Reino Unido vende ativos para estrangeiros

05/11/2013 10:30 Atualizado: 05/11/2013 11:03

O fato de o governo britânico estar vendendo muitos dos ativos do país está perturbando muitos britânicos, especialmente quando se trata dos setores estratégicos do país.

Mas muitos que criticam as vendas de ativos britânicos foram criticados como estando atrás dos tempos e de serem “xenófobos, fora de contato com a realidade da economia globalizada moderna”, segundo um artigo de 2012 no MailOnline.

Convidando empresas chinesas

O chanceler britânico do Tesouro, George Osborne, anunciou em 17 de outubro que as empresas chinesas podem investir e participar no desenvolvimento da energia nuclear no Reino Unido.

“O investimento de empresas chinesas no mercado de eletricidade do Reino Unido é bem-vindo, desde que possa atender a nossas rigorosas exigências regulatórias e de segurança”, disse Edward Davey, secretário de energia britânico, num comunicado de imprensa.

De acordo com os adversários do acordo, uma nova usina nuclear enfrenta vários problemas. As pessoas em geral não são a favor da energia nuclear, devido aos riscos inerentes e também porque as empresas estatais do regime comunista chinês estão envolvidas no projeto.

Além disso, os investidores estrangeiros embolsarão os lucros, enquanto o contribuinte britânico pagará pela construção, segundo o especialista em energia Dr. Paul Dorman do University College, de Londres. “Eu não acho que qualquer um de nós possa garantir o futuro comportamento do governo chinês. Muitos outros países se recusariam a um contrato como esse”, disse Isabel Hilton, editora do Chinadialogue.net.

Nem todo mundo é crítico sobre o projeto nuclear. Os defensores do projeto afirmam que o negócio não apenas fornecerá energia limpa ao povo britânico, mas que o custo de construção da nova fábrica também sairia dos bolsos de investidores estrangeiros e não dos contribuintes britânicos.

Enfraquecimento do controle democrático

Assim como em qualquer outro lugar, há britânicos que dizem que para ser um membro da sociedade internacional, é preciso abrir mão de ativos, como outros países têm de abrir mão dos seus quando os britânicos os compram. Quid pro quo.

No entanto, é importante que um equilíbrio seja encontrado, em que o Reino Unido conserve poder sobre seu futuro, disseram alguns consultores de mercado.

“O Reino Unido tem vendido uma quantidade considerável de suas principais indústrias e recursos para proprietários estrangeiros. Isso enfraqueceu o controle democrático da indústria, inflou nossa taxa de câmbio e minou seriamente nossa base de produção”, afirma um artigo de 2013 no website OurKingdom.

De acordo com o CITY A.M., os investidores estrangeiros detêm agora 53,2% das ações em circulação em empresas do Reino Unido. Em 1998, estrangeiros detinham apenas 30,7% das ações do Reino Unido.

Cerca de 50 anos atrás, investidores individuais detinham metade de todas as ações em circulação, enquanto que em 2013 apenas 10,7% dos cidadãos do Reino Unido tinham ações de empresas do Reino Unido. Além disso, ações do sistema previdenciário do Reino Unido diminuíram de 21,7% em 1998 para 4,7% em 2012, enquanto empresas de seguros do Reino Unido passaram a deter 6,2%, uma diminuição drástica dos 21,6% de 14 anos atrás.

Não é apenas a posse de ações, mas as patentes mostram a mesma tendência, diz o artigo do MailOnline. No ano passado, os investidores estrangeiros detinham 39% das patentes do Reino Unido, enquanto em comparação eles detinham apenas 11,8% das patentes dos EUA.

Ativos britânicos em posse de estrangeiros

Muitas marcas populares britânicas não são mais de cidadãos britânicos.

Entre as empresas de alimentos, a Branston Pickle, um empresa britânica popular, foi assumida pela empresa japonesa Grupo Mizkan no final de 2012, segundo relatos da mídia.

Uma grande perda para a Grã-Bretanha foi a fabricante de chocolate Cadbury, que agora é de propriedade do conglomerado americano Kraft Foods Group Inc. após uma aquisição hostil, e a produção foi transferida para a Polônia.

Os ônibus que circulam na Praça Trafalgar em Londres são de propriedade da empresa alemã Deutsche Bahn. A Bentley Motors Ltd. é uma subsidiária da Volkswagen AG, uma fabricante alemã de automóveis, e a Rolls-Royce agora é parte da BMW.

A lista de ex-empresas britânicas pertencentes a empresas estrangeiras é longa. Algumas das aquisições foram indolores, enquanto outras trouxeram perdas de emprego e de arrecadação de impostos, quando os ativos foram transferidos para terras estrangeiras.

O artigo do MailOnline perguntou: “É este o preço que todas as nações têm que pagar por um mundo cada vez mais globalizado? De forma alguma – de fato, o Reino Unido é o único a ter uma atitude tão radical em vender suas joias da coroa.”

Reino Unido, número um na Europa quando se trata de IED

Os investimentos estrangeiros diretos (IED) em ativos no Reino Unido, como a compra de ações e a compra ou detenção de patentes continuarão enquanto o governo do Reino Unido não impor barreiras. O Reino Unido foi o principal destino da Europa para IED em 2012, com 697 investimentos, disse um relatório de 2013 da Ernst & Young.

Quando se trata da entrada de investimentos, Ernest & Young diz que o Reino Unido é um dos países mais populares de IED para as empresas chinesas. No entanto, é preciso ter em mente que “o ambiente do Reino Unido é tão estranho para a maioria das empresas chinesas quanto o mercado chinês é estranho para a maioria das empresas britânicas”.

Para os chineses, o fascínio do mercado do Reino Unido é que eles têm a oportunidade de comprar “marcas, inovação tecnológica e know-how”, segundo a Ernst & Young. No entanto, o IED chinês diminuiu em 13,2% em 2012, em relação a 2011, de um total de 144-125 investimentos.

Emprego de atividades relacionadas a IED aumentaram apenas 1,4%, de 29.688 postos de trabalho em 2011 para 30.311 postos de trabalho em 2012.

Os investidores estrangeiros são atraídos para o Reino Unido, pois ele é um dos países mais fáceis de fazer negócios. No entanto, muitos britânicos sentem que países estrangeiros não retribuem e impõem barreiras que dificultam investir lá. Até agora, os britânicos não responderam na mesma moeda e mantêm um ambiente de investimento aberto e amigável. O Reino Unido está aberto para negócios.