Regime chinês tenta apressar secretamente caso do Falun Gong

04/01/2013 01:27 Atualizado: 04/01/2013 19:26
Cinco mil assinaturas e impressões digitais coletadas por Qin Rongqian, de 23 anos, para uma petição pela investigação da morte do pai sob custódia das autoridades e pela libertação da prisão de sua mãe e irmã, presas por também apelarem (De uma fonte na China)

Oficiais comunistas no nordeste da China abordaram recentemente a filha de um praticante do Falun Gong. que foi torturado até a morte, para tentar comprar seu silêncio, segundo uma fonte familiarizada com o assunto.

Qin Rongqian, a filha do falecido Qin Yueming, recusou a oferta de pagamento por silêncio e continua a persistir em pressionar por medidas legais  os perseguidores de seu pai.

Seu pai Qin Yueming foi morto por guardas prisionais em fevereiro de 2011 porque praticava o Falun Gong, uma disciplina espiritual baseada nos princípios de verdade, compaixão e tolerância, que tem sido perseguida pelo Partido Comunista Chinês (PCC) desde 1999.

A filha contatou o conhecido advogado de direitos civis Jiang Tianyong, pressionou por retribuição contra as autoridades (o que lhe foi negado) e, junto com o advogado, abriu um processo em Heilongjiang, província natal da família, contra os perseguidores.

O Supremo Tribunal Provincial de Heilongjiang não respondeu ao caso aberto por Jiang Tianyong em 2011, então, a dupla partiu para Pequim para apelar. Agora, muitos meses após o início do litígio, as autoridades se aproximaram de Qin Rongqian para “resolver a questão em particular”, segundo uma fonte bem informada sobre o caso.

Essa tática difere da prática usual do regime em relação ao Falun Gong – de “arruinar sua reputação, fali-los financeiramente e destruí-los fisicamente”, como originalmente orientada pelo ex-líder chinês Jiang Zemin que iniciou a campanha genocida – e pode ser um sinal de incerteza por parte dos envolvidos na campanha sobre se esta abordagem ainda tem peso político ou se continuará a ser uma prioridade para a nova liderança de Xi Jinping.

Aqueles que se envolveram em graves abusos dos direitos humanos contra praticantes do Falun Gong estão agora incertos sobre a posição da nova liderança sobre a perseguição e têm medo de que possam ser responsabilizados por seus crimes ou serem feitos bodes expiatórios, disse Zhang Sutian, analista de assuntos políticos chineses, ao Epoch Times.

O ex-chefe da segurança pública chinesa Zhou Yongkang, um dos principais culpados na perseguição ao Falun Gong, foi recentemente removido da chefia do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos e se aposentou do Comitê Permanente do Politburo.

Este abalo no mais alto escalão do PCC deixou alguns oficiais de níveis inferiores ansiosos quanto ao status da campanha, segundo Zhang Sutian.

Isso foi exemplificado recentemente na província de Hebei, quando altos oficiais da Agência 610 escreveram uma carta de desculpas aos filhos de alguns altos membros do PCC que foram perseguidos por praticarem o Falun Gong.

Um caso extraordinário

Após a morte de Qin Yueming na prisão, sua esposa Wang Xiuqing e filha Qin Hailong estavam determinadas a descobrir a verdade sobre sua morte, mas o regime as condenou a um ano e meio no Campo de Trabalho Qianjin em Harbin, província de Heilongjiang.

Com a ajuda de vários advogados, Qin Rongqian, a outra filha de Qin Yueming, conseguiu mover uma ação judicial contra o governo e os departamentos judiciais responsáveis e demandou uma investigação sobre a causa da morte de seu pai.

Ela também recolheu assinaturas e impressões digitais de 15 mil moradores da província chinesa de Heilongjiang numa petição ao regime comunista para investigar o caso de seu pai e libertar sua mãe e irmã presas.

“Cada assinatura e impressão digital de vocês, sua bondade e atenção pela questão, ajudará minha família a encontrar a justiça para meu pai e a liberdade para minha mãe e irmã”, escreveu Qin Rongqian em sua petição.

Na cultura chinesa, impressões digitais são tradicionalmente feitas por ocasião de juramentos e assinatura de contratos cerimoniosos.

A morte de Qin Yueming foi exposta fora da China e reportada por algumas mídias estrangeiras. O caso também chamou a atenção de organizações internacionais como a Anistia Internacional.

Táticas incomuns

Sob escolta da polícia local, Qin Handong, o diretor da Agência 610 de Jinshantun, na cidade de Yinchun, foi ver Qin Rongqian em 14 de outubro de 2012.

“Estou apenas fazendo uma visita porque o 18º Congresso Nacional do PCC será realizado em breve. Eu gostaria de resolver o caso em privado, logo que possível”, teria dito ele segundo uma fonte familiarizada com a conversa.

No entanto, Qin Rongqian não estava interessada em suas propostas e se recusou a desistir de buscar justiça.

Em 19 de outubro, dois representantes da Agência 610 da província de Heilongjiang, alegando serem “especializados em investigação psicológica e dedicados a transformar o Falun Gong”, visitaram a esposa de Qin Yueming e sua outra filha no Campo de Trabalho Qianjin.

Os representantes disseram que ajudarão as mulheres a lidar com o caso e também poderiam facilitar sua libertação, mas mãe e filha se recusaram a cooperar.

Em 26 de outubro, mais quatro representantes, incluindo o diretor do campo de trabalho, Wang Yaluo, reuniu-se com as mulheres.

“Vejam, o 18º Congresso do Partido está prestes a começar, gostaríamos de terminar o processo do caso de Qin Yueming o quanto antes”, teria dito Wang Yaluo, conforme citado pela fonte.

“Podemos ajudar a libertá-las, ajudar com sua habitação [em Jinshantun em Yichun] e oferecer a vocês três empregos com os quais nunca terão de se preocupar em perder.”

Quando o diretor viu que as duas mulheres não estavam abertas a esse plano, ele propôs lhes dar liberdade condicional para que pudessem discutir o assunto com Qin Rongqian, a outra filha de Qin Yueming.

“Eu posso lhes dar liberdade condicional de 10 dias e vocês devem apenas retornar se não der certo”, disse o diretor do campo.

Enquanto isso, o diretor do Departamento de Compensação do Supremo Tribunal Provincial de Heilongjiang, Zhang Yinfeng, também pediu à esposa de Qin Yueming para resolver o caso por meio de compensação. Ele sugeriu que tudo poderia ser resolvido como o caso de outro praticante do Falun Gong que foi torturado até à morte após 29 dias de prisão e cuja família recebeu 840 mil yuanes (135 mil dólares) como compensação.

“Por favor, considerem isso. Vocês podem me ligar à hora que quiserem. Minha porta estará sempre aberta para vocês”, disse ele a elas, segundo a fonte.

A fonte diz que a família de Qin Yueming acredita que a abertura é resultado dos oficiais corruptos do PCC estarem se sentindo sob pressão e estarem preocupados sobre se a campanha ainda tem fôlego. Elas não planejam aceitar qualquer das ofertas.

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