Reação à prisão de praticante do Falun Gong força regime chinês a tentar salvar as aparências
O regime chinês frequentemente detém taiwaneses na China, principalmente investidores e empresários que entram em disputas comerciais, e os mantém em suas prisões às vezes por longos períodos de tempo. Mas após a recente detenção do empresário taiwanês Chung Ting-pang, em menos de dois meses o regime comunista chinês decidiu que enviá-lo de volta para casa era preferível do que mantê-lo.
Mas não antes de relatar que Chung Ting-pang “confessou todos os fatos de seus crimes ilegais sem esconder nada” e revelou informações sobre outros “suspeitos”, segundo a Xinhua, a mídia porta-voz do regime chinês.
Chung Ting-pang, um praticante do Falun Gong, também conhecido como Falun Dafa, uma prática espiritual que é perseguida pelo Partido Comunista Chinês (PCC) desde 1999, tinha ido à província de Jiangxi, no sudeste da China, para visitar sua família em junho. Ele foi levado sob custódia das forças de segurança em 18 de junho quando estava no aeroporto prestes a voltar a Taiwan e, posteriormente, as autoridades o acusaram de tentar sabotar a rede de televisão chinesa. Defensores suspeitaram que as alegações fossem forjadas.
Após sua libertação, a Xinhua também incentivou as forças de segurança comunistas dizendo, “Os serviços competentes decidiram tratar o caso com indulgência, pedindo-lhe para assinar uma declaração de arrependimento e repatriando-o para Taiwan.”
A manobra de separação foi “apenas uma tentativa de justificar a prisão de Chung Ting-pang. Esse é único propósito”, disse Erping Zhang, porta-voz do Centro de Informações do Falun Dafa.
“Não houve transparência e o Sr. Chung não recebeu qualquer representação legal. Ele foi coagido e ninguém sabe o que aconteceu”, acrescentou Zhang. O teatro de confissões forçadas também é parte do regime comunista chinês.
Mas a mídia estatal ostentou uma confissão de qualquer maneira, como se para declarar vitória. Chung Ting-pang pode ter sido torturado para confessar crimes imputados contra ele ou a suposta confissão pode ter sido inteiramente fabricada, disse Zhang. “É nojento. […] Para começar, isso é um procedimento ilegal”, acrescentou Zhang, referindo-se à maneira como Chung Ting-pang foi sequestrado e detido.
“Eles não esperavam uma reação internacional tão forte, especialmente em Taiwan”, disse Zhang.
Protestos e manifestações foram realizados em Taiwan desde a detenção no final de junho. A filha de Chung Ting-pang, a recém-graduada universitária Chung Ai, foi frequentemente o rosto público da campanha, que em Taiwan reuniu uma coalizão de grupos de direitos civis que fizeram campanha pela liberação de Chung Ting-pang.
Fora de Taiwan, a Anistia Internacional questionou a prisão e disse que Chung Ting-pang devia ser liberado (a menos que houvesse de fato cometido um crime).
Fan Chiang Tai-chi, um porta-voz do gabinete do presidente taiwanês Ma Ying-jeou, disse à imprensa local em 9 de agosto que o presidente Ma prestava muita atenção ao caso de Chung Ting-pang e que o departamento administrativo devia “se esforçar ativamente” para conseguir sua libertação.
Não está claro, porém, se o caso foi um sucesso da pressão da administração de Ma Ying-jeou sobre o regime continental ou por causa do barulho global que o Falun Gong e a comunidade de direitos humanos fizeram sobre o caso.
Michael Fonte, um oficial de ligação em Washington DC para o Partido Democrático Progressista da oposição em Taiwan, expressou dúvidas sobre se a administração de Ma Ying-jeou aplicou muita pressão direta no lado chinês, sobretudo considerando que os taiwaneses falharam em conseguir várias concessões importantes no encontro de investimento recente entre autoridades de ambos os lados do Estreito de Taiwan.
“Parece que a pressão de praticantes do Falun Gong em Taiwan e em todo o mundo criou um contexto em que era melhor deixá-lo ir do que mantê-lo”, disse Michael Fonte em entrevista por telefone no domingo.
O Taipei Times, geralmente identificado como “pró-verde” ou simpático à oposição do Partido Democrático Progressista, seguiu de perto o caso de Chung Ting-pang.
Num editorial em 11 de agosto, o jornal escreveu, “Na realidade, o que o caso realmente ilustra é a natureza instável do sistema jurídico da China e a natureza secreta da resolução de litígios através do Estreito.”