Em pessoas que sofrem de doença celíaca, o sistema imunológico reage anormalmente ao glúten, resultando em danos ao intestino delgado. Os sintomas mais comuns são problemas gastrointestinais e os mais graves incluem dores nas articulações ou ossos, inchaço na boca ou na língua, fadiga, anemia, perda ou ganho de peso.
Pesquisadores australianos obtiveram resultados promissores na redução dos sintomas da doença celíaca. Para isso, utilizaram larvas do verme Necator americanus. A infestação por esse tipo de verme, devido à falta de saneamento, é um problema nos países tropicais pobres. Estima-se que nos países pobres 780 milhões de pessoas sofrem desse tipo de infestação. É interessante o fato de que condições inflamatórias – tais como a doença celíaca, doença inflamatória do intestino, doença de Crohn e asma – são menos comuns em países em pobres, mas abundantes em nações desenvolvidas onde esses tipos de verme foram erradicados.
A eficácia desse tipo de verme no tratamento de doenças inflamatórias está na capacidade de ele redirecionar a resposta imunológica humana – uma habilidade que lhe permite viver hospedado no intestino humano sem ser eliminado, porém, sem comprometer a capacidade do hospedeiro de combater outras doenças infecciosas.
Num estudo clínico realizado durante mais de um ano, 12 participantes sensíveis ao glutén foram experimentalmente infectados com larvas do Necator americanus. Na sequência, eles receberam doses diárias de glúten aumentadas gradualmente: começaram com 0,1 grama de glutén por dia (equivalente a dois espaguete de dois centímetros) e chegaram, ao final, a uma dose diária de três gramas de glutén (equivalente a 75 espaguetes).
Quatro participantes se retiraram do estudo em etapa inicial por motivos não relacionadas ao glúten. “Os oito pacientes [que permaneceram] conseguiram aumentar a tolerância ao glúten de um fator de 60, uma grande mudança”, disse Alex Loukas, chefe do Centro de Biodescoberta e Desenvolvimento Molecular de Terapias da UJC, e um dos principais coautores do estudo.
“Ao final do estudo, os participantes da pesquisa estavam comendo o equivalente a uma tigela de tamanho médio de espaguete, mas sem efeitos nocivos”, disse o imunologista Paul Giacomin, da Universidade James Cook (UJC). “Essa é uma refeição que normalmente provocaria uma resposta inflamatória debilitante, deixando um paciente celíaco sofrendo de diarreia, cólicas e vómitos”.
Os pesquisadores pensam que a chave para essa habilidade anti-inflamatória está nas proteínas que os vermes segregam e estão se esforçando para encontrar essas moléculas protéicas com o objetivo de desenvolver uma droga anti-inflamatória eficaz no combate a doença celíaca.
Fonte: Science Daily.