Resistência a antibióticos tornou-se preocupação mundial

05/06/2014 07:16 Atualizado: 05/06/2014 07:16

A resistência a antibióticos passou a ser uma preocupação e problema mundial. Com base em informações coletadas em mais de 114 países, a OMS, Organização Mundial de Saúde, fez esse alerta oficial em seu primeiro relatório global sobre o problema. Não se trata de alarde ou rumores, o problema já é realidade.

Isso decorre de décadas de abuso no uso e na prescrição médica de antibióticos, além do uso extensivo de antibióticos na criação de animais de corte. Medicamentos que anteriormente tinham eficácia sobre infecções perderam-na. Isso se torna um crescente problema à medida que as bactérias desenvolvem resistência a formulações químicas que anteriormente podiam combatê-las. A última classe inteiramente nova de medicamentos antibacterianos foi descoberta há 27 anos.

Por exemplo, a gonorreia, uma doença venérea que pode levar à infertilidade e à cegueira, anteriormente tratada com sucesso por meio de antibióticos, voltou a ser uma ameaça à saúde pública. Medicamentos anteriormente considerados como o último recurso no tratamentos de doenças sexualmente transmissíveis, atualmente são usados como primeiro tratamento e já se mostraram ineficazes em alguns pacientes.

Apesar de o desenvolvimento de bactérias resistentes ter sido previsto, o uso excessivo de antibióticos acelerou esse processo. O grande problema é que quase já não há opções que substituam esses medicamentos que se tornaram ineficazes.

A Organização Mundial de Saúde alerta que a situação poderá trazer rapidamente sérias consequências para a medicina e para a sociedade se não forem tomadas medidas urgentes em todo o mundo. Antibióticos cada vez menos eficazes farão que os pacientes precisem de tratamentos cada vez mais especiais e de maior tempo de hospitalização.

Para mitigar ou lidar com o problema, a Organização Mundial de Saúde pede que sejam tomadas ações urgentes e coordenadas em escala mundial. Recomenda uma abordagem mais efetiva no tratamento de doenças. Por exemplo, a vacinação em escala mundial contra determinadas doenças contribui para a redução da necessidade de antibióticos. Outro exemplo, há exames laboratoriais que podem identificar especificamente o tipo de bactéria que causa a infecção, permitindo assim que o médico opte por tratamentos específicos, no entanto, devido à demorada na obtenção dos resultados desses exames laboratoriais, muitos médicos optam por prescrever medicamentos de amplo espectro, os quais resultam no aumento da resistência das bactérias. É importante desenvolver exames laboratoriais que forneçam informações mais rápidas.

Além disso, existem soluções básicas no dia a dia que os médicos precisam adotar como, por exemplo, sempre lavar as mãos profilaticamente depois de atender a pacientes. As pessoas também só devem tomar medicamentos quando receitados por um médico, não devem se auto-medicar.

A Organização Mundial de Saúde salientou que, em alguns países, alguns tipos de bactérias atingiram um nível de resistência de mais de 50% a medicamentos de primeira linha de combate. Como resultado, os prestadores de cuidados de saúde são frequentemente obrigados a recorrer a medicamentos que deveriam ser a última linha de combate. A dimensão disso é muito preocupante. É apenas ponta do icebergue, pois à medida que o uso global de medicamentos de última linha de combate aumenta, a resistência a eles também se acelera, agravando o problema.

Nessa tendência, em alguns anos, não haverá medicamentos alternativos disponíveis para muitas doenças. Isso resultará na perda de um avanço da medicina obtido a duros esforços no último século: os antibióticos existentes.