e a China vetaram qualquer ação do Conselho de Segurança.
Na reunião dos Amigos da Síria em Paris na semana passada, os Estados Unidos e a França lideraram um apelo por sanções mais duras contra Damasco. Hillary Clinton, a secretário de Estado dos EUA, também pediu aos presentes por um tom severo com a Rússia e a China para pararem de bloquear esses esforços.
“Eu não acho que Rússia e China acreditem estar pagando qualquer preço, absolutamente nada, ao se levantarem em nome do regime de Assad. A única maneira de mudar isso é se cada nação aqui representada direta e urgentemente deixar claro que a Rússia e a China pagarão um preço, porque eles estão restringindo o progresso, bloqueando-o, e isso que não é mais tolerável”, disse Clinton.
O último anúncio da Rússia pode ser um sinal de uma mudança de coração. Na segunda-feira, o presidente sírio Bashar al-Assad também manteve conversações com o enviado especial da ONU, Kofi Annan, e concordou em “abordagens calculadas para aliviar a violência na Síria”, disse a televisão estatal.
Os dois anúncios vieram depois que grupos de oposição disseram que mais de 60 civis foram mortos em todo o país, incluindo sete crianças e três desertores, no domingo. O ‘Observatório Sírio para os Direitos Humanos’ disse que cerca de 30 pessoas, incluindo 20 civis, foram mortos na segunda-feira.
O ‘Observatório’, sediado no Reino Unido, diz que mais de 17.129 pessoas foram mortas em conflitos na Síria desde março de 2011, informou a Associated Press. Cerca de 11.897 dos óbitos foram civis.