Um submarino robótico que procurava destroços do avião da Malaysian Airlines abortou sua primeira missão após apenas 6 horas, retornando à superfície sem nenhuma pista, por ter atingido o máximo permitido de profundidade, afirmaram os responsáveis. Equipes de busca enviaram o Bluefin 21 da Marinha Americana às profundezas oceânicas na segunda-feira (14) para procurar destroços do Boeing 777 da Malaysia Airlines após 6 dias de falha em detectar novos sinais advindos das caixas pretas.
No entanto, a missão de 16 horas foi interrompida quando o submarino, que é programado para navegar a 30 metros (100 pés) acima do solo oceânico, adentrou em um caminho mais profundo do que a sua capacidade máxima de 4.500 metros (15.000 pés) de profundidade, conforme afirmou o Centro de Coordenação de Busca da Marinha Americana. Uma estrutura construída especialmente para isso puxou o Bluefin até a superfície e não foi danificada.
As informações coletadas pelo submarino foram posteriormente analisadas e não havia sinal de que o avião perdido havia sido localizado, disse a Marinha Americana. A tripulação pretendia alterar a área de busca do Bluefin esperando poder enviá-lo ao solo oceânico novamente já na terça-feira (15). As autoridades envolvidas na busca tinham conhecimento de que a primeira área de busca ao Voo 370 estava além dos limites de mergulho do Bluefin. Outros submersíveis de águas profundas foram avaliados, mas nenhum ainda disponível para ajudar.
Uma margem de proteção deveria ter sido inclusa na programação do Bluefin para proteger o artefato de danos caso este mergulhasse abaixo do seu limite de 4.500 metros, afirmou Stephan Williams, professor de robótica marinha da Universidade de Sidney. “Talvez algumas áreas que estejam pesquisando sejam um pouco mais profundas do que imaginam”, disse ele. “Eles podem não possuir dados anteriores muito confiáveis desta área.”
Enquanto isso, as equipes investigam um vazamento de óleo de até 5.500 metros (3.4 milhas) da área onde os últimos sons emitidos foram detectados. A tripulação dos navios de busca coletou uma amostra do óleo e enviou de volta à Perth, na Austrália Ocidental para análise, um processo que demorará muitos dias, conforme afirmou Angus Houston, o coordenador da empresa de busca responsável pela área oeste de busca da Austrália. Ele afirma que não parece ser de nenhum dos navios da área, mas advertiu sobre tirar conclusões precipitadas desta fonte.
O Bluefin pode criar um mapa sonar tridimensional de quaisquer detritos do fundo do oceano. Mas a busca é difícil nesta área, pois o solo oceânico está coberto de lodo que poderia ter encoberto parte do avião. “O que eles precisam procurar é o contraste entre objetos duros, como pedaços de fuselagem dentre o solo lodoso”, Williams adverte. “Com o tipo de sonares que estão utilizando, se os destroços estiverem sobre o lodo, como por exemplo uma asa, você poderia facilmente detectá-la, mas pequenos itens podem ter afundado e ter sido cobertos pelo lodo, o que torna a busca muito mais desafiadora.”
As buscas começaram na superfície após ser detectada uma série de sons subaquáticos nas duas últimas semanas que demonstravam ser consistentes com os sinais emitidos pelas caixas pretas de aviões, que gravam as informações do voo e as conversas no cockpit. Os artefatos emitem “pings” que podem ser facilmente descobertos, no entanto, as baterias duram apenas um mês e nenhum tipo de som havia sido detectado nos últimos sete dias.
O primeiro ministro australiano Tony Abbott levantou esperanças quando afirmou que as autoridades estavam muito “confiantes” sobre estes sinais subaquáticos das caixas pretas do Voo 370, que desapareceu no dia 8 de março durante um voo de Kuala Lumpur, Malásia, para Beijing com 239 pessoas a bordo, em sua maioria chineses. Houston disse na segunda-feira (14) que os sinais poderiam ser uma pista promissora, mas que encontrar os destroços da aeronave nos solos profundos do oceano permanece extremamente dificultoso.
O submarino é programado para completar cada missão em 24 horas: duas horas para mergulhar ao fundo, 16 horas para procurar pelo solo oceânico, 2 horas para retornar à superfície e 4 horas para descarregar toda a informação computada. As caixas pretas podem conter a chave para desvendar o mistério do ocorrido com o Voo 370. Os investigadores acreditam que o avião caiu ao sul do Oceano Índico baseando-se em uma rota do voo calculada a partir dos últimos contatos com o satélite e uma analise da velocidade e capacidade do tanque de combustível. Mas ainda não se sabe o porquê.
Na terça-feira (15), o Ministro de Defesa da Malásia, Hishamuddin Hussein, prometeu revelar todo o conteúdo das caixas pretas se encontradas. “A questão é encontrar a verdade”, ele informou aos repórteres em Kuala Lumpur. “Não há a questão da não divulgação de informações.“
Há aproximadamente 11 aviões e mais o menos o mesmo número de navios traçando esta rota há 62 mil quilômetros quadrados (24 mil milhas quadradas) em torno de 2.200 quilômetros (1.400 milhas) do noroeste de Perth, procurando destroços do voo ou compartimentos flutuantes. Os funcionários não encontraram até agora nenhum destroço que poderia vir a ser do avião e Houston afirma que as chances de encontrar algum estão “diminuindo gradativamente”.