Remoção da censura do Baidu é um sinal da luta pelo poder na liderança chinesa

06/06/2012 03:00 Atualizado: 06/06/2012 03:00

O logotipo do Baidu em seu edifício sede em Pequim em 22 de julho de 2010. (Liu Jin/AFP/Getty Images)Presidente chinês e primeiro-ministro prontos para virarem a balança do poder

O maior motor de busca da China entrou agora na briga política, exibindo resultados da pesquisa anteriormente censurados que revelam aspectos do drama atual na disputa de poder entre as facções da liderança do Partido Comunista Chinês (PCC).

Tal buscador da internet chinesa, o Baidu, recentemente começou a mostrar resultados para termos sensíveis relacionados com a luta política em torno de Wang Lijun, o ex-chefe de polícia da cidade de Chongqing, oferecendo aos interessados um vislumbre de como estão soprando os ventos políticos na China.

Wang fez manchetes em todo o mundo ao forçar a balança do poder político entre os altos escalões do regime chinês quando tentou desertar para consulado dos EUA no início de fevereiro.

Essa mudança de poder tem visto os membros da “facção das mãos ensanguentadas”, liderados pelo ex-líder chinês Jiang Zemin, fracassarem em sua tentativa de consolidar o controle sobre o aparato de segurança pública chinesa, uma meta fundamental em seu esforço para manter em cheque o atual líder Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao. Hu e Wen podem agora avançar com as reformas sobre a questão mais sensível na China de hoje, a perseguição ao Falun Gong.

A facção é composta por altos oficiais que eram leais a Jiang em sua campanha de supressão ao Falun Gong. Vários componentes, incluindo Bo Xilai, o ex-chefe de Wang Lijun e ex-secretário do PCC em Chongqing recém-deposto; e o czar da segurança pública Zhou Yongkang, foram promovidos por Jiang por sua zelosa dedicação em destruir o Falun Gong por todos os meios possíveis, incluindo tortura e assassinato. Também estão incluídos Luo Gan, o antecessor de Zhou; e Liu Jing, o ex-vice-ministro da Segurança Pública.

Recentemente, o Baidu parou de censurar a cobertura da NTDTV sobre os “300 bravos”. Os aldeões na província de Hebei que colocaram seus nomes reais e impressões digitais numa petição as autoridades locais pela libertação de um praticante do Falun Gong preso injustamente. Sua petição aberta é um dos vários sinais que o povo chinês está pronto para desafiar a repressão do regime comunista contra o grupo espiritual.

Outra história altamente sensível da NTDTV aparecendo agora no Baidu fala de um advogado de direitos humanos pedindo que o julgamento da facção das mãos ensanguentadas seja realizado em Pequim, uma ideia cunhada como “o julgamento em Pequim”.

Que o Baidu está agora retornando resultados com essas histórias revela que altos oficiais chineses estão trabalhando para mudar a maré na questão do Falun Gong.

Fontes bem colocadas em Pequim revelaram recentemente ao Epoch Times que Zhou foi recentemente forçado a deixar sua posição como chefe do poderoso Comitê dos Assuntos Político-Legislativos devido a alegações de ter conspirado com Bo para derrubar o suposto próximo líder chinês Xi Jinping.

O advogado de direitos humanos do Falun Gong, Zhu Wanqi, disse que uma série de eventos, da tentativa de deserção de Wang Lijun no consulado dos EUA na cidade de Chengdu, até as revelações de corrupção e acusações de traição contra Bo Xilai e Zhou Yongkang, tem enfraquecido o poder político da facção das mãos ensanguentadas. Isso significa que agora é o melhor momento para começar “o julgamento em Pequim”, que envolve trazer Jiang Zemin, Zhou Yongkang e outros à justiça. Fazer isso seria permitir que Hu e Wen ganhassem o apoio do povo chinês, reduzindo queixas públicas contra o regime, e recebendo apoio e reconhecimento internacional.

Zhu Wangqi observa que é hora de iniciar o julgamento em Pequim, porque há 13 anos, Jiang, Luo Gan, Liu Jing, Zhou Yongkang e outros oficiais seniores da facção das mãos ensanguentadas têm desperdiçado a riqueza da China com o único objetivo de perseguir o Falun Gong. O povo chinês deve assumir a liderança e iniciar “o julgamento em Pequim” para que possam escrever um capítulo redentor na história da China, disse ele.

Alguns pensam que o regime pode esperar até Zhou se aposentar após o 18º Congresso Nacional ainda este ano ou no início do próximo, antes de lidar diretamente com ele. Essa tem sido a norma nos últimos 20 anos, como altas autoridades evitando punir publicamente altos oficiais, ou seja, o círculo que compõe o Comitê Permanente do Politburo, o órgão máximo do regime político, do qual Zhou faz parte no momento.

Embora alguns tenham concluído que o PCC não purgará Zhou antes que ele se aposente oficialmente, o conteúdo desbloqueado no Baidu indica que Hu e Wen têm a intenção de trazer Jiang e Zhou à justiça.

Portanto, descartar Zhou não é de todo o objetivo final, mas sim um passo crucial num plano muito maior.

Hu e Wen são fundamentalmente diferentes da facção das mãos ensanguentadas liderada por Jiang e Zhou. Sua atitude em relação à perseguição ao Falun Gong é completamente diferente e desbloqueando notícias sensíveis sobre “o julgamento em Pequim”, Hu e Wen estão moldando a opinião pública enquanto testam a atitude das pessoas para tal movimento.

Ao mesmo tempo, Hu Jintao, Wen Jiaobao e Xi Jinping devem ter percebido que para realmente manter a estabilidade social na China, os principais culpados da facção das mãos ensanguentadas, Jiang Zemin, Luo Gan, Liu Jing e Zhou Yongkang, devem ser levados à justiça para resolver as causas da instabilidade social. Se eles não forem levados à justiça, todas as outras tentativas de reforma serão em vão. Para qualquer reforma fundamental ter lugar, os principais responsáveis por prisões arbitrárias, assassinatos e outros abusos generalizados devem ser punidos, assim enviando um sinal claro de que tal comportamento não é mais aceitável.

Dito isto, fica a expectativa se, apesar de tudo, Hu, Wen e Xi tomarão a ação necessária para realmente mudar a China e responsabilizar seus piores criminosos.

Xia Xiaoqiang é um escritor norte-americano e comentarista de assuntos contemporâneos chineses.

Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.