Regime chinês prende oficial da segurança que espionava para os EUA

06/06/2012 04:00 Atualizado: 06/06/2012 04:00

A famosa Cidade Proibida da China em meio a uma tempestade de areia e ar poluído em 2008. (Getty Images)Um alto oficial do Ministério da Segurança da China foi preso em Hong Kong e é acusado de espionar para os Estados Unidos e entregar segredos de Estado, de acordo com relatórios. O incidente pode ser uma das violações mais graves da inteligência para o Partido Comunista Chinês (PCC) em décadas.

O oficial, que não foi nomeado, era um secretário particular de um vice-ministro anônimo do Ministério da Segurança de Estado (MSE) e foi preso no início do ano, segundo a Reuters, que cita três fontes internas, e artigos da mídia chinesa no exterior.

O oficial teria passado informações confidenciais para a CIA durante vários anos sobre temas relativos a atividades de espionagem da China, disse o relatório. Ele falava inglês e teria recebido centenas de milhares de dólares.

A CIA o recrutou para obter e passar “inteligência política, econômica e estratégica” do Ministério da Segurança de Estado, que supervisiona a coleta da inteligência doméstica e estrangeira, disse uma fonte à agência de notícias. “A destruição tem sido maciça”, disse uma das fontes conforme citada.

A notícia foi publicada há poucos dias no World Journal e no Xinwei Monthly, ambas publicações chinesas no estrangeiro.

O oficial teria 38 anos, seria graduado da Universidade de Pequim, e teve acesso aos mais altos níveis da burocracