Muitas mídias de Hong Kong têm seguido a linha do Partido Comunista Chinês na cobertura dos protestos pró-democracia na cidade. Na China continental, a mídia estatal tem descrito o movimento Ocupar Central como ilegal e destrutivo para Hong Kong, e resultado da interferência estrangeira.
Em geral, a mídia mundial tem elogiado os estudantes por serem educados, pacíficos e ordeiros, e condenou a polícia de Hong Kong por usar gás lacrimogêneo e spray de pimenta para dispersar os manifestantes pacíficos em 29 de setembro.
Quando dois jornais de Hong Kong, o Wenweipo e o Ta Kung Pao, reportaram sobre os acontecimentos de 29 de setembro, eles publicaram artigos condenando o Ocupar Central por provocar “grande caos”. O Oriental Daily apresentou uma abordagem semelhante com a seguinte manchete: “Protesto caótico como as marés, gás lacrimogêneo voa”. O artigo afirmou que o protesto estudantil “estava totalmente fora de controle”.
Quando centenas de manifestantes que se opõem ao Ocupar Central apareceram repentinamente em grupos e atacaram violentamente os manifestantes pró-democracia em 3 de outubro, o Oriental Daily publicou um artigo mostrando simpatia e admiração pelos atacantes, intitulado “Cidadãos irritados voluntariamente limparam a cena com sangue”.
Muitos cidadãos de Hong Kong que testemunharam os ataques acusaram a polícia de conluio com a máfia local e de contratar bandidos para atacar os manifestantes. Outros postaram mensagens na internet e comentaram com a mídia estrangeira que os atacantes tinham sotaque da China continental. Eles disseram suspeitar que Pequim contratou os atacantes para criar caos.
Em 4 de outubro, a Hong Kong Television Broadcasts Ltd. (TVB) exibiu um vídeo de um homem segurando uma faca enquanto removia uma barricada instalada pelos manifestantes pró-democracia. A reportagem se referiu ao homem como um “cidadão”, ou seja, um cidadão de Hong Kong. A Radio France International e a iCable Television de Hong Kong entrevistaram esse homem e informaram que ele era da cidade de Shenzhen, perto da fronteira com Hong Kong, na província de Guangdong, na China continental.
O Escritório da Autoridade de Comunicação em Hong Kong diz que houve pelo menos 550 queixas que a TVB enganou o público, era imprecisa e tendenciosa, e que seu trabalho midiático contrariava a ética jornalística, segundo o Apple Daily, um jornal pró-democracia de Hong Kong.
Uma reportagem do jornal Sing Tao sobre um trágico acidente em 4 de outubro mostra o quão longe algumas mídias de Hong Kong têm ido para criticar o movimento Ocupar Central. Uma empregada doméstica filipina foi morta por um armário de parede que acidentalmente caiu sobre ela quando ela dormia na manhã de 4 de outubro. O Sing Tao reportou que sua morte era culpa do Ocupar Central. O jornal explicou que a empregada tinha dormido naquela manhã porque ela não precisou acompanhar à escola a criança da família com quem trabalhava, pois houve um cancelamento das aulas devido aos protestos do Ocupar Central.
A sra. Wu, uma estudante de mestrado na Universidade Chinesa de Hong Kong, disse ao Epoch Times ter notado que algumas mídias de Hong Kong reportam apenas os episódios de confrontos e ignoram as manifestações pacíficas. Ela disse esperar que a mídia de Hong Kong possa reportar objetivamente sobre os estudantes. Ela indicou que muitos manifestantes estudantis não querem ser entrevistados pela mídia chinesa, pois acreditam que esta é tendenciosa.
Hu Liyun, a representante da Federação Internacional de Jornalistas para a região de Hong Kong e China, disse estar “muito decepcionada” com as reportagens da mídia pró-Partido Comunista em Hong Kong. “Diante de um incidente tão grande, [a mídia] não conseguiu apresentar os fatos que até mesmo os cidadãos comuns podem ver.” Ela indicou que o comportamento da mídia serve como um alerta seríssimo sobre a condição da liberdade de imprensa em Hong Kong.
O comportamento da maioria da mídia de Hong Kong na cobertura do Ocupar Central acompanhou de perto a cobertura da mídia em língua chinesa pelo mundo. Em 2 de outubro, 142 jornais em língua chinesa pelo mundo publicaram uma declaração idêntica condenando o movimento pró-democracia em Hong Kong.
Durante uma manifestação em 7 de outubro diante do consulado chinês em Nova York em apoio ao movimento pró-democracia em Hong Kong, o conhecido dissidente chinês Wei Jingsheng expressou preocupação com o controle do Partido Comunista Chinês sobre a mídia internacional em língua chinesa.
“A mídia internacional em língua chinesa mudou muito sob a pressão do Partido Comunista, por meio da coação e ameaça de doadores e anunciantes. Essas mídias mudaram o tom de sua reportagem para se alinharem com o Partido Comunista”, disse Wei, e acrescentou: “Isso mostra que o Partido Comunista controla fortemente a mídia internacional.”
Com reportagem adicional de Cai Rong.