Remédio ancestral que remove dente sem provocar dor é utilizado na Índia

21/03/2015 22:14 Atualizado: 21/03/2015 22:14

O universo é cheio de mistérios que desafiam o nosso conhecimento atual. Em “Além da Ciência”, o Epoch Times coleta histórias sobre alguns fenômenos estranhos para estimular a imaginação e abrir a mente para novas possibilidades. Elas são reais? Você decide.

JAMMU, Índia — Uma família da cidade indiana de Jammu, no norte do país, tem a receita de um raro remédio indolor que pode remover um dente, sem anestesia ou cirurgia. Como parte de uma herança médica antiga, a família tem usado esta droga por séculos, passando a receita de geração a geração.

Rattan Singh, que trabalha em uma clínica pequena em uma rua lateral de Gumat Bazaar, na cidade de Jammu, é um dos detentores da receita.

Em um dia frio de Janeiro, Vijay Kumar, 67 anos de idade, entrou na clínica de Singh com um dente dolorido. Singh aplicou sua mistura embebida em algodão na área ao redor do dente e, dentro de um minuto, o tinha removido. Não havia sangramento ou dor. “Eu nem soube o que aconteceu”, disse Kumar.

A gengiva do paciente Vijay Kumar depois que seu dente foi removido pelo dentista tradicional Rattan Singh na cidade norte indiana de Jammu, em 4 de Janeiro de 2015 (Venus Upadhayaya/Epoch Times)
A gengiva do paciente Vijay Kumar depois que seu dente foi removido pelo dentista tradicional Rattan Singh na cidade norte indiana de Jammu, em 4 de Janeiro de 2015 (Venus Upadhayaya/Epoch Times)

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A droga é transparente como água, mas cheira muito forte. De acordo com Singh, ela pode pegar fogo como gasolina. Ele mesmo não fez a droga; ela foi feita pelo seu avô, e ele ainda tem um quarto de recipiente sobrando.

O pai e o avô de Singh deixaram a ele e seus quatro irmãos, que também têm clínicas na mesma rua, quatro remédios feitos há mais de 100 anos, os quais eles ainda estão usando. Singh é um dentista tradicional, mas seus irmãos se tornaram técnicos em próteses, e possuem certificado do governo.

“Outros possuem essa droga, mas eles mantêm isso um segredo”, disse Singh. Ele apenas a usa quando um cliente a pede, pois ele acredita que isso afetou a visão de seu pai, agora falecido.

A mesa de um dentista Bhatra na beira de uma estrada, na área Gumat Bazaar, na cidade de Jammu, Norte da India (Venus Upadhayaya/Epoch Times)
A mesa de um dentista Bhatra na beira de uma estrada, na área Gumat Bazaar, na cidade de Jammu, Norte da India (Venus Upadhayaya/Epoch Times)

História

Singh e seus irmãos são parte de Bhat Sikhs, ou Bhatras, uma comunidade cujos antepassados foram sábios e sacerdotes que viviam no rio Saraswati, entre Índia e Paquistão, que agora está seco.

Brâmanes de origem, eles se tornaram seguidores do Guru Nanak, que é o avô da religião Sikh. Um dos seguidores do Guru Nanak, o governante Raj Shivnabh, tinha um neto que se tornou poeta e erudito. Ele foi chamado Bhat Rai, ou o “Raj dos poetas”, pela sua habilidade literária, e o nome Bhatras evoluiu a partir de “Bhat Rai”. Bhat significa “bardo” em sânscrito, e os Bhat Sikhs são bardos Sikh ou estudiosos.

Hoje, os Bhatras ainda podem ser vistos nas ruas estreitas do Gumat Bazaar, sentados nas mesas pequenas, com dentes de acrílico e dentaduras antigas em exposição para atrair clientes.

Singh disse que seu pai, que veio para a região quando ela ainda era governada por um rei, também costumava atuar desta forma.

“Ele sentava-se na aglomeração pública e oferecia seus serviços para as pessoas. Lentamente, as pessoas vieram a saber sobre ele, e nós estamos levando adiante esse legado”, disse ele mostrando um velho folheto que seu pai usou para divulgar seus serviços.

Rattan Singh, um dentista tradicional na cidade de Jammu, Índia, segura uma garrafa com uma droga rara preparada quase um século atrás por seu avô (Venus Upadhayaya/Epoch Times)
Rattan Singh, um dentista tradicional na cidade de Jammu, Índia, segura uma garrafa com uma droga rara preparada quase um século atrás por seu avô (Venus Upadhayaya/Epoch Times)

Tratamento dentário acessível

Mesmo que eles trabalhem principalmente em rua aberta, não usem luvas protetoras, e algumas das suas ferramentas pareçam pertencer à loja de um carpinteiro, muitas pessoas ainda vêm a eles porque eles são acessíveis e eficazes.

“Eu tive um cliente em Delhi. Ele contou sobre mim para outro oficial de alto escalão de Maharashtra (um Estado costeiro a cerca de 700 milhas a sudoeste de Delhi), e ele veio até esta rua em Jammu para fazer o tratamento comigo”, disse Singh.

Para remover um dente dolorido, Singh cobrou de uma mulher apenas 120 rúpias (US$ 1,90).

Outra mulher abordou Singh para colocar aparelho nos dentes de sua filha. “Eu fui a uma clínica privada [de tratamento moderno] e pediram-me 21.000 rupias (US$ 33,00)”. Singh cobrou 800 rupias (US$ 12,50) pelo mesmo trabalho.

Infelizmente, para Singh, isso significa que ele não pode ganhar a vida com sua prática.

“Meu pai me disse para não enganar ninguém, então eu não posso cobrá-las quantias exorbitantes de dinheiro”, ele disse. “Já que eu não posso cobrar mais, eu não posso sobreviver praticando apenas isso”.

Ele começou um pequeno negócio de eletrônicos e sobrevive alugando propriedade no mercado principal mais próximo.

E parece que a prática de odontologia tradicional não vai ser levada adiante pela sua família por muito tempo.

Os irmãos de Singh já desistiram da prática e seus filhos não estão interessados em praticar odontologia tradicional também. Sua apatia diante de sua herança médica é também aparente, ele diz que não quer continuar a atuar mais e quer encontrar uma nova carreira em outra indústria.

Mas até lá, ele é um testamento vivo do poder da cura tradicional.