Relação de negócios China-EUA em risco

24/10/2012 20:11 Atualizado: 30/10/2012 20:16
Competição não está em causa nesta disputa EUA-China
Um sinal da Cisco em frente da seda de empresa em San Jose, Califórnia, em 10 de agosto de 2011. A Cisco, uma das maiores empresas de tecnologia dos EUA, tem estreitas relações com o regime chinês. (Justin Sullivan/Getty Images)

O mundo está bem consciente das desvantagens competitivas e das táticas de distorção comercial que enfrenta ao lidar com o mercado do regime chinês. Citando uma série de relatórios de especialistas em China, a mídia deixou bem claro que, basicamente, todas as empresas chinesas estão em dívida com regime chinês de uma forma ou de outra e, portanto, todos os concorrentes internacionais da China estão em desvantagem.

A mídia, a academia e instituições de pesquisa têm escrito sobre as violações da China de acordos da Organização Mundial do Comércio, bem como sobre as estratégias mercantilistas do regime, programas de subsídios sem precedentes, trabalho forçado, manipulação da moeda, pirataria dos direitos de propriedade intelectual e roubo de segredos comerciais.

Ao fornecer subsídios injustos aos fabricantes de autopeças, Pequim está “ilegalmente restringindo as exportações de matérias-primas cruciais que os fabricantes de peças estrangeiras necessitam para se manter competitivos”, reportou o website do Wall St. Cheat Sheet no início deste ano. Mas, neste momento, a disputa não é sobre as violações de comércio que ameaçam 1,6 milhão de empregos dos EUA na indústria automobilística num momento em que milhares de norte-americanos estão desempregados.

O conflito é devido ao regime chinês ter dado um passo adiante na espionagem. Aparentemente, o regime ordenou a seus exportadores que forneçam meios para facilitar a espionagem industrial e a sabotagem eletrônica de “infraestruturas críticas nos Estados Unidos e em outros países industrializados”, segundo um artigo de julho no website WND Money e da autoria de F. Michael Maloof, um escritor do WND/G2Bulletin e ex-analista sênior de política de segurança do Departamento de Defesa dos EUA.

O artigo de Maloof sugere que duas empresas chinesas, a Huawei Technologies Co. Ltd. e a ZTE Corp., incorporam componentes em redes sem fio que permitem que o regime chinês obtenha segredos comerciais, de segurança nacional e outras informações confidenciais sem que aqueles que estão sendo monitorados descubram.

“Um relatório publicado em março pela Comissão Econômica e de Revisão de Segurança EUA-China do Congresso estadunidense também alertou que a Huawei e a ZTE foram exemplos de empresas de alta tecnologia que o governo chinês poderia usar para entrar remotamente em sistemas de telecomunicações e computadores ligados a eles para ganhar acesso não detectado a dados sigilosos”, afirma Maloof em seu relatório.

Especialistas em China sugerem que a disputa mais recente destaca a corda bamba em que as empresas e governos andam ao fabricarem produtos na China ou quando incluem fornecedores chineses em sua cadeia de abastecimento.

“Naturalmente, cada ambiente de negócios tem alguns riscos. Mas para muitas empresas, os riscos operacionais na China são o mais complexo de todos”, sugere uma entrada no website Industry Week em setembro de 2010.

Avaliação do risco total impossível

Em 8 de outubro, um alerta foi emitido pelos membros do Comitê de Inteligência dos EUA na forma de um anúncio intitulado “Presidente Rogers e o membro Ruppersberger avisam empresas norte-americanas que fazem negócios com a Huawei e a ZTE para ‘usarem outros fornecedores’”.

O comitê divulgou um relatório no mesmo dia, dizendo aos reguladores dos EUA para pararem fusões e aquisições envolvendo as empresas chinesas mencionadas.

A decisão do comitê de vir a público com um relatório e comunicado de imprensa foi baseada em preocupações significativas que todos os equipamentos produzidos pela Huawei e ZTE poderiam ser manipulados pelo Estado chinês para ganhar informações da segurança nacional e de propriedade de empresas.

Representantes de ambas as empresas compareceram perante o Comitê de Inteligência. No entanto, após horas de interrogatórios e pedidos de informações mais detalhadas, nada foi fornecido que aliviasse as preocupações dos membros do comitê.

O congressista Frank R. Wolf emitiu a seguinte declaração em seu website em 8 de outubro, “A relação da Huawei e da ZTE com o Exército da Liberação Popular chinês é muito opaca para permitir que elas controlem e comandem as redes de telecomunicações dos EUA. Sua obstrução à investigação do comitê demonstra ainda mais que elas não são parceiras confiáveis do governo dos EUA e da comunidade empresarial.”

