As autoridades chinesas estão reprimindo os peticionários em Pequim, posicionando milhares de voluntários com braçadeiras-vermelhas em toda a capital e intensificando a vigilância e perseguição de dissidentes conhecidos a caminho do 18º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês (PCC), marcado para novembro e quando a mudança da liderança que ocorre uma vez a cada década se efetivará.
Pelo menos 90.000 “limpadores” foram enviados para as ruas de Pequim, em parte para garantir que os ativistas dos direitos não se reúnam em locais públicos, e a presença policial foi reforçada, segundo a Rádio Som da Esperança (SOH), uma mídia em língua chinesa baseada em São Francisco, EUA.
“Há senhoras idosas usando braçadeiras vermelhas observando cada estação e rua em Pequim”, disse um morador de Pequim à SOH em 2 de outubro. Idosas recrutadas pelo regime seguram bandeiras vermelhas e circulam ao redor em bate-papo fora das estações de ônibus, nos prédios de apartamentos e nas ruas, disse ele.
“É pedido às pessoas que mostrem suas identificações no metrô, se você parecer suspeito ou tiver vindo de algum outro lugar”, disse uma moradora de Pequim.
Em 26 de setembro, a polícia da capital começou uma operação de grande escala dando batidas em residências temporárias de peticionários em Pequim. Eles obtiveram um número de endereços por meio de informantes e despacharam peticionários para um centro de detenção antes de entregá-los às autoridades locais para serem transportados de volta para suas províncias de origem.
Peticionários chineses viajam de todo o país para a capital em busca de reparação por injustiças que não puderam ser resolvidas a nível local. O sistema, uma variação do que existia nos tempos pré-modernos, pretende ser uma saída para o sistema jurídico, que pode ser facilmente manipulado por oficiais do PCC a nível local. No entanto, muito poucos casos apresentados à Secretaria de Cartas e Chamadas, onde peticionários apresentam suas queixas, são de fato solucionados e os indivíduos que buscam justiça são regularmente marginalizados, detidos, abusados e maltratados pelas forças de segurança do regime.
As autoridades locais de diferentes províncias da China são responsáveis por repatriar os peticionários que viajam a Pequim de volta para suas respectivas províncias.
Peticionários não são os únicos alvos das autoridades do PCC. Dissidentes notáveis, como o ativista Hu Jia, que já foi preso e foi manchete em certo momento nos jornais fora da China, foi colocado sob estrita vigilância.
Hu Jia não pôde visitar seus pais no Festival de Meados de Outono recente e sete ou oito policiais o observam ou permanecem estacionados perto de sua residência em todos os momentos, disse ele numa entrevista recente com a SOH.
A vigilância se estende a um grau quase cômico. “As câmeras de segurança viram conforme eu vire, então, onde quer que eu me mova, serei monitorado pelas câmeras”, disse ele na entrevista.
“As câmeras de segurança estão conectadas a agências de segurança pública. Novas e modernas tecnologias são abraçadas com o objetivo de ‘manter a estabilidade social’ a tal ponto que o espaço pessoal é invadido. O regime chega a tal ponto para se manter no poder”, disse ele.
A frase “manter a estabilidade social” é um slogan genérico usado pelo regime para justificar as ações tomadas para suprimir os direitos dos cidadãos chineses, segundo pesquisadores das condições de direitos humanos na China.
Mao Hengfeng, uma ativista de Shanghai e defensor dos direitos humanos, foi detida em 30 de setembro numa parada de ônibus em Pequim, segundo seu marido Wu Xuewei em entrevista à SOH.
Policiais à paisana simplesmente a levaram da rua e depois de detê-la por dois dias a levaram para um centro de detenção à 1h da madrugada em 2 de outubro. Colegas ativistas também foram detidos, tudo em nome de evitar perturbações no congresso convocado pelo Partido Comunista.
A transferência do poder do PCC cuidadosamente orquestrada deveria demonstrar a estabilidade e a natureza institucionalizada da liderança comunista, que não teria qualquer restrição externa ao seu poder. Mas, ao invés disso, a transição e a liderança foram marcadas este ano por uma série de escândalos, começando com a deserção de Wang Lijun, o chefe de polícia de Chongqing, e, em seguida, a saga de Bo Xilai, que ainda tem de ser concluída.
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