Repressão violenta do ativismo em Hong Kong divide liderança da China

28/10/2014 14:42 Atualizado: 28/10/2014 14:42

A imprensa de Hong Kong reportou que uma facção do Partido Comunista Chinês (PCC) tentou manipular os acontecimentos recentes para produzir um Massacre da Praça da Paz Celestial em Hong Kong. O objetivo do derramamento de sangue seria derrubar o líder chinês Xi Jinping, segundo relatos, os quais corroboram artigos anteriores do Epoch Times.

A recém-lançada edição de novembro da revista Frontline de Hong Kong citou uma fonte em Pequim bem informada sobre os assuntos do PCC, dizendo que Zhang Dejiang, um membro do Comitê Permanente do Politburo, queria transformar a supressão dos manifestantes pró-democracia pela polícia de Hong Kong em 28 de setembro num segundo Massacre da Praça da Paz Celestial. O artigo da Frontline, que não está disponível online, foi citado pelo website chinês de notícias Aboluowang, sediado nos EUA.

Zhang é o presidente do Comitê Permanente do legislativo-carimbo do PCC, o Congresso Popular Nacional, e detém autoridade sobre os assuntos de Hong Kong e Macau. Zhang também é um aliado próximo do ex-líder chinês Jiang Zemin.

De acordo com a fonte de Pequim, a facção leal a Jiang Zemin acreditava que, se um massacre em Hong Kong ocorresse sob os holofotes da mídia internacional, isso significaria o fim do governo de Xi Jinping.

Como o Epoch Times relatou anteriormente, a facção de Jiang Zemin tem tentado se livrar de Xi Jinping desde antes que ele assumiu a liderança do regime. Parte da estratégia da facção de Jiang tem sido criar instabilidade em Hong Kong para criar problemas para Xi, conforme o Epoch Times, baseado em fontes no PCC, informou pela primeira vez em 3 de dezembro de 2012.

Mais uma vez contando com fontes no PCC, o Epoch Times informou em 2014, antes dos protestos do Ocupar Central começarem, que a facção de Jiang procurava incitar o derramamento de sangue em Hong Kong como uma forma de derrubar Xi Jinping.

Depois que a polícia de Hong Kong disparou dezenas de bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes na noite de 28 de setembro, Xi Jinping deu ordens proibindo uma repressão violenta, informou a Frontline.

A ordem vazada de Xi para o governo de Hong Kong diz: “Está absolutamente proibido abrir fogo. Não foi a lição de 4 de junho profunda o suficiente? Quem permitir atirar pode se demitir! Mesmo gás lacrimogêneo não era necessário. Que seja, se já foi usado. Se as pessoas não recuarem, deixe-as. A condição deteriorou até este ponto, e é seu trabalho descobrir como resolver o problema. No geral, nunca permita derramamento de sangue. Tente ganhar o apoio do público. Os assuntos de Hong Kong devem ser negociados com o povo de Hong Kong.”

Lin Baohua, um comentador político sênior, colunista e historiador do PCC, publicou um artigo de opinião no Taiwan People News em 25 de outubro, argumentando que as autoridades centrais não queriam um incidente sangrento em Hong Kong.

“Se Pequim não tivesse interrompido [a violência], com a natureza vilã de Leung Chun-ying [o chefe-executivo de Hong Kong], ele teria autorizado um massacre a muito tempo”, escreveu Lin. Ele disse que a falta de uma ação firme contra o Ocupar Central reflete a divisão de opiniões na liderança do PCC.

Estimulando mais protestos

A edição de outubro da revista Trend de Hong Kong apresenta uma imagem de Hong Kong que complementa a fornecida pela Frontline e por Lin Baohua.

A revista cita alguns príncipes anônimos – descendentes dos fundadores do PCC – dizendo que Zhang Dejiang era “tão maligno quanto um terrorista violento” e estava “usando Hong Kong para criar problemas para Xi Jinping”.

Xi Jinping, filho do revolucionário comunista e líder político Xi Zhongxun, é considerado um representante dos descendentes das elites da China. Muitos príncipes consideram Xi Jinping, o filho do revolucionário comunista Xi Zhongxun, um representante de seu grupo.

A revista Trend esboçou alguns dos passos que a facção de Jiang tomou para instigar os protestos pró-democracia.

Liu Yunshan, um membro do Comitê Permanente do Politburo e aliado de Jiang Zemin, emitiu o Livro Branco (uma série de diretrizes políticas) sobre Hong Kong em 10 de junho, que definiu o conceito de ‘um país, dois sistemas’ como inválido, encerrando qualquer pretensão de autonomia de Hong Kong.

A decisão do Comitê Permanente do Congresso Popular Nacional (CPN) em 31 de agosto, que negou o significativo sufrágio universal para Hong Kong, foi emitida por Zhang Dejian.

A revista Trend disse que o Livro Branco e a decisão sobre o sufrágio universal foram promovidos pela facção de Jiang para despertar raiva nos cidadãos de Hong Kong.

Em resposta ao Livro Branco, mais de 500 mil participaram na marcha de 1º de julho pela democracia. A decisão sobre o sufrágio universal desencadeou a greve estudantil de 22 de setembro, que evoluiu para os protestos de 27 de setembro e seguintes.

Um artigo na edição de novembro da revista Frontline critica Zhang Dejiang por ser “inconsequente” ao insistir que a decisão do CPN sobre o sufrágio universal era incontestável.

Durante a reunião de Zhang com a Federação dos Sindicatos de Hong Kong em 16 de setembro, Zhang afirmou que a decisão do CPN sobre a eleição de Hong Kong em 2017 era “a autoridade jurídica suprema”.

Ao fazer esta afirmação, o artigo da Frontline apontou que Zhang estava contradizendo a Lei Básica de Hong Kong, que exige que o Conselho Legislativo e o chefe-executivo aprovem alterações nas regras eleitorais para chefe-executivo.

Na semana após a declaração de Zhang, Xi Jinping falou num tom muito mais ameno numa reunião em 23 de setembro com os principais empresários de Hong Kong.

Sem mencionar a decisão do CPN sobre o sufrágio universal ou o Livro Branco, Xi Jinping disse: “A base política que o governo central reconhece para Hong Kong não mudou e não mudará. [O governo central] manterá firmemente a política de ‘um país, dois sistemas’ e a Lei Básica, apoiando Hong Kong na promoção e desenvolvimento da democracia e na manutenção da prosperidade e estabilidade.”

As declarações de Xi sobre o tema de Hong Kong eram “sérias advertências para Zhang”, afirmou a Frontline.