Repressão após outra autoimolação tibetana

07/11/2012 08:30 Atualizado: 07/11/2012 01:24
Exilados tibetanos participam de uma vigília à luz de velas em McLeod Ganj em 28 de agosto de 2012. Desde 2009, pelo menos 63 tibetanos, muitos deles monges e monjas, puseram-se em chamas. (Lobsang Wangyal/AFP/Getty Images)

Após a autoimolação de um artista tibetano, milhares de tibetanos tomaram parte nos protestos contra o domínio chinês na província de Qinghai, o que levou o Partido Comunista Chinês a mobilizar uma multidão de forças de segurança para a região.

“Logo após o incidente de autoimolação, as forças de segurança invadiram a cidade e patrulham as ruas e a situação está tensa”, disse uma fonte não identificada à Rádio Free Asia (RFA).

Autoridades da segurança chinesa advertiram os tibetanos que se reuniram a não divulgarem informações sobre a autoimolação, segundo a RFA.

Milhares de tibetanos convergiram para o local da sepultura do artista tradicional Dorjee Lhundup, de 25 anos, que colocou fogo em si mesmo no domingo em protesto contra o domínio chinês em áreas tibetanas. De acordo com a Campanha Internacional para o Tibete, um grupo de defesa dos direitos tibetanos, Dorjee Lhundup também era um fazendeiro e tinha dois filhos.

“Muitas pessoas se reuniram no local onde ele ateou fogo em si e em seguida um número de monges também foi ao local. Eles protegeram seu corpo da polícia e das tropas chinesas e trouxeram-no para o mosteiro, onde os monges e populares oraram por ele”, informou uma fonte conforme citada pelo grupo de direitos.

Desde 2009, pelo menos 63 tibetanos, incluindo muitos monges e monjas, puseram-se em chamas. A frequência das autoimolações só tem aumentado nos últimos meses.

A liderança tibetana no exílio pediu que os tibetanos que vivem na China parem esta prática, dizendo que suas vidas são preciosas demais para serem desperdiçadas desta forma. Mas alguns continuaram a se imolar.

Grupos de direitos humanos e do governo exilado disseram que as políticas repressivas da China em áreas tibetanas, incluindo a destruição da cultura, religião e língua tibetanas são as razões por que as pessoas recorrem a tais atos desesperados.

Na última sexta-feira, a comissária das Nações Unidas para os direitos humanos, Navi Pillay, pela primeira vez chamou o regime chinês para responder às preocupações dos tibetanos e às “violações dos direitos” que acionaram o aumento das autoimolações.

Ela citou um caso no início deste mês em que uma tibetana de 17 anos foi severamente espancada pelas autoridades chinesas por distribuir panfletos pedindo liberdade para o Tibete. Outros, incluindo monges, foram condenados a longas penas de prisão por distribuírem fotos, escreverem artigos e fazerem filmes relacionados à repressão comunista chinesa aos tibetanos.

Pillay reiterou as preocupações expressas pelo governo tibetano exilado sobre as autoimolações.

“Eu reconheço a intensa sensação dos tibetanos de frustração e desespero que os leva a recorrer a tais meios extremos”, disse Pillay, “mas há outras maneiras de tornar esses sentimentos claros.”

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