O número oficial de mortos do terremoto de 6,5 graus de magnitude que atingiu a província de Yunnan, no Sudoeste da China, em 3 de agosto, chegou a 617. Enquanto as vítimas do desastre têm necessidade urgente de comida, água e itens básicos, as autoridades locais têm se aproveitado para enriquecer, segundo a versão chinesa da Radio Free Asia (RFA) na segunda-feira.
O morador local sr. Li, do município de Longtoushan, em Yunnan, disse que uma garrafa de água custa 10 yuanes (US$ 1,62), um pacote de macarrão instantâneo também custa 10 yuanes e um blusa custa dois yuanes, disse a reportagem.
Esses suprimentos doados deveriam ter sido inteiramente distribuídos às vítimas locais gratuitamente. Em vez disso, os preços cobrados pela água e alimento são mais elevados do que os preços de mercado na China.
O sr. Li também indicou que alguns moradores que têm relação estreita com as autoridades locais foram capazes de receber mais suprimentos de emergência do que outros, apesar de alguns desses locais nem sequer terem sido afetados pelo terremoto.
Enquanto isso, golpes por meio de mensagens de texto que solicitam doações também têm abundado na China após o terremoto, com muitos se passando por organizações de caridade e alguns fingindo serem vítimas do desastre, segundo a mídia chinesa.
Por exemplo, uma mensagem de texto diz: “Querido doador, o terremoto causou XXX mortes em Yunnan… Precisamos de sua atenção e apoio! Por favor, visite o website XXX para doar.”
Muitos internautas chineses disseram ter perdido totalmente a confiança em organizações de caridade oficiais devido à corrupção generalizada e aos frequentes escândalos de desvio de verba.
Em 2011, Guo Meimei, uma jovem de 20 anos, posou em fotos online como uma gerente-sênior da Cruz Vermelha Chinesa e exibiu seu estilo de vida luxuoso, insinuando o desvio de donativos de caridade. Guo foi recentemente presa e confessou na emissora estatal Central Chinesa de Televisão (CCTV), desculpando-se por envolver-se em jogatina, prostituição e etc.
“Yunnan enfrentou um terremoto, mas eu não doarei dinheiro… porque as instituições mais problemáticas na China são as organizações governamentais especializadas em coletar a riqueza das pessoas”, comentou o blogueiro chinês no Weibo, uma plataforma da internet chinesa similar ao Twitter.