“A descoberta que você e seu amigo acordaram do mesmo sonho pode parecer incrível”, disse o parapsicólogo James Donahoe em uma entrevista realizada em 1975 com a Psychic Magazine. “Mas o meu estudo sobre tais eventos, sonhos em comum, sugere que eles podem ser mais comuns do que as pessoas imaginam.”
Não só as pessoas relatam vivenciar os mesmos ambientes e circunstâncias em sonhos, mas elas também afirmam ter interagido com outros.
Gêmeos compartilham sonhos
Gêmeos podem ser especialmente propensos a compartilhar sonhos. O Dr. Patrick McNamara, um professor de neurologia associado à Faculdade de Medicina de Boston e autor de inúmeros livros e artigos sobre a ciência dos sonhos, comentou em um post em seu blog sobre casos de gêmeos compartilhando sonhos. Ele citou os dois exemplos a seguir do livro sobre gêmeos de Susan Kohl.
1. “Nós estávamos andando por uma floresta primitiva. Pterodátilos gigantes pegaram Rick e eu; estávamos gritando. Eu pude ver Rick na boca do pterodátilo”, disse um dos gêmeos. Este gêmeo contou ao outro sobre o sonho na manhã seguinte. “Então eu olhei para Rick na mesa do café e ele ficou com uma aparência pálida em seu rosto. Ele teve o mesmo sonho algumas noites atrás”.
2. “Nesta noite em particular eu dormi na cama da minha irmã mais velha e Sarah (minha irmã gêmea) dormiu na cama da minha mãe. Quando minha irmã mais velha, Carrie, chegou em casa, eu acordei e me deparei com ela em cima de mim rindo. Ela disse que eu estava sonhando, mas eu estava na realidade em um estado entre o sono e a consciência. Eu estava freneticamente procurando os ‘papéis’ que eu precisava. Enquanto eu ria com ela eu ainda lembrava da importância de encontrar esses papéis. Quando minha mãe acordou Sarah na mesma noite, ela teve exatamente o mesmo sonho e elas se encontraram na mesma situação dos ‘papéis’.”
McNamara comentou: “Esses tipos de fenômenos dos sonhos não são incomuns para gêmeos. Se você falar com praticamente qualquer gêmeo sobre este tipo de coisa eles provavelmente vão contar alguma experiência surpreendente.”
Ele disse que não sabe de nenhum estudo sobre o assunto, e surpreende ele o fato disso não ser um tópico mais popular para pesquisa. Alguns dos gêmeos que relataram tais experiências vivem a longas distâncias um do outro, e não poderiam ter sonhos semelhantes devido a experiências similares que vivem quando acordados, ele disse.
Amigos vêm um ao outro em sonhos
Na universidade de Pittsburgh, os alunos de uma turma de estatística foram convidados a contar as coincidências mais marcantes em suas vidas. Um aluno relatou um sonho compartilhado: “Eu experimentei uma coincidência há alguns meses atrás com uma amiga minha. Eu acordei em uma manhã depois de ter um sonho estranho, e quando eu fui contar a ela sobre isso, ela disse que teve exatamente o mesmo sonho. Em meu sonho, eu entrei em uma sala escura, acendi uma única luz, e vi minha amiga sentada em uma cadeira olhando para mim. No sonho da minha amiga, ela estava sentada em uma sala escura e me viu entrar na sala e ascender a luz. Minha amiga e eu tivemos o mesmo sonho mais cada um com sua perspectiva individual. Essa foi a coincidência mais estranha que já experimentei.”
Akeleie, um usuário do Reddit, descreveu um sonho semelhante que ele compartilhou com outra pessoa: “Na faculdade, uma vez sonhei que eu estava em minha casa olhando para a floresta e meu colega de classe estava lá olhando para mim. No dia seguinte na faculdade, ele se aproximou de mim e me contou sobre o sonho que ele teve.”
“Ele sonhou que ele estava em pé na floresta olhando para uma casa e me viu através da janela olhando para ele.”
“Eu não contei a ninguém sobre o sonho antes dele me contar isso; eu achava que o sonho não tinha nada de especial até eu perceber que tinha tido o mesmo sonho que ele.”
Sonho em grupo
Uma iniciativa chamada ‘The Lucidity Project’ fez experiências com sonhos em grupo por volta de 1980. Os membros disseram que foram capazes de alcançar um certo nível de comunicação em sonhos. Um dos membros, Linda Magallón, relata alguns sonhos em um artigo intitulado “Mutual Lucid Dreaming”.
Por exemplo, ela pensou ter visto Eric Snyder, um colega do projeto, em seu sonho uma noite. Mas, ao mesmo tempo, ele se parecia com seu irmão Ken, e quando ela falou com ele, ele murmurou que seu nome era Jeremy Taylor.
Quando ela recebeu os relatos dos sonhos que os outros tiveram naquela noite, ela viu o que Snyder relatou. Ele disse que interagiu em seu sonho com Magallón e outros dois membros do grupo. Magallón não era familiarizada com estes dois outros membros, embora Snyder os conheça. Seus nomes eram Ken Kelzer e Jeremy Taylor.
Seria o sonho uma linguagem primitiva que podemos aprender?
A ideia de sonho telepatia remonta a época de Demócrito (460-370 a.C.), escreveram os psiquiatras Montague Ullman e Jon Tolaas, no jornal “Comunicação extra-sensorial e sonhos”.
Eles explicam que muitas culturas consideram que as pessoas possuem poderes telepáticos em sonhos. Eles também afirmam que o famoso psicólogo Sigmund Freud “sugeriu que a telepatia pode ser um tipo protótipo de linguagem, uma linguagem que vem antes da linguagem”.
“Os chamados povos primitivos podem ter preservado alguns destes meios arcaicos de comunicação”, escreveram eles.
Stephen Laberge, Ph.D, expressa uma ideia similar em um jornal de 1990 publicado pela American Psychological Association. Laberge estudou sonho lúcido (quando sonhadores são conscientes de que estão sonhando e são até capazes de controlar o sonho).
Ele escreveu: “[Podemos comparar] sonhos lúcidos com outra habilidade cognitiva. Todos os adultos normais falam e entendem pelo menos um idioma. Mas quantos falariam se eles nunca fossem ensinados? Infelizmente, nesta cultura, com poucas exceções, não somos ensinados a sonhar.”