Regime chinês toma medidas mais drásticas contra refugiados norte-coreanos

28/05/2012 03:00 Atualizado: 28/05/2012 03:00

Um guarda paramilitar chinês fora da embaixada norte-coreana em Pequim. A repressão contra os refugiados norte-coreanos é parte de uma campanha mais ampla contra estrangeiros. (Mark Ralston/AFP/GettyImages)Uma província do nordeste da China será ainda mais severa com os refugiados norte-coreanos num movimento que provavelmente atrairá ira ainda maior de grupos de direitos humanos.

A China tem uma política de deportar os desertores norte-coreanos de volta a seu país de origem, apesar do risco de prisão, tortura ou outras formas de punição, inclusive a morte.

A área chinesa autônoma de Yanbian Coreia, localizada na província de Jilin, pretende reprimir os imigrantes de 15 de maio a 15 de outubro deste ano. O diretor de imigração da região, Li Yongxue, disse que a medida “erradicará as raízes do crime e assegurará estabilidade social”, segundo o jornal estatal China Daily.

Muitos norte-coreanos fogem do isolado Estado comunista para fugir da pobreza e dos abusos de direitos humanos. Há também um florescente comércio de contrabando perto da fronteira da China, em que muitos comerciantes norte-coreanos trazem DVDs e outros itens de volta ao país. “Verificaremos nas aldeias onde os estrangeiros se reúnem e em setores como as indústrias de serviços e processamento e fazendas para checar passaportes e ver se eles têm autorização de residência”, disse o oficial Li ao China Daily.

A repressão vem logo após o Parlamento Europeu aprovar uma resolução condenando o tratamento de Pequim aos refugiados norte-coreanos e ativistas de direitos humanos, incluindo o pesquisador Kim Young Hwan do NKnet, citando “graves, disseminadas e sistemáticas violações dos direitos humanos” contra fugitivos deportados. A China deporta cerca de 5 mil norte-coreanos de volta a cada ano, “em violação ao direito internacional e supostamente também proíbe os cidadãos norte-coreanos de terem acesso aos procedimentos de asilo [da agência de refugiados das Nações Unidas]”, disse o Parlamento.

Cerca de 70% dos refugiados são mulheres que são vítimas do tráfico humano, escravidão sexual e outros abusos, disse o relatório do Parlamento Europeu. Os que retornam enfrentam “tortura, prisão em campos de concentração e podem até ser executados após seu regresso”; mulheres grávidas podem ser forçadas a abortar seus filhos.

A repressão contra os refugiados norte-coreanos é parte de uma campanha mais ampla contra os estrangeiros, e inclui, na região de Yanbian, sul-coreanos idosos que estão visitando parentes, e sul-coreanos que se casaram com cidadãos chineses, de acordo com Li, o oficial que falou com o China Daily.

Terça-feira passada, Pequim anunciou que iniciaria uma campanha de 100 dias para examinar os estrangeiros e expulsar os que estavam ilegalmente no país.

O movimento deve garantir “estabilidade social” à frente da mudança da liderança no fim deste ano, segundo pesquisadores afiliados ao governo que foram citados pela mídia estatal. A recente turbulência política colocou um ponto de interrogação sobre a estabilidade da liderança do Partido Comunista.