A China tem trabalhado incansavelmente para promover o uso de sua moeda, o renminbi ou yuan, em todo o globo. E isso tem feito progressos, inclusive na América do Norte.
No início deste mês, o primeiro-ministro canadense Stephen Harper fez um acordo para que o Canadá seja o primeiro centro comercial de renminbi na América do Norte.
Durante a visita do líder chinês Xi Jinping à Austrália, Sydney anunciou em 17 de novembro que se tornaria o primeiro centro australiano de comércio do renminbi. E Frankfurt, designada em 28 de março como o primeiro centro na zona do euro a negociar o renminbi, realizou suas primeiras operações em moeda chinesa no início desta semana, segundo um artigo da Bloomberg.
A China tem feito grande progresso na internacionalização do renminbi desde que Hong Kong se tornou a primeira cidade fora da China em 2004 onde os bancos locais podem aceitar depósitos de renminbi.
Estas plataformas de comércio do renminbi facilitarão o comércio bilateral entre a China e seus parceiros. Mais centros de comércio e negociação bilateral nos diferentes fusos horários dos principais mercados financeiros internacionais são passos necessários para que o yuan se torne uma moeda de reserva.
É claro que as autoridades chinesas desejam diminuir a dependência do dólar dos EUA como moeda de reserva mundial. Ao internacionalizar sua moeda e ganhar maior aceitação nas carteiras de reserva de bancos centrais, a China poderia então pegar mais empréstimos de investidores internacionais para financiar seus déficits públicos.
Alcance global
Joachim Nagel, membro da diretoria do banco central alemão, o Bundesbank, disse num discurso em Frankfurt em 17 de novembro: “É apenas uma questão de tempo até que o renminbi se torne uma moeda de reserva internacional”, informou a Bloomberg.
De acordo com levantamento trienal do Banco de Pagamentos Internacionais sobre os mercados de câmbio globais, o yuan teve menos de 0,1% de participação (35º no ranking) no volume de negócios do mercado de câmbio em 2001. A partir de 2013, ele comandou uma quota de 2,2% (9º no ranking).
Embora isso possa não parecer muito; em 2013, o renminbi ultrapassou o euro como a segunda moeda mais utilizada no financiamento do comércio após o dólar.
Conta de capital
Os benefícios para os parceiros comerciais da China são claros. Para as empresas estrangeiras que fazem negócios na China, a capacidade de evitar custos de transação desnecessários ao passar pelo dólar e ganhar condições de crédito mais favoráveis impulsionarão ainda mais o comércio. Os centros comerciais facilitarão o desenvolvimento de uma gama de produtos e serviços financeiros em moeda chinesa, que, além disso, ajudam a capacidade das empresas estrangeiras de fazer negócios na China.
Reguladores chineses concederam às instituições financeiras canadenses e australianas uma cota de 50 bilhões de renminbi através de seu programa Renminbi Qualified Foreign Institutional Investor (RQFII). Isso permite que os investidores comprem títulos ou ações denominados em renminbi nos mercados de capitais da China.
As medidas tomadas também permitem que o dinheiro chinês possa sair da China e migrar para o estrangeiro, diversificando-se, por exemplo, dos mercados imobiliários nacionais.
Não há dúvida sobre a posição da China como uma grande potência comercial mundial. Ela é a segunda maior economia mundial e a maior exportadora do mundo. O que é surpreendente é sua limitada integração nos mercados de capitais globais, que era parte integrante das políticas de reforma do regime chinês.
No entanto, as moedas verdadeiramente internacionais são geralmente associadas a mercados financeiros grandes, líquidos e abertos. Enquanto a China expande o alcance do renminbi em termos de moeda de comércio, ele fica muito atrás dos mercados ocidentais em termos de liquidez, estado de direito e regulação.
Se a China conseguir resolver estas questões, o renminbi poderia realmente se tornar uma moeda de reserva mundial. Se não, o yuan permanecerá o que é hoje: uma moeda utilizada para resolução de comércio.
Siga Rahul no Twitter @RV_ETBiz