Na última sexta-feira, a China tentou colocar um pouco de água fria sobre a situação de sua bolha no mercado de ações. Depois de uma queda de 5% no “after-hours future trading”, o regime chinês reverteu esse curso e tomou medidas para estimular o mercado. A China sofre a pressão de uma recessão imobiliária, da supercapacidade industrial e de um crescente nível de endividamento.
Depois de o mercado futuro de ações cair na sexta-feira e de a incorporadora imobiliário Kaisa ter problemas financeiros no fim de semana, o regime chinês empunhou sua arma mais poderosa para estimular a economia, a RRR (taxa de reserva de capital).
A RRR, em termos simples, é o dinheiro que os bancos têm que manter como reserva depositada no banco central. Quanto maior é a taxa desse depósito compulsório, menos dinheiro os bancos podem disponibilizar na forma de empréstimos. É um mecanismo utilizado pelos bancos centrais para controlar a quantidade de dinheiro que circula na economia e tem a capacidade de influenciar no crédito disponível bem como nas taxas de juro.
Como são os empréstimos bancários que mantêm a economia chinesa girando, no domingo, o governo chinês baixou em 1 ponto percentual o RRR, para 18,5%, o menor valor desde os dias negros de 2008. A medida visa a aumentar a liquidez do sistema financeiro e injetar mais dinheiro na economia chinesa. Isso significa que os bancos podem agora emprestar 200 bilhões de dólares a mais, dinheiro que o regime chinês espera que vá, acima de tudo, para empréstimos no setor imobiliário.
No entanto, o setor imobiliário está se desacelerando e os chineses estão sendo atraídos pelos aumentos dos preços das ações.
Uma vez que nem o banco central nem regime chinês podem determinar exatamente para onde os empréstimos irão, boa parte deve ir na forma de empréstimos marginais para especuladores em vez de empréstimos hipotecários para proprietários de casa.
Especular com dívidas, muitas vezes gera esse tipo de retorno: imóveis com preços em baixa afugentam compradores alavancados e fazem que as pessoas vendam seus imóveis, porque elas estão sufocadas por hipotecas, o que leva os preços dos imóveis ainda mais para baixo. O raciocínio inverso vale para o mercado de ações.