Repórter liberal chinês rejeita colaborar com periódico comunista chinês

03/06/2013 19:43 Atualizado: 03/06/2013 22:57
Uma conversa de microblogue entre Zhang Zhilong, um repórter do Global Times, e Wang Wai, um repórter local do China Business News (Weibo.com)

A maioria dos jornalistas tem interesse em escrever sobre as últimas exposições de injustiça mas, na China, isso pode ser um campo minado quando a ética pessoal se confronta com a linha do Partido Comunista Chinês (PCC).

Wang Wai, da mídia China Business News, recebeu recentemente um telefonema de Zhang Zhilong sobre um artigo a respeito de incompetência policial. O que começou como dois colegas jornalistas trocando favores rapidamente se transformou numa guerra de mensagens na popular mídia social chinesa Weibo após verificar-se que Zhang Zhilong trabalhava para o Global Times, uma mídia porta-voz do regime chinês.

A discussão começou com a história de Zhang Zhilong sobre seus pais terem sido atingidos por um motorista sem licença que se recusou a pagar suas contas médicas ou indenizações. Zhang Zhilong disse que queria expor a incompetência da polícia local ao lidar com o caso e pressioná-los a reexaminarem o evento.

Primeiramente interessado, Wang Wai começou a suspeitar após Zhang Zhilong relutar em informar para que jornal ele trabalhava. “Um jornal de Pequim”, disse Zhang Zhilong. Wang Wai pressionou: “Qual?” O outro respondeu simplesmente: “Somos colegas”, mas quando ele finalmente admitiu que trabalhava no Global Times, Wang Wai concluiu: “Eu não me importo” e desligou.

Os dois homens contaram suas versões da conversa nos próprios microblogues no Weibo e outros jornalistas liberais se juntaram ao debate e ao envolvimento dos internautas, com comentários criticando o jornal Global Times como “maligno”, embora alguns tenham interpretado Wang Wai como arrogante e que ele teria deixado suas opiniões políticas influenciarem sua decisão.

O website Shanghaiist opinou que Zhang Zhilong não teve coragem de abordar seus editores para deixarem-no cobrir a história ou que eles o teriam rejeitado. Mas posteriormente o Shanghaiist retraiu sua opinião, após alguém que se identificou como um editor do Global Times questioná-lo.

Um internauta de Shanghai disse a Zhang Zhilong: “Você recebe o que merece em retribuição pelos crimes que cometeu nesse jornal maligno.”

O escritor chinês Tian You postou o seguinte comentário para mais de 180 mil seguidores no Weibo: “Aos editores e repórteres do Global Times – Uma coisa é o público desprezá-los, mas outra coisa é quando profissionais na mesma ocupação também o alienam. Deixem seu emprego pelo bem de seu nome e sua família […] Eu entendo completamente por que aqueles na própria indústria não o ajudariam. Porque o Global Times canta louvores incondicionais ao Partido Comunista.”

Um blogueiro da província de Zhejiang zombou do periódico usando o tom propagandista do próprio regime. “A China está experimentando um rápido desenvolvimento, acidentes de trânsito são inevitáveis”, escreveu ele. “Temos de acreditar na sabedoria e visão dos oficiais governantes. Devemos acreditar na capacidade do governo local para lidar com esse tipo de incidente. Algumas pessoas usam truques de países ocidentais na esperança de que a mídia exagerará o incidente – mas eles não querem resolver o problema, apenas causar mais turbulência na China. Nós, o povo, não seremos enganados por tais conspirações.”

Hu Xijin, editor-chefe do Global Times, enviou essa resposta em seu Weibo: “Isso não é nada. O Global Times tem uma grande circulação. Seu website é o maior depois do Diário do Povo. Confiança ajuda as pessoas a manterem seus costumes.”

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