Regime chinês publica lista de orientações para censura online

15/01/2013 12:21 Atualizado: 16/01/2013 12:03
‘Estudantes para um Tibete Livre’ protestam embaixo do novo painel eletrônico alugado pela agência de notícias estatal chinesa Xinhua em Time Square, Nova York, em 2011 (Stan Honda/AFP/Getty Images)

A censura comunista chinesa prefere trabalhar em segredo, ocultando suas decisões de bloquear, excluir, censurar e reportar com ar de mistério oficial. No entanto, isso acaba de se tornar mais difícil, depois que o revisor da Secretaria Central de Propaganda publicou uma lista de orientações sobre a propaganda e a censura online e fornecer uma narrativa pessoal de como é o trabalho de realizar o controle da mídia.

A informação apareceu no blogue de Zeng Li em 6 de janeiro, durante a polêmica sobre a censura do Semanário do Sul, um jornal liberal na província de Guangdong cujos jornalistas entraram em greve após Tuo Zhen, o chefe de propaganda de Guangdong, ter alterado o conteúdo da edição de Ano Novo do jornal.

Zeng Li, o revisor da Secretaria de Propaganda, explicou como Tuo Zhen começou a aplicar um controle mais rígido sobre a notícia após assumir o cargo. A notícia sobre as notas de Zeng Li foi relatada pela primeira vez no jornal Apple Daily de Hong Kong.

Zeng Li escreveu que pertence a uma equipe destinada a “garantir que o jornal permaneça na direção correta em sua função de formação da opinião pública”.

Em seu blogue, ele disse:

“Para se certificar de que o jornal pode ser publicado sem problemas e sem erros, o Grupo de Mídia do Sul tem uma equipe interna de revisão para controle de qualidade. Eu sou um membro da equipe de revisão. Eu reviso o Semanário do Sul e ajudo o editor-chefe a vigiar a qualidade do jornal semanal.”

“Nos últimos dois anos, o governo exigiu um controle mais rígido das notícias e assim fazemos. Cada edição tinha artigos que precisavam ser retirados. Às vezes, havia dois e, às vezes, até oito. Normalmente havia cerca de uma dúzia de artigos que precisava de grandes revisões. Muitos artigos nunca chegaram a ver a luz. Repórteres sentiam-se reprimidos e injustiçados, mas basicamente podiam tolerar a situação.”

“Desde que o novo ministro assumiu o cargo em maio de 2012, o controle do Semanário do Sul e do Diário Metropolitano do Sul se tornaram ineditamente rigorosos. Havia tantas proibições. O ministério disse inclusive ao Semanário do Sul para limpar com antecedência os temas selecionados para cada edição [antes de submeter à equipe de revisão]. Os repórteres não tinham autorização para entrevistar ninguém ou escrever qualquer coisa até que o tema fosse aprovado. Reportagens e editoriais importantes eram publicados apenas após o ministério analisá-los.”

O Apple Daily resumiu as restrições determinadas pela Secretaria de Propaganda:

1. Não entreviste, reporte ou comente sobre notícias envolvendo Bo Xilai, o ex-secretário do Comitê da cidade de Chongqing, e Wang Lijun, o ex-vice-prefeito de Chongqing.

2. Muitas marcas de licores são suspeitas de conterem plastificante. Use o comunicado de imprensa da Xinhua e minimizem esta notícia.

3. No condado de Guangshan, província de Henan, 22 estudantes foram feridos num incidente de esfaqueamento. Use o comunicado de imprensa da Xinhua, mas não o coloque na primeira página.

4. Alguns edifícios na cidade de Foshan utilizaram areia do mar como um componente dos materiais de construção. Não entreviste ninguém ou comente esta notícia. [É ilegal usar areia do mar que não foi dessalinizada como material de construção. O sal do mar corrói o aço de reforço e desestabiliza um edifício.]

5. Há fotos que circulam na internet sobre o líder chinês Xi Jinping visitando a província de Guangdong e ficando num hotel. Não as use.

6. Não reimprima ou reporte sobre o caso do diretor da Secretaria Central de Compilação e Tradução.

7. Só faça reportagens curtas sobre o caso de corrupção de Qu Jianguo, ex-diretor do Ramo Zhuhai do Banco Guangfa da China.

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