Em resposta à censura, chineses abandonam mídias sociais na China

02/02/2014 11:50 Atualizado: 02/02/2014 11:50

Outrora o principal fórum de discussão e debate público na China, o Sina Weibo, uma popular plataforma de mídia social semelhante ao Twitter, está sofrendo com a campanha de censura à internet e uma queda nas postagens de mais de 70%, segundo uma nova pesquisa encomendada pelo The Telegraph.

Qian Weining e seus colegas da Universidade do Leste da China estudaram um grupo de 1,6 milhão de blogueiros do Weibo, acompanhando o número de suas postagens diárias desde o lançamento da plataforma no início de 2011 até o final de 2013.

A equipe descobriu que a amostra atingiu um pico total de 83,8 milhões de mensagens em março de 2012, pouco antes de o Partido Comunista começar sua ofensiva contra o serviço por meio da exigência dos usuários se registrarem com seus nomes reais.

O Partido prosseguiu então para acabar com as contas de ativistas, suspendendo qualquer conta que escrevesse cinco postagens “sensíveis” em dois dias. Em seguida, em junho passado, centenas de usuários foram presos por espalharem “rumores” no Weibo.

A amostra de postagens diárias no Weibo caiu pela metade apenas duas semanas após o empresário Charles Xue – que tinha mais de 12 milhões de seguidores no Weibo – ser preso em agosto sob a acusação de visitar prostitutas e mais tarde ser exibido humilhantemente na televisão estatal em algemas e num uniforme prisional para confessar ter escrito postagens “irresponsáveis”.

Outros “Big V” ou blogueiros célebres (V significa ‘verificado’; esses blogueiros têm milhões de seguidores) se submeteram a linha do Partido e limitaram sua presença online, eliminando mensagens, permanecendo quietos ou mesmo cancelando suas contas.

Observando o grupo amostral, a maioria dos usuários se tornou inativa. Apenas 114 mil ainda postavam em dezembro passado, em comparação com cerca de 430 mil que postavam em média 40 vezes quase todo dia em março de 2012, o que constitui uma queda de 73%. Queda semelhante foi observada no número de mensagens: apenas 17,9 milhões em dezembro contra quase 68 milhões em março de 2012.

Um porta-voz do Sina Weibo disse ao The Telegraph que as novas descobertas não são representativas. “O número de pessoas que se conectam todos os dias está firmemente aumentando. O número de pessoas que se conectam com menos frequência na verdade não está crescendo tão robustamente, mas isso não afeta muito a plataforma”, disse ele.

Muitos internautas mudaram para o WeChat, um aplicativo móvel para mensagens instantâneas entre indivíduos e pequenos grupos, que é mais privado e seguro.

Um usuário do Weibo comentou: “Mais e mais blogueiros estão migrando do Weibo para o WeChat, porque a censura oficial é relativamente mais fraca no WeChat. Agora, o Weibo se tornou um lugar para postar informações ‘para venda’, manter o controle sobre onde estão as celebridades e conversar sobre viagens. É lamentável!”