Relatório: Câncer de pulmão dispara em Pequim

27/11/2012 21:14 Atualizado: 27/11/2012 21:14
Um homem atravessa uma passarela sobre o tráfico fumacento de Pequim em 26 de outubro de 2012 (Ed Jones/AFP/Getty Images)

Um relatório recente mostrou que a taxa de câncer de pulmão na área metropolitana de Pequim aumentou em 56% na última década e agora é a principal causa de tumores malignos, com muitos chineses usuários de mídias sociais culpando a má qualidade do ar por este aumento alarmante.

O Departamento Municipal de Saúde de Pequim (DMSP) divulgou os dados que mostram o aumento entre 2001 e 2010, informou na segunda-feira a mídia estatal Diário Jovem da China. Um porta-voz da agência governamental disse à publicação que a causa de câncer de pulmão foi atribuída principalmente ao tabagismo.

No entanto, os números oficiais sugerem o contrário, já que o percentual de homens chineses que fumam diminuiu substancialmente nos últimos anos, segundo o relatório oficial ‘Pesquisa Nacional do Consumo de Tabaco entre Adultos na China de 2010’. Ele mostra que houve um declínio constante de mais de 5% no consumo entre os homens de 15 a 69 anos entre 1996, quando 33,7% fumavam, e 2010, quando 27,9% fumavam.

O DMSP admitiu que a poluição do ar é um fator, mas ressaltou que o fumo foi a causa, segundo o diário.

Pequim e outras cidades chinesas têm desenvolvido uma reputação de serem constantemente atormentadas pela má qualidade do ar. Em março, o nevoeiro extremo que foi atribuído à poluição do ar atrasou voos que chegavam e saíam de Pequim, enquanto uma espessa camada de nevoeiro amarelo desceu sobre a cidade de Wuhan em junho. Na época, muitos especularam que a causa era a poluição.

Frequentemente, a embaixada dos EUA em Pequim descreve os níveis da qualidade do ar da cidade como “perigoso” ou “muito insalubre” para pessoas sensíveis, fornecendo os números em sua conta no Twitter.

O usuário ‘Jingyan_melodia’ do serviço chinês Sina Weibo comentou, “O aumento no câncer de pulmão é claramente devido à poluição ambiental, no entanto, eles culpam o fumo. O número de pessoas que fumam diminuiu, especialmente em público.”

Outras mídias sociais chinesas concordaram que o número de fumantes diminuiu. “Que chocante! Este número nem mesmo inclui a população flutuante. Temos de evitar que nosso ambiente fique pior, custe o que custar”, disse Wang Huiyao, que dirige o ‘Centro para a China e a Globalização’, sediado em Pequim, via Weibo.

Wang Huiyao acrescentou, “Nos últimos 10 anos, o número de fumantes e áreas para fumantes diminuíram; por que as taxas de câncer de pulmão aumentaram tanto?”

O governo de Pequim anunciou em outubro uma operação teste de monitoramento de partículas finas no ar usando a métrica PM2.5, que mede partículas menores do que 2,5 micrômetros. Zhao Yue, vice-diretor do Centro de Monitoramento Ambiental Municipal de Pequim, admitiu que partículas finas de poluição – o tipo que provavelmente penetra as áreas de troca gasosa do pulmão – estariam excedendo PM2.5 há um longo tempo, informou a mídia estatal Xinhua.

Hao Jiming, reitor do Instituto de Pesquisa de Engenharia Ambiental da Universidade Tsinhua, disse à Xinhua que Pequim nem sequer atingiu as normas abaixo de PM10, uma métrica que mede partículas no ar menores que 10 micrômetros, acrescentando que a cidade chegará a esse nível em torno de 10 anos.

“PM2.5 é parte de PM10. Como PM10 nunca foi alcançada, será ainda mais difícil chegar a PM2.5”, disse Yu Jianhua, diretor da Administração Atmosférica do Departamento de Proteção Ambiental Municipal de Pequim. PM10 é um dos quatro maiores poluentes do ar em Pequim.

Em junho, o regime chinês disse à embaixada dos EUA em Pequim que parasse de atualizar os dados de qualidade do ar da cidade por meio de sua conta no Twitter, que tem mais de 35 mil seguidores. O regime alegou que as atualizações contrariavam os regulamentos chineses.

Muitos analistas têm apontado o rápido crescimento econômico da China como causa da poluição recente e de desastres ambientais, provocando agitação contra oficiais chineses. Durante o verão, cerca de 20 mil pessoas protestaram contra um projeto de tubulação perto de Shanghai, invadindo a sede do governo em Qidong e rasgando a camisa do prefeito.

Com reportagem de Jack Phillips.

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