Rota de Zhou de Xinjiang ao Congresso do PCC revela conexão sangrenta

22/05/2012 03:00 Atualizado: 22/05/2012 03:00

Nascer do sol sobre o campo petrolífero de Tazhong no deserto de Taklamakan, na província chinesa de Xinjiang. (Frederic J. Brown/AFP/Getty Images)Em 18 de maio, foi anunciado que Zhou Yongkang seria um “representante” da província de Xinjiang, a inquieta região autônoma uigur no noroeste, para o próximo 18º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês (PCC).

Zhou, que teria sido despojado de seus poderes oficiais como chefe de todas as forças de segurança da China recentemente, tem um ponto de interrogação pairando sobre sua cabeça desde que Bo Xilai, seu aliado e protegido no PCC, foi repentinamente purgado em março.

O fato de Zhou ser feito um representante de Xinjiang este ano pode ser uma tentativa da liderança de associá-lo mais de perto com as políticas controversas e muitas vezes violentas na região uigur nos últimos anos. Zhou era um representante da província de Hebei no Congresso do PCC de 2007 (o PCC realiza uma convocação geral a cada cinco anos); ser um “representante” de uma determinada área significa que um oficial está incluído na delegação dessa região ao participar do Congresso.

Além do papel de Zhou nas forças de segurança, ele também foi um engenheiro de petróleo e boatos dizem que ele tem conexões profundas na indústria estatal do petróleo da China. O petróleo é vital para a economia de Xinjiang, e Zhou, como ex-chefe do Ministério de Terras e Recursos, supervisionou o sistema petrolífero de Xinjiang e o desenvolvimento de redes pessoais na região durante mais de uma década.

A região viu uma repressão violenta espetacular contra a minoria uigur em 2009, quando violentos protestos ocorreram em Urumqi, capital de Xinjiang, sobre os conflitos entre uigures e chineses Han. Os uigures frequentemente citam discriminação, opressão religiosa, e invasão sistêmica e corrosão de suas práticas culturais pela maioria Han. Depois que tumultos surgiram, policiais armados, que estão sob o controle do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL), foram expedidos e mais de 200 pessoas foram mortas em confrontos e outras 1.700 feridas.

“A julgar pelo estágio atual, parece que Hu Jintao não quer ser responsabilizado por isso, então ele arranjou Zhou para se tornar o representante de Xinjiang”, disse Shi Zangshan, um especialista em China baseado em Washington DC, tentando compreender o mais recente desenvolvimento de uma saga complexa de intrigas na liderança comunista.

“No passado, sempre que algo acontece na região de Xinjiang, Zhou faz uma aparição pública no local para ‘liderar o trabalho’. Isso significa que Zhou Yongkang tem sido diretamente responsável em Xinjiang”, disse Shi.

Xia Ming, professor de ciência política na Universidade da Cidade de Nova York, comentou sobre a mudança na listagem de Zhou como um delegado. “A mudança em si explica alguns problemas. Eu acho que Zhou Yongkang está numa situação muito crítica. Enquanto o caso Bo Xilai chega a uma conclusão, acho que a próxima pessoa envolvida será Zhou Yongkang”, disse ele, ecoando rumores e entendimentos de contatos políticos em Pequim que já circulavam há semanas.

Xia Xiaoqiang, um comentarista do Epoch Times, disse que é possível que Hu e Wen façam de Zhou um representante de Xinjiang como uma forma de responsabilizá-lo pelas mortes de uigures durante a violência em 2009.

Xia disse que Hu e Wen também podem ter vazado intencionalmente os supostos crimes de Zhou através da mídia chinesa no exterior, e usem isso como uma maneira de transportar a notícia da perda de poder de Zhou de volta à China para testar as águas. Eles farão isso até que achem que é chegada a hora de purgar Zhou oficialmente, disse Xia.

Junto com outras considerações também está o fato de que Zhou Yongkang é um proeminente membro da facção das mãos ensanguentadas, o que significa que seu mestre político é o ex-líder Jiang Zemin, que embarcou numa perseguição violenta à prática espiritual do Falun Gong em 1999, promovendo oficiais como Zhou Yongkang dispostos a realizar a campanha genocida. Como Zhou parece perder influência, os membros da facção da Liga da Juventude, a qual o atual líder chinês Hu Jintao pertence, podem ser capazes de assegurar mais assentos no Comitê Permanente, durante a mudança da liderança no 18º Congresso Nacional do PCC esperado para este ano.