Regime chinês reprime tibetanos após autoimolações

21/08/2012 16:12 Atualizado: 21/08/2012 18:20
Exilados tibetanos participam de uma vigília de velas em 17 de julho de 2012. (Lobsang Wangyal/AFP/Getty Images)

A repressão chinesa sobre os tibetanos aumentou na semana passada na província de Sichuan após mais três autoimolações, com relatos de espancamentos e monges tibetanos sendo convocados pelas autoridades do Partido Comunista Chinês (PCC) para interrogatório.

Vários tibetanos na província de Sichuan foram “severamente espancados por policiais armados” e um homem sofreu graves lesões na cabeça, depois de duas autoimolações em 13 de agosto e uma em 10 de agosto, informou a Campanha Internacional pelo Tibete (ICT) em seu website em 15 de agosto.

“A população local que se reuniu no local das autoimolações gritando slogans de protesto foi confrontada pela polícia que carregava cassetetes com pregos”, informou a ICT, citando Kanyag Tsering e Lobsang Yeshe, dois monges exilados de Dharamsala, na Índia.

Depois de chegar à cena com seus cassetetes, em seguida, a polícia bateu indiscriminadamente nos manifestantes e fez várias prisões.

“Uma pessoa estava coberta de sangue após ser atingida na cabeça com um cassetete com pregos, mas nada mais se sabe sobre sua situação. Em seguida, as forças de segurança foram posicionadas em todo o condado em grandes números”, disseram os monges à ICT.

Os dois tibetanos que puseram fogo em si em 13 de agosto, próximo ao mosteiro Kirti, foram identificados como o ex-monge Tashi, de 21 anos, e o monge tibetano Lungtok, de cerca de 20 anos. Depois de se porem em chamas, eles caminharam na Rua Ngaba, que foi apelidada de “Rua dos Heróis”. Ambos foram levados para o hospital com queimaduras graves. Segundo o relatório da ICT, Lungtok faleceu.

No monastério Kirti, as autoridades do PCC convocaram dois monges seniores após os novos incidentes de autoimolação. Desde 2009, cerca de quatro dezenas de tibetanos se queimaram em protesto contra o que descrevem como a severa repressão chinesa de sua cultura e religião.

“O disciplinador responsável e o chefe dos assuntos religiosos no mosteiro Kirti foram chamados para reuniões no centro do condado de Ngaba várias vezes”, disseram Tsering e Yeshe, numa declaração conjunta, à Rádio Free Asia (RFA). Eles disseram que as autoridades assediam os monges tibetanos seniores sempre que há agitação ou uma autoimolação.

De acordo com dois monges, desta vez, as autoridades do PCC tentarão exercer maior controle sobre os monges no mosteiro Kirti.

“Para expressar sua solidariedade aos dois autoimoladores de 13 de agosto e para consolar os familiares, todas as lojas, hotéis e restaurantes de propriedade de tibetanos permaneceram fechados em 14 de agosto na cidade de Ngaba”, disseram eles à RFA.

“Muitos tibetanos também visitaram os mosteiros para fazer oferendas e rezar pelos manifestantes mortos”, disseram os monges.