Revelações de um agente secreto do Partido Comunista Chinês em Hong Kong

10/04/2013 15:09 Atualizado: 10/04/2013 19:02
Hung Waiseng, atual diretor da Cervejaria Yanjing de Pequim Ltda., num evento organizado pela Associação de Cuidados da Juventude de Hong Kong Ltda., um organização do Partido Comunista Chinês na qual ele também desempenha um papel de liderança (Song Xianglong/The Epoch Times)

Quando Li Sheng queria ser promovido em sua empresa – uma companhia estatal chinesa que opera em Hong Kong – ele disse a um supervisor que queria “fazer avanços politicamente”. Então, ele escreveu uma carta pedindo à liderança que lhe permitisse entrar para o Partido Comunista Chinês (PCC), com a alegação de que queria ajudar os comunistas a propagarem a “educação patriótica” em Hong Kong.

Atualmente, Li Sheng (um pseudônimo) renunciou a sua filiação ao PCC, após enxergar a natureza corrupta da organização e numa entrevista exclusiva com o Epoch Times, ele revelou as operações internas do aparato clandestino do PCC em Hong Kong.

O fato de que existe uma rede secreta do PCC em Hong Kong é um segredo aberto – mesmo o chefe-executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, seria um membro não declarado do PCC.

De acordo com a mídia dissidente Boxun, há 180 mil membros secretos do PCC em Hong Kong, citando informações da Secretaria de Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado.

Cheng Xiang, o ex-vice-editor-chefe do jornal chinês Wenwei Po, acredita que o número real seja muito maior, em torno de 400 mil.

E, ao contrário da crença generalizada, a rede secreta do PCC não foi meramente um esforço pré-1997, ou seja, antes do retorno de Hong Kong à soberania chinesa: o PCC tem desenvolvido sua rede continuamente até hoje, segundo Li Sheng.

Ele foi integrado na Companhia de Recursos da China Ltda. (CRC), um enorme conglomerado estatal chinês que teve um volume de negócios de US$ 43 bilhões em 2011. A CRC costumava ser supervisionada pelo Gabinete Geral do Comitê Central do PCC e agora está sob a Comissão de Supervisão e Administração dos Bens do Estado, tornando-a uma empresa estatal essencial na estrutura do PCC.

Como é habitual com as empresas estatais, a CRC também tem trabalhado duro para desenvolver sua rede de membros do PCC, trabalhando lado a lado com o EIRPC em Hong Kong.

Li Sheng, agora com 24 anos, emigrou para Hong Kong com sua família quando tinha 10 anos. Ele se tornou um estagiário na CRC através de um amigo de escola.

Logo após ele começar seu treinamento na empresa, ele notou que alguns dos empregados jovens desejavam promoções rápidas: um recém-formado da Universidade de Hong Kong, que não tinha antecedentes familiares notáveis, tornou-se rapidamente um oficial de Huadu, um distrito de Guangzhou, e aos 30 anos já era oficial intermediário de desenvolvimento.

Os que ascendiam rápido pelas fileiras, diz Li Sheng, tinham “acesso especial”. Curioso e invejoso, ele também quis participar.

Dinheiro e status

Foi neste ponto que Li Sheng disse a seu supervisor que queria “avançar politicamente”. Dois ou três meses depois de escrever para a liderança da empresa, Li Sheng foi chamado ao EIRPC para uma entrevista. Durante as discussões, Li Sheng teve a sensação de que eles tentavam principalmente descobrir seu passado familiar e por que ele queria participar do PCC.

Eles gostaram do que viram em sua candidatura e convocaram-no novamente em quatro ocasiões. Cada vez, ele via jovens diferentes no escritório, alguns de empresas chinesas, alguns de faculdades e universidades, todos novos imigrantes do continente.

Li Sheng lembra que um dos funcionários a entrevistá-lo foi Hung Waiseng, atual diretor da Cervejaria Yanjing de Pequim Ltda. e também um dos líderes da Associação de Cuidados da Juventude de Hong Kong, uma organização do PCC que lançou uma campanha de contrainformação e perseguição ao Falun Gong em Hong Kong.

Funcionários do EIRPC realizaram reuniões individuais e coletivas com Li Sheng e outros candidatos para estudarem seus “pensamentos” e avaliar sua compreensão do jargão carregado dos discursos oficiais do PCC. Eles também conversariam sobre os desenvolvimentos políticos em Hong Kong.

Antes de jurar à bandeira vermelha

Dois ou três meses depois, em fevereiro de 2007, Li Sheng foi orientado a ir ao Estádio Tianhe de Guangzhou para prestar juramento para se juntar ao PCC. Ele simplesmente disse a família que visitaria um amigo na cidade e não mencionou a cerimônia. Naquele sábado, ele fez o juramento à bandeira vermelha e se tornou um membro do PCC.

Havia mais de uma dúzia de pessoas presente naquele dia e todos falavam cantonês (o dialeto prevalecente no sul da China). Guangyuan, então vice-secretário do Comitê do PCC na província de Guangdong e atual vice-diretor do Comitê Permanente do Congresso Popular de Guangdong, conduziu a cerimônia.

Após voltar para Hong Kong, Li Sheng disse que o EIRPC convocava-o mensalmente para reuniões em sua sede ou outro lugar. Ele também deveria pagar mensalmente algumas centenas de dólares de Hong Kong por sua afiliação.

Mas essas reuniões, disse Li Sheng, eram sobre como atacar grupos pró-democracia em Hong Kong e como infiltrar o PCC nesses grupos. Ele disse que inicialmente apresentou muitas ideias sobre como infiltrar e minar ativistas da democracia e praticantes do Falun Gong, porque queria mostrar sua lealdade e ganhar confiança.

Continua na próxima página… Um milhão de dólares… Renunciando ao PCC… Financiando uma organização pró-PCC

[divide]