Adornada num traje branco imaculado, Xinyi Cindy Liu avança no tablado, com um gesto de mãos, deixa um rastro de marfim, com lenços de paetês que ondulam, representando flocos de neve.
“Isso foi fácil, porque os lenços ainda estão em minhas mãos”, brinca ela.
Então, Liu joga o lenço, que rodopia alto no ar. Ela faz outra manobra e graciosamente encontra o lenço voando, pegando-o no momento exato.
“Você tem de jogar com o impulso e a velocidade certos”, diz ela. “E pegá-lo no ritmo da música da orquestra ao vivo, que pode ser mais rápido ou mais lento do que no dia anterior”.
A Sra. Liu diz que lhe foram atribuídas praticamente todas as técnicas difíceis que havia na dança “Flocos de neve acolhem a primavera”.
Ela completou 85 shows no palco com a companhia de dança Shen Yun Performing Arts durante a turnê de 2012 e tudo sem um único lenço cair ou embolar.
“Eu descobri alguns truques para isso. Eu tenho que realmente me acalmar antes de fazer isso, assim, eu tenho um bom ponto de partida”, diz ela. Um grande intérprete precisa ter a habilidade de manter a calma enquanto centenas de olhos observam um solo difícil.
“Isso vem com anos de experiência. Eu não fico mais tão nervosa no palco”, disse ela.
A Sra. Liu é uma bailarina principal e premiada na execução da peça “Flocos de neve acolhem a primavera”, uma das danças do programa do Shen Yun Performing Arts de 2012. O Shen Yun é uma companhia de dança clássica chinesa com sede em Nova York, que tem a missão de reviver os 5 mil anos da cultura tradicional chinesa.
A dança clássica chinesa requer aspectos mais técnicos do que o balé, incluindo uma grande variedade de acrobacias, giros e saltos.
Entre o grupo de bailarinos de nível internacional, coreógrafos acham que a Sra. Liu é particularmente forte em suas técnicas. “Eu sou normalmente selecionada para executar as técnicas”, disse ela.
Enquanto outros distintos bailarinos podem chegar ao topo trabalhando duro, Liu faz um pouco mais do que apenas praticar horas extras.
“A boa execução das técnicas não pode ser alcançada apenas por meio da prática mecânica. Você tem de pensar sobre os ângulos, as direções e a trajetória para obter o melhor resultado”, diz ela.
A Sra. Liu usa axiomas matemáticos e físicos para melhorar suas técnicas. “Descobri que para qualquer tipo de salto, o melhor ângulo de decolagem para se alcançar a distância máxima horizontal é de fato um ângulo de 45 graus.”
Ela diz que a coordenação é uma grande parte do processo. “Tenho bastante coordenação, por isso, sou boa com as técnicas. Mas eu gosto de pensar muito, assim, isso que ajuda a representar os personagens”.
Representar o sentimento por trás dos movimentos da dança é um aspecto essencial da dança clássica chinesa. Isso é expresso por meio da compostura, ou a essência da etnia chinesa, que se foca no espírito interno, na respiração, no caráter e nas profundas expressões emocionais.
A compostura está intimamente ligada a uma compreensão profunda da herança chinesa.
Além do treinamento e dos ensaios, Liu gosta de ler sobre a história chinesa em seu tempo livre. “Há tanta coisa lá que você pode nunca abarcar tudo. A leitura ajuda a aprofundar minha compreensão da cultura tradicional chinesa”, diz ela. “Há todo um processo cultural de construção dos movimentos”.
Os favoritos da Sra. Liu são os poemas clássicos chineses, particularmente os de Li Bai, que é conhecido como o maior poeta da Dinastia Tang.
No passado, o Shen Yun realizou uma dança chamada “Mangas de água”, em que os bailarinos deslizavam em leves e rosas mangas de seda, diante de um cenário digital ao fundo onde se projetava um lago sereno.
Para conjurar inspiração, Liu usou um verso de um poema de Wang Bo, escrito na Dinastia Tang, para encontrar o sentimento preciso para a dança:
“O rio de outono compartilha um tom pitoresco com o céu vasto,
O fulgor da noite faz paralelo com o voo de um pássaro.”
Coreógrafos frequentemente elogiam a Sra. Liu por seu talento e perfeição. Ela não só tem excelente controle sobre técnicas complicadas, giros e saltos, mas também domínio da compostura, que profissionais alegam ser o aspecto mais difícil de conquistar, a essência da dança chinesa.
“A arte tem tudo a ver com o aperfeiçoamento, é algo contínuo”, diz Liu. “Não há atalhos na arte, porque você sempre pode ser melhor.”
A Sra. Liu participou na Competição Internacional de Dança Clássica Chinesa da NTDTV por vários anos. Ela se distinguiu como vencedora do primeiro lugar em 2009 e 2010.
Ela coreografou muitos dos próprios movimentos e investiu incontáveis horas para ter a sensação ideal. “Sou uma perfeccionista. Eu gravo minhas apresentações e as assisto, em seguida, gravo novamente e as revejo. Eu faço isso repetidamente.”
A Sra. Liu diz que para ela “cada apresentação é diferente… Eu nunca repito a mesma coisa”, diz ela. “Há algo a aprender e melhorar em cada apresentação”.
Direitos humanos
Dentre as numerosas danças que Liu estrelou, ela disse que seu papel mais memorável foi o de uma mãe, cujo marido perdeu a vida por praticar o Falun Gong na China. O Falun Gong é uma disciplina espiritual baseada nos princípios de verdade, compaixão e tolerância. Ele foi proibido na China em 1999 e desde então milhares de pessoas foram brutalmente perseguidas.
A Sra. Liu diz que foi às lágrimas ao dançar este papel no palco. “Foi uma peça muito tocante e emocional”, disse ela. Em preparação para o papel, Liu leu extensamente os testemunhos e histórias da perseguição na China.
“Eu apenas imaginava o quão horrível seria se isso realmente acontecesse comigo”, disse ela. “Como artista, você tem de desempenhar vários papéis. É uma habilidade ser capaz de imaginar coisas e incorporá-las sem realmente tê-las vivido”.
Liu diz que coloca seu coração em cada apresentação. Ela frequentemente vê membros da audiência derramando lágrimas. “É muito emocionante, isso me faz querer fazer melhor a cada dia”.
Para mais informações, visite: ShenYunPerformingArts.org
O Epoch Times se orgulha em patrocinar o Shen Yun Performing Arts