Rio: Ocupa Delfim ressurge e permanece

31/07/2013 12:50 Atualizado: 13/11/2014 22:36
Ocupa Cabral na manhã de 31 de julho de 2013 (Bruno Menezes/Epoch Times)
Ocupa Cabral na manhã de 31 de julho de 2013 (Bruno Menezes/Epoch Times)

RIO DE JANEIRO – Cerca de 40 pessoas seguem ocupando nesta quarta-feira (31) a calçada da Avenida Delfim Moreira, em frente à residência do governador Sérgio Cabral, altura da Rua Aristides Espínola e Posto 12 da orla do Leblon, na zona sul do Rio. Com colchonetes e cobertores, faixas e cartazes, os manifestantes exigem o impeachment de Cabral por corrupção e improbidade administrativa e respostas sobre o paradeiro de Amarildo Souza, o pedreiro morador da Rocinha que desapareceu depois de ser levado por policiais da UPP da favela, localizada na zona sul. Havia um boato de que o Batalhão de Choque dispersaria as pessoas durante essa madrugada.

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Ocupa Delfim (Bruno Menezes/Epoch Times)
Ocupa Delfim (Bruno Menezes/Epoch Times)
Ocupa Delfim (Bruno Menezes/Epoch Times)

Os manifestantes, que estão no local desde domingo (28) à noite, pediam aos motoristas que buzinassem em apoio ao protesto. Enquanto o Epoch Times permaneceu no local, entre 7h40 e 8h40, houve buzinaço incessante e pedestres também demonstravam apoio e posavam para fotos. A ocupação é mantida por doações de manifestantes e também de moradores e comerciantes locais, que têm apoiado fornecendo mantimentos como alimentos, refeições, produtos de higiene pessoal, remédios, agasalhos e roupas de cama, e até dinheiro para ajudar com a passagem de ônibus de manifestantes, que se revezam diariamente no local.

Os ocupantes gritam palavras de ordem e falam ao megafone “Eu não aguento mais, Sérgio Cabral e Eduardo Paes”. Médicos voluntários vestidos a caráter fazem plantão e prestam assistência aos manifestantes. O enfermeiro Raul Uderman, 21 anos, conta que tem atendido em casos de malestar, lesões por dormir de mal jeito e dores de garganta e resfriados devido ao frio. “Tem feito bastante frio durante a madrugada”, diz.

O estudante de marketing Romário Barbosa, 23, conta que a maioria dos mantimentos são doados por moradores e comerciantes vizinhos do governador. “Eles trazem café, almoço e janta – arroz, barata, sopa, macarrão – e até colchão.” Segundo ele, outro objetivo da manifestação é recolher doações para os mais necessitados. “Os colchonetes e cobertores serão doados para os moradores da Rocinha e da Maré, e o alimento que sobrar será para a família do Amarildo”, revela, acrescentando que ontem forneceram refeições para dois moradores de rua.

Os manifestantes se revezam nas funções como faxina e vigília e também cantam, tocam violão e jogam futebol. Varrendo o chão e botando o lixo fora, que foi recolhido em seguida por garis sorridentes e simpáticos aos movimento, Barbosa conta ainda que os ocupantes zelam pela arrumação do local e à noite respeitam a lei do silêncio. Uma manifestante quis compartilhar seu café da manhã com o repórter do Epoch Times. Eles também realizam uma exposição de quadros.

Ocupa Delfim (Bruno Menezes/Epoch Times)
Ocupa Delfim (Bruno Menezes/Epoch Times)

Os ocupantes fizeram um altar com flores, velas e mensagens de paz para Amarildo e sua família, bateram palmas e fizeram votos. “Estamos com você, Amarildo”, “Força aí meu irmão, tudo vai ficar bem”, diziam os manifestantes, que também discutiam sobre ocupar ou não o outro lado da calçada e sobre formar comissões temáticas para melhor organizar a ocupação. “Tipo um estado paralelo”, disse Bruno Gorender, conhecido como ‘Ruivo’. “Porque aqui é o epicentro para onde convergem pessoas e demandas de toda a cidade e estado do Rio, não só da zona sul”, completou Romário, informando que tem vindo gente até de Andaraí, zona norte, e que amanhã (1) moradores da Rocinha marcharão até o local.

Ocupa Delfim (Bruno Menezes/Epoch Times)
Ocupa Delfim (Bruno Menezes/Epoch Times)

Os manifestantes também discutiam como será o revezamento para participarem do protesto que ocorre hoje à tarde na Cinelância, Centro, contra o Decreto nº 44305, que instaurou a Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas (CEIV), com poder de quebrar sigilos telefônico e cibernético de manifestantes sem ordem judicial. Policias têm feito incursões no acampamento, sem excessos até o momento. Repórteres de veículos independentes, como o Mídia Ninja, também cobrem a ocupação se revezando no local.

Os protestos na porta do governador já duram dois meses. Na madrugada do dia 2 de julho, policiais militares do 23º Batalhão destruíram o acampamento, que durou 12 dias e teve ameaças de morte por agentes da polícia, segundo manifestantes. No ano passado, manifestantes também fizeram barulho e ocuparam o mesmo ponto por 11 dias, entre 26 de julho e 5 de agosto.

Ocupa Cabral na manhã de 31 de julho de 2013 (Bruno Menezes/Epoch Times)
Ocupa Cabral na manhã de 31 de julho de 2013 (Bruno Menezes/Epoch Times)

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