Manifestantes, maioria black blocs, denunciam acobertamento da violência institucional pelo maior grupo de comunicação do país
RIO DE JANERO – Cerca de 50 manifestantes, maioria black blocs, se reuniram na noite desta quarta-feira (7) em frente à Central de Jornalismo da Rede Globo, na Rua Von Martius, no bairro Jardim Botânico, zona sul do Rio, para exigir a revogação da concessão pública à empresa de comunicação. Eles repudiam a cobertura feita pelo grupo de mídia dos protestos que vêm agitando o país, a qual julgam tendenciosa e incompleta. Os manifestantes projetaram com um datashow frases como “Cadê o Amarildo?”, “Maré resiste” e “A mídia tem o dever ético de denunciar a violência institucional” na fachada da sede. A manifestação foi convocada pelas redes sociais.
De preto, encapuzados e com cartazes contra a emissora em que se lia “Sorria, você está sendo manipulado” e “A verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura”, os black blocs corriam, pulavam e gritavam palavras de ordem como “Quem não pula é P2” e “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”. Às 20h40, os manifestantes marcharam pela Rua Jardim Botânico, onde se somaram a outro grupo de mais 100 black blocs, passando pela Lagoa Rodrigo de Freitas, até a ocupação que ocorre contra o governador Sérgio Cabral em frente à sua residência, na orla do Leblon, também na zona sul, chamada ‘Ocupa Delfim’.
Acompanhados de perto por policiais militares do 23º BPM, que atuaram misturados aos manifestantes devidamente uniformizados e com identificação alfanumérica, o ato transcorreu sem confronto e interditou o trânsito apenas momentaneamente. Ocorreram somente três incidentes. Ainda na rua Jardim Botânico, um motoboy tentou forçar passagem e foi perseguido e agredido por um dos manifestantes. Quando a marcha cruzava a Avenida Padre Leonel França, no bairro da Gávea, um carro tentou se antecipar e atropelou um ciclista, que foi socorrido por manifestantes e policiais.
O terceiro incidente foi quando protestantes espalharam lixo pela Avenida Bartolomeu Mitre, já quase na orla. Uma manifestante foi levada para averiguação mas imediatamente liberada. Segundo a Polícia Militar ela teria sido pega em flagrante. De acordo com um black bloc, que não quis se identificar, ela teria sido pega por engano, enquanto os que realmente cometeram a infração teriam conseguido fugir. Ele disse que a tática de correr dos black blocs é justamente para despistar os policiais, mas que, por estes terem acompanhado muito de perto, eles não conseguiram executar seu plano de depredar grandes lojas e agências bancárias.
A cobertura da atuação dos black blocs nos protestos pela grande mídia tem se reduzido à violência. Integrantes do grupo rejeitam o rótulo de vandalismo e preferem o termo ‘performance’. Eles explicam que a depredação não é indiscriminada e tem como alvo especificamente grandes símbolos do sistema, como bancos, grandes empresas e concessionárias de carros importados, como forma de protesto contra a violência institucional. O grupo também reivindica fazer a segurança dos manifestantes pacíficos ao resistirem na linha de frente aos ataques da polícia, amortecendo-os e impedindo correria generalizada e pisoteamentos.
O tenente-coronel Mauro Andrade explica que a nova forma de atuação da polícia – de garantir a ordem e o direito constitucional à manifestação priorizando o diálogo, verificada na zona sul desde o protesto contra o governador no dia 25 de julho – é mais eficaz. Segundo Andrade, ao agir dentro da legalidade e sem cometer excessos, a polícia não fomenta ainda mais a indignação dos manifestantes mais radicais. “A raiva é compreensível, mas ninguém nasce black bloc, e sim está black bloc”, afirmou o tenente-coronel, já sentado na calçada da Ocupa Delfim.
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