Regime chinês reflete sobre punição para crimes graves de dois oficiais

09/10/2012 18:53 Atualizado: 31/10/2012 18:56
Bo Xilai (esquerda), um poderoso político recém-expulso do Partido Comunista Chinês, na Conferência Consultiva Política Popular no Grande Salão do Povo em 3 de março de 2012. (Feng Li/Getty Images) & Zhou Yongkang (direita), um membro do Comitê Permanente do Politburo. (Liu Jin/AFP/Getty Images)

O regime chinês está pensando sobre os crimes e a punição de Bo Xilai, um ex-membro do Politburo, incluindo acusações sobre a colheita forçada de órgãos de pessoas vivas, e também está considerando uma ação disciplinar contra Zhou Yongkang, o chefe das forças de segurança da China, segundo uma fonte.

Uma fonte em Pequim familiarizada com o assunto disse ao periódico New Epoch Weekly, um afiliado do Epoch Times, que depois de trabalhar por vários meses, uma equipe de investigação do Comitê Central de Inspeção Disciplinar (CCID) do regime chinês, constituída por mais de 300 pessoas, concluiu que Bo Xilai cometeu quatro crimes graves: bloqueou a investigação quando sua esposa Gu Kailai foi acusada de homicídio, abusou do poder por ganhos financeiros, envolveu-se em outros casos de morte e na colheita de órgãos de prisioneiros políticos.

No entanto, Bo Xilai só será processado por acolher o homicídio de sua mulher e por crimes econômicos e será julgado em duas semanas, disse a fonte.

Em 28 de setembro, a mídia estatal Xinhua informou que a família Bo “aceitou enorme quantidade de dinheiro e bens de outros”, que Bo Xilai “abusou de seu poder”, encobriu o assassinato cometido por sua esposa, “recebeu enormes propinas pessoalmente” e “teve ou manteve relações sexuais impróprias com um número de mulheres”. Ele também foi culpado de “decisões erradas na promoção de pessoal”.

Entre estas alegações, apenas acolher criminosos e aceitar subornos serão julgadas em tribunal. Assuntos de “disciplina organizacional”, más decisões na promoção pessoal e relações sexuais impróprias contam como “erros”, ao invés de crimes.

O artigo da Xinhua compartilhou muitos dos mesmos detalhes que as informações fornecidas pela fonte de Pequim ao New Epoch Weekly.

Sentenciando Bo Xilai

O professor He Weifang da Universidade de Direito de Pequim e o advogado Mo Shaoping de Pequim disseram em entrevista à Voz da América que aceitar subornos de mais de 10 milhões de yuanes (1,58 milhão de dólares) pode levar a pena de morte com indulto, por isso, é possível que Bo Xilai receba essa punição.

Existem diferentes relatos a respeito de quanto dinheiro a família Bo tem acumulado por meio de corrupção.

O jornal japonês Asahi Shimbun informou que, em abril deste ano, após Gu Kailai ser presa em conexão com o assassinato de Heywood, surgiram suspeitas de que ela havia transferido ilegalmente 6 bilhões de dólares para o exterior.

A Deutsche Welle também informou que Bo Xilai estava sendo investigado por uma equipe do CCID de mais de 300 pessoas e foi descoberto que teria recebido 100 milhões de yuanes (15,81 milhões de dólares) por meio da corrupção apenas na província de Liaoning.

No entanto, a fonte de Pequim disse que o CCID tem provas de que Bo Xilai recebe 2 bilhões de yuanes (316 milhões de dólares) por meio da corrupção, mas não podem processá-lo com esse valor.

O valor do suborno recebido que o regime usará para processar Bo Xilai é fundamental para sua sentença, disse a fonte de Pequim.

Segundo as alegações listadas pela Xinhua, Bo Xilai muito provavelmente não receberá uma sentença pesada e pegará de 15 a 20 anos, disse a fonte.

“Outros crimes”

A Xinhua também disse que a investigação descobriu indícios do envolvimento de Bo Xilai em “outros crimes”.

Esses “outros crimes” se referem à colheita forçada de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong, disse a fonte de Pequim, e essa é uma questão altamente sensível.

O regime não ousaria acusar Bo Xilai da colheita de órgãos de pessoas vivas, pois isso “causaria grande inquietação no país e abalaria completamente a legitimidade do Partido Comunista Chinês [PCC]”, acrescentou a fonte.

Zhou Yongkang

Como lidar com Zhou Yongkang, o poderoso defensor de Bo Xilai, também está na mesa outra vez, segundo a fonte.

Zhou Yongkang é o chefe do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL), uma poderosa agência do PCC que controla quase todos os órgãos de aplicação da lei na China, incluindo a polícia civil, a polícia militar, os tribunais e a procuradoria. Zhou Yongkang deve se aposentar do Comitê Permanente do Politburo no 18º Congresso do PCC.

De acordo com o comentarista Lang Shu da Rádio Som da Esperança, a colheita de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong é sistêmica na China e é supervisionada pelo CAPL, que é chefiado por Zhou Yongkang.

A liderança do PCC, incluindo o líder chinês Hu Jintao, teria renunciado punir Zhou Yongkang por proteger Bo Xilai, mas este pensamento mudou recentemente, disse a fonte.

Porque Zhou Yongkang teve uma mão em agitar os recentes protestos anti-Japão, as maiores manifestações em 50 anos, que se espalharam por mais de 100 cidades chinesas em 18 de setembro, Hu Jintao, o premiê Wen Jiabao e Xi Jinping, o indicado próximo líder chinês, querem tomar medidas contra Zhou Yongkang, disse a fonte.

“Hu Jintao, o premiê Wen Jiabao e Xi Jinping estão investigando se Zhou Yongkang esteve por trás dos protestos. Se de fato ele esteve, o consenso no PCC de que Zhou Yongkang se aposentará suavemente será mudado”, disse a fonte, o que significa que Zhou Yongkang pode enfrentar alguma forma de disciplina, dependendo do resultado da investigação.

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Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.