Responsabilidade é do governo, mas culpa é do câmbio

07/02/2013 15:16 Atualizado: 07/02/2013 20:50
Posto de gasolina (Joe Raedle/Getty Images)
Posto de gasolina (Joe Raedle/Getty Images)

O governo tem culpado o câmbio pelo desencontro entre o sonhado e o realizado: baixo crescimento da indústria, perdas da Petrobrás e recorde de enxovais de bebês comprados no exterior.

No caso da Petrobrás, os preços do petróleo no mercado internacional estão mais altos e a produção não está sendo o suficiente para abastecer o mercado interno, o que obriga a empresa a importar mais. Desta forma, com o dólar mais caro e aumento da importação, a conta não fecha mesmo. Ainda mais com o “pedido” da Presidente da República para não repassar o aumento dos custos ao preço da gasolina, para não contaminar o índice de inflação oficial.

Mas na semana passada, a Petrobrás teve que anunciar o aumento do preço da gasolina na refinaria e do diesel numa manobra amplamente aguardada pelo mercado diante da defasagem dos valores dos combustíveis no país em relação às cotações internacionais.

O problema é que os reajustes não obedecem a nenhuma regra e só são feitos quando a capacidade de geração de recursos da Petrobrás apresenta notórios sinais de deterioração. Essa política está sendo muito criticada porque sabota a política de investimentos da Petrobrás aprovada pelo próprio governo federal.

A presidente da Petrobrás, Graça Foster, tem sido corajosa desde que assumiu o cargo há quase um ano. Ela nunca escondeu os problemas da empresa e foi muito franca ao apontar a falta das soluções. O principal problema da companhia atualmente parece mais político do que financeiro. Ou melhor, o problema político pode estar causando os problemas financeiros.

A queda foi de 36% no lucro líquido em 2012, o pior resultado desde 2004. Para o quadro mudar, o dólar teria que desvalorizar muito diante do real. Como isso dificilmente vai acontecer, a Petrobrás terá que se virar com o que tem – o que não será fácil.

Graça Foster foi muito franca em admitir: “Não temos condições de aumentar a produção nacional fisicamente. Vai ser um ano difícil para a produção de petróleo, que deve ficar em 2,022 milhões de barris por dia, a média de 2012, com variações em 2% para cima e para baixo. Se me perguntarem, digo que deve ficar em 2% negativo. A produção só vai começar a crescer no segundo semestre de 2013, com novas seis plataformas que estarão trabalhando longo do ano”, disse ao G1.

Primo do “jeitinho”, culpar algum vilão para se eximir das responsabilidades ainda é um subterfúgio amplamente utilizado em nossa cultura.

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