RIO DE JANEIRO – Nesta segunda-feira (4), primeiro dia útil após o início da demolição do Elevado da Perimetral pela prefeitura do Rio, na Zona Portuária, na noite de sábado, o carioca enfrentou grandes congestionamentos e falta de informações acerca das mudanças no trânsito do Centro. As pistas suspensas que contornam a região do Porto é uma das principais vias de acesso ao centro da cidade e sua extinção integra o projeto de modernização da área para os Jogos Olímpicos de 2016. Passam por ela 70 mil veículos diariamente.
A prefeitura reconheceu não haver informado à imprensa com antecedência a localização dos trechos da Perimetral que seriam demolidos. Segundo sua estimativa, o tempo para se chegar ao Centro aumentará em 30%, podendo durar mais que isso nos primeiros dias. O cronograma e detalhes do desmantelamento dos próximos trechos ainda não foram divulgados pela prefeitura, que usará três métodos: implosão (com dinamites), demolição e desmonte.
Os reflexos no trânsito foram sentidos em diversos pontos por toda a cidade. As rotas alternativas, inclusive a Via Binário do Porto e Via Binário II, inauguradas no sábado, paralelas à Avenida Rodrigues Alves, ficaram engarrafadas. O transtorno foi agravado por acidentes, entre eles um caminhão que caiu num bueiro na mesma via e um ônibus que pegou fogo na Avenida Brasil, e um protesto de operários das obras de revitalização do Porto, iniciado na Avenida Francisco Bicalho. Eles reivindicavam melhorias salariais e das condições de trabalho.
O presidente do Departamento Estadual de Transportes Rodoviários (Detro), Rogério Onofre, considerou irresponsável a atitude do prefeito de iniciar as obras antes de testar o plano alternativo de escoamento do tráfego e previu o maior engarrafamento da história do país, informou O Globo. A situação deve piorar no dia 14, quando a Avenida Rodrigues Alves, totalmente congestionada nesta segunda-feira, será fechada para o avanço do projeto.
Segundo a Secretaria Municipal de Urbanismo, um trecho de 1,8 km será posto abaixo até o fim do ano. Caso sobrar alguma parte após a implosão que será feita no dia 17 próximo, será demolida. Em entrevista para o G1, o prefeito Eduardo Paes prevê um período de um ano e meio a dois anos de transtornos. “É uma transformação de uma área degradada da cidade que é fundamental. O Rio redescobre o seu Centro”, afirmou Paes, que recomenda preferência ao transporte público e à carona solidária.
Muitos passageiros ainda se encontravam perdidos neste primeiro dia em relação à nova localização dos pontos de ônibus, cujos itinerários foram alterados, e motoristas presos em longas filas reclamavam. O tráfego só normalizou às 18h. Metrô, barcas e trens anunciaram a ampliação de suas frotas para tentar absorver a demanda.
Quatro horas de viagem
A diarista Patrícia Benício, de 38 anos, levou quatro horas para chegar ao serviço, uma hora e meia a mais que de costume. Moradora de Mesquita, ela saiu de casa às 5h40 da madrugada e só conseguiu alcançar seu destino, em Copacabana, às 9h40 da manhã.
“Insuportável. Tive que saltar no Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia) e andar um bom trecho até a rodoviária (Novo Rio). Aí já eram 8h30. Chegando lá, faixas avisavam que as linhas municipais tinham sido mudadas para o Terminal Padre Henrique Otte. Mais caminhada até conseguir, enfim, pegar o ônibus. E da Central até o Flamengo estava tudo parado, nada andava”, desabafa, acrescentando que suas amigas também diaristas demoraram o mesmo tempo para chegar a seus respectivos locais de trabalho.
Para voltar para casa, Patrícia não considera mais as vans como opção, que agora com as mudanças já chegam lotadas na Central. Ela pretende sair mais cedo do serviço para tentar pegar o metrô e, depois, um ônibus na Pavuna, mas diz estar assustada com o que pode virar o já saturado sistema metroviário daqui para a frente.