“Estamos cansados de ser marginalizados. O benefício do nosso banco é que a riqueza permanecerá em nossa comunidade”
RIO DE JANEIRO – O governo do Rio de Janeiro opera desde 15 de setembro na favela “Cidade de Deus” com o Banco Comunitário e uma nova moeda própria, o CDD, do projeto social.
O modelo foi desenvolvido em conjunto pela cidade do Rio de Janeiro e pelo Departamento de Extensão para o Desenvolvimento Econômico da cidade.
É o primeiro no estado do Rio de Janeiro, e o de número 63 da rede brasileira “Banco Comunitário”.
O projeto da moeda social foi inspirado pelos parceiros sociais de divisas do Banco Palmas, fundado em 1998 no Conjunto Palmeira, um bairro pobre na periferia de Fortaleza, estado do Ceará, onde circula “A Palma”, e o modelo do município de Silva Jardim do Rio de Janeiro, que adotou “O Capivari”.
Estima-se que cada família pode economizar até 200 reais por mês com descontos recebidos através do uso de moeda social, chamada CDD.
É esperado que o consumo interno triplique em cinco anos. O nome das moedas CDD, um acrônimo da comunidade, foi eleito pelos moradores.
A menor moeda vale cerca de 50 centavos de dólar e criou-se os CDD de 1,2, 5 e 10, homenageando os moradores ilustres.
A administração estará a cargo de um comitê diretivo com representantes de instituições locais, empresas e o governo.
“Estamos cansados de ser marginalizados. O benefício do nosso banco é que a riqueza permanecerá em nossa comunidade. Vamos transformar a Cidade de Deus, uma das comunidades do Rio de Janeiro, num polo de desenvolvimento”, comenta Ana Lucia Pereira Serafin, presidente e diretora da agência do Banco Comunitário.
Além da troca de notas, o banco oferecerá linhas de crédito de investimento, em reais, para a conversão na produção e empréstimos para o consumo local e pagamento de contas em moeda social.
Bancos Comunitários serão implantados em nove outras comunidades do Rio até 2014.
Segundo o secretário Marcelo Enrique, o Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, será o próximo, com o lançamento de sua moeda previsto para o primeiro semestre de 2012.
O Banco Comunitário inicia suas operações com uma carteira de crédito de 250 mil reais, produto do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Banco do Brasil (BB) e da Caixa Econômica Federal (CEF).