O relógio biológico

04/11/2014 01:00 Atualizado: 02/11/2014 14:51

Nosso corpo é parte do universo. Portanto, é perfeitamente natural que também acompanhe as mudanças das estações do ano, e o ciclo circadiano. O ciclo ou ritmo circadiano é o período de 24 horas de um dia, onde ocorrem as diferentes fases da luz solar, da temperatura e das condições climáticas.

Nosso organismo está adapatado a essas diferentes mudanças nos ciclos do dia e nas estações do ano, porque faz mudanças e adapatações biológicas e psicológicas  para estar em harmonia e viver de forma compatível com os diferentes estados e ambientes promovidos por estes ciclos naturais.

Para manter esse ritmo, o corpo tem um relógio biológico e, idealmente, o funcionamento de todos os órgãos e sistemas deve ajustar-se perfeitamente a esse ritmo.

Os ciclos circadianos das células são um sistema ajustado com precisão e controlado por numerosas reações hormonais e bioquímicas.

Um dos componentes-chave deste processo é a melatonina (o hormônio do sono). Se nosso relógio biológico funciona corretamente, os níveis de melatonina aumentam à noite, proporcionando um sono reparador.

Durante o dia, diminui a produção de melatonina; por isso, nesse período, nos sentimos cheios de energia e prontos para mover montanhas. Mas se o nível de melatonina é alterado, muitos processos se tornam caóticos, inclusive o ciclo de sono-vigília.

O aumento ou diminuição da melatonina é regulado pela quantidade de luz que nossos olhos captam e transmitem à glândula pineal (epífise). Nos últimos anos, os cientistas descobriram um grupo de células na retina que são ativadas pela luz e transmitem esses impulsos luminosos ao hipotálamo, o qual, por sua vez, é responsável por controlar o ritmo cardíaco. Em outras palavras, a quantidade de luz que entra pela retina define o nosso relógio biológico.

O jornal New York Times descreveu num artigo que alterações na retina devido à idade podem perturbar os ritmos circadianos. Assim, os problemas de visão dos idosos podem causar muitas doenças crônicas e condições associadas ao envelhecimento.

À medida que envelhecemos, o cristalino (a lente biológica dos olhos) adquire tons amarelados e isso faz com que passe menos luz por através dos olhos. Por isso, em geral, nossos olhos captam menos luz, especialmente a parte azul do espectro.

Os olhos de uma criança de dez anos podem absorver dez vezes mais luz azul do que os olhos de um homem de 95 anos. Aos 45 anos, o olho humano absorve apenas 50% do espectro azul de luz necessário aos ritmos circadianos.

Portanto, o estado de nossos olhos afeta o funcionamento de nosso relógio biológico. É óbvio que o processo de envelhecimento é inevitável; todavia, existem outros fatores que também influem para que os ritmos circadianos do corpo não se desviem do ciclo solar.

Por exemplo: diminuir a exposição à luz artificial durante a noite, ir para a cama na hora certa, desligar a TV, o computador e o celular ajudam muito a manter o relógio biológico do corpo em bom estado, pois a luz emitida por esses equipamentos pode desregulá-lo e, consequentemente, perturbar o sono e outras funções orgânicas.

Médicos, policiais, pilotos de naves e outros que trabalham em turnos noturnos, correm mais riscos de perturbar seus ritmos circadianos. Portanto, o melhor é evitar trabalhar à noite.

Viajar para regiões com fusos horários diferentes também pode levar à insônia e causar problemas de saúde, devido ao desequilíbrio dos ritmos circadianos.

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Kirill Belan, Epoch Times