Além disso, a informação foi entregue ao Comitê de Inteligência por especialistas da indústria e ex-funcionários da Huawei, que apontaram para a violação da lei dos EUA e o abuso de padrões internacionais de negócios. O comitê não aprofundou essas informações, mas passou-as para agências pertinentes do governo dos EUA para mais investigações.

“Os sistemas do governo dos EUA, particularmente sistemas sensíveis, não devem incluir equipamentos da Huawei ou da ZTE, incluindo partes de componentes. Da mesma forma, contratados do governo – particularmente aqueles que trabalham com contratos para programas sensíveis dos EUA – devem excluir equipamentos da ZTE ou da Huawei em seus sistemas”, recomendou o relatório do Comitê de Inteligência.

Negociações com empresas chinesas restringidas

“O governo dos EUA bloqueou vários contratos e acordos de aquisição entre empresas norte-americanas e fabricantes de equipamentos chineses, geralmente de forma indireta”, afirma Lee Ratliff, analista da empresa de inteligência de mercado iSuppli IHS, num comunicado de imprensa em 8 de outubro.

Ratliff sugere que, apesar de ter gasto dinheiro e tempo para desenvolver o relacionamento, um grande número de empresas norte-americanas estão hesitantes em usar a Huawei ou a ZTE em sua cadeia de suprimentos, pois qualquer negócio poderia cair por objeção do governo dos EUA.

Preocupações sobre espionagem e ciberataques não vem apenas nos Estados Unidos, mas também do governo indiano, que bloqueou as compras da Huawei e da ZTE desde 2010.

De maneira geral, o relatório do Comitê da Inteligência “poderia resultar em mais um revés para os esforços da Huawei e da ZTE de penetrar no mercado norte-americano no futuro”, sugere o comunicado da iSuppli IHS.

Lucro não corre risco

“A Huawei e a ZTE não veriam suas vendas caírem apesar da ação do governo dos EUA”, segundo o comunicado da iSuppli IHS.

A proibição recomendada pelo governo dos EUA sobre as compras das duas empresas não prejudicará as vendas das duas empresas estatais chinesas, já que ganharam um grande número de contratos de empresas europeias.

Vindo atrás de Nokia Siemens Networks B.V. (10 bilhões de dólares), sediada na Finlândia, e da Telefonaktiebolaget LM Ericsson (9,7 bilhões de dólares), baseada na Suécia; a Huawei estava em terceiro lugar entre os fornecedores de equipamentos de infraestrutura sem fio em 2010, mas saltou para o primeiro lugar no fim do terceiro trimestre de 2011 com 8,9 bilhões de dólares.

“A Huawei, durante os primeiros nove meses de 2011, tornou-se a maior fornecedora do mundo”, segundo o comunicado iSuppli IHS.

Escolhas limitadas

“Este é um mercado que a Nortel e a Lucent costumavam dominar e eu acho que a indústria de tecnologia dos EUA deveria estar constrangida pela forma como deixaram este mercado escapar rapidamente”, afirma um artigo de 10 de outubro no website NetworkWorld.

Há muito poucos fabricantes de equipamentos de comunicação para produtos que são necessários para construir uma rede sem fio 4G em todo o mundo e nenhum é uma empresa norte-americana. As empresas são Huawei, ZTE, Ericsson e Alcatel-Lucent (baseada na França).

A empresa norte-americana “Cisco, com a aquisição da Starent [uma empresa baseada em Massachusetts], é a mais próxima, mas há algumas lacunas em seu portfólio”, segundo o artigo do NetworkWorld.

O problema em usar a Cisco na cadeia de abastecimento de produtos norte-americanos são os estreitos relacionamentos comerciais com o regime chinês. “A Cisco tem centenas de ‘rede acadêmicas’ que treinam milhares de engenheiros de rede na China anualmente”, afirma o artigo do NetworkWorld.

“O investimento da Cisco na China totaliza 8,5 bilhões de dólares desde 2002. Em 2007, a empresa anunciou que investiria 16 bilhões de dólares na China, principalmente em P&D, bem como em aquisição de educação”, disse um artigo no website oficial da província de Hubei, China.

Epoch Times publica em 35 países em 19 idiomas.

Siga-nos no Facebook: https://www.facebook.com/EpochTimesPT

Siga-nos no Twitter: @EpochTimesPT