Rússia faz manobras na fronteira com Ucrânia após ação antiterrorista

25/04/2014 03:30 Atualizado: 25/04/2014 03:30

A Rússia iniciou nesta quinta-feira (24) manobras militares na fronteira com a Ucrânia em resposta à operação antiterrorista lançada por Kiev em Slaviansk ontem, no sudeste do país, conforme anunciou o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, informou a Reuteurs. “Somos forçados a reagir diante do ocorrido. A partir de hoje, iniciamos manobras de batalhões táticos nas áreas de fronteira com a Ucrânia”, disse o ministro russo.

A ofensiva do Exército da Ucrânia em Slaviansk, reduto de separatistas pró-russo na região, extinguiu três postos de controle separatista na entrada da cidade, de acordo com um comunicado do Ministério do Interior em Kiev. Cinco insurgentes acabaram mortos e um soldado ucraniano ferido, assinalou o documento.

Poucas horas antes, o presidente Vladmir Putin havia ameaçado as autoridades ucranianas afirmando que operações no sudeste teriam consequências, tanto para os que deram as ordens quanto para as relações bilaterais russo-ucranianas. O porta-voz do líder russo acrescentou que os acontecimentos na Ucrânia ameaçam seriamente a legitimidade das eleições presidenciais ucranianas em 25 de maio. Em março passado, Putin havia obtido autorização do Senado para invadir a Ucrânia.

Insurgência

Há quase três semanas que Slaviansk, com cerca de 120 mil habitantes, transformou-se no reduto da revolta pró-Rússia nas regiões do sudeste da Ucrânia, de maioria de língua russa, contra o governo central em Kiev. Homens armados com fuzis, vestidos com uniformes sem insígnia e encapuzados ocupam vários prédios públicos. O líder separatista Vyacheslav Ponomarev havia pedido à Rússia, no domingo, para que interviesse sob alegação de “proteger a população”.

“Estamos cercados. Mas temos força suficiente para resistir”, disse ao canal russo ‘Rossia 24’ o autoproclamado prefeito e líder da milícia local, Viacheslav Ponomariov. Segundo Viacheslav, duas colunas de blindados estão a poucos quilômetros da cidade, enquanto um correspondente do Rossia 24 relatou a partir do local que vários navios de guerra russos já atracaram em Slaviansk.

O vice-ministro de Assuntos Exteriores da Ucrânia, Danylo Lubkivsky, acusou ontem a Rússia de “exportar terroristas” e afirmou que a campanha de propaganda do Kremlin supera os níveis da Guerra Fría, informou a agência Efe. “Isto não é um movimento espontâneo”, assegurou o alto funcionário ucraniano sobre a insurgência no sudeste do país. “São separatistas instigados por Moscou”.

Acordo de Genebra

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, culpou a Rússia pelo fracasso do compromisso internacional assumido na semana passada em Genebra, que supostamente deveria reduzir as tensões entre os dois lados. “Até agora, não os vimos respeitar nem o espírito nem a letra do acordo de Genebra”, lamentou o presidente americano numa conferência de imprensa em Tóquio, primeira etapa de sua viagem pela Ásia.

“Em vez disso, nós continuamos vendo homens mal-intencionados, armados, invadindo edifícios, assediando as pessoas que não concordam com eles, desestabilizando a região, e não vimos a Rússia os afastando ou desencorajando”, disse Obama. Caso a Rússia continuar a ignorar o acordo de Genebra, “haverá consequências e novas sanções”, alertou.

A Rússia tem acusado os Estados Unidos e a União Europeia de promoverem uma “revolução” em Kiev, referindo-se à destituição, em fevereiro, do presidente pró-russo Victor Yanukovich, depois de três meses de protestos violentos.