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Resgatando a arte tradicional chinesa – Parte 3

10/06/2014

Enquanto o Shen Yun Performing Arts continua sua turnê mundial apresentando as tradições redescobertas da antiga China, nesta série de quatro partes, o Epoch Times observa estas artes, seu atual estado na China, sua influência no mundo e a importância deste milagroso renascimento.

A China é antiga. Uma frase tão curta, mas com implicações profundas.

Civilizações vão e vêm. Elas se formam desde povos primitivos até impérios, que se desenvolvem e eventualmente se ofuscam. Algumas se transformaram em algo novo, fragmentaram-se e se distanciaram do passado, permitindo que o povo continuasse, mas resultando na dissolução da cultura. Como no Egito e Roma, o povo permaneceu em suas regiões, mas a língua, a arte, a espiritualidade e tudo mais que as distinguia mudou.

De todas as civilizações que existem hoje podemos argumentar que só a China manteve continuidade cultural. Bem, quase. Desde que o Partido Comunista Chinês (PCC) chegou ao poder sessenta anos atrás, a cultura tem estado sob ataque constante e a espiritualidade fundamental que definia a sociedade chinesa foi substituída pelo ateísmo e o materialismo.

Hoje, contudo, mesmo depois de décadas de domínio comunista e campanhas ideológicas sucessivas, o PCC nunca conseguiu erradicar totalmente a essência do povo chinês. Isso não quer dizer que seja fácil encontrá-la, mas ela conseguiu sobreviver.

Há sombras da cultura chinesa por todo o mundo, mas frequentemente a luz não pode ser vislumbrada. O regime autoritário chinês tentou recolher os vestígios da cultura chinesa que ele despedaçou e usá-la para tentar refazer a imagem de um regime notório por abusar do povo chinês. Mas seus esforços se traduzem em pouco mais do que uma perversão das autênticas tradições. Templos antes dedicados à busca da espiritualidade se tornaram atrações turísticas com formalidades religiosas de vitrine.

Poderia-se argumentar que as tradições religiosas não são permitidas de forma alguma ou que as danças tradicionais populares com temas religiosos que podem ser vistas agora mostram um ressurgimento dessas tradições na China, mas isso seria perder de vista o ponto principal: o regime só permite isto depois de ter separado a geração que carregava a essência cultural daqueles que a herdariam. Uma linhagem crucial foi interrompida e, agora, apenas a forma superficial dessas tradições pode ser encontrada em exibição na China.

O Chinascope, um grupo de pesquisa que analisa a mídia estatal controlada pelo regime chinês, notou que o Diário do Povo publicou um artigo sobre a importância de se compreender as “funções” desempenhadas por esta reemergente indústria cultural. Agora, da mesma forma como nos últimos sessenta anos, o PCC continua a usar a cultura para guiar a opinião pública e o artigo insiste que trabalhos culturais tenham uma direção avançada da cultura socialista. O objetivo dessa indústria cultural é estabelecer os “valores do centro do socialismo”, escreveu o autor. [‘Centro’ no jargão comunista chinês é a visão dos altos líderes comunistas e, em alguns casos, a de um único, como na era Mao Tsé-tung, Deng Xiaoping e Jiang Zemin.]

O Diário do Povo é o jornal oficial do PCC e sua visão é a que o regime quer promover. Essa visão é tomada como guia, definindo os limites para os que se engajam nessas atividades. Portanto, para todos os grupos que se exibem pelo mundo a mando do regime chinês, nenhum escapa desta diretiva.

Apesar de tudo isto, a incrível riqueza das artes tradicionais chinesas sobreviveu. Transportada e nutrida em países livres como os Estados Unidos, Canadá e outros, a natureza mais essencial das artes tradicionais chinesas sobreviveu e sua expressão mais notável é talvez o Shen Yun Performing Arts.

Algumas dessas tradições sobreviveram em formas alteradas, adotadas por outras culturas e usadas para aprofundar as tradições existentes; alguns grupos artísticos são estimados por todo o mundo e, no entanto, as pessoas não têm ideia de que o que estão vendo tem origem chinesa.

A ginástica é o exemplo mais óbvio. As cambalhotas e reviravoltas desta arte acrobática encantam as audiências e, no entanto, poucos percebem que entre estas estão os mais avançados movimentos da dança clássica chinesa, retirados de seu contexto chinês e transformados em competição atlética.

Outros elementos foram adotados e evoluíram. O violino, por exemplo, considerado por muitos como sendo a própria alma da orquestra, tem suas raízes nos instrumentos tocados pelos nômades mongóis, que se desenvolveram no instrumento tradicional chinês de duas cordas chamado erhu.

Mas evoluções ou adaptações são apenas reflexos; a verdadeira essência das artes tradicionais chinesas continua a ser difícil de encontrar.

O Shen Yun tem trabalhado não apenas para exibir as tradições clássicas, mas para levar também sua essência cultural para o palco. As danças transmitem histórias espirituais profundas sobre lendas que guiaram a moralidade chinesa por séculos e os bailarinos são desafiados não só a aperfeiçoarem a forma e o caráter das danças, mas a manterem a pureza de propósito quando se expressam.

O sistema autoritário atual na China tentou suprimir estas tradições, mas falhou, para benefício do mundo.

Leia também a parte 1, a parte 2 e a parte 4 desta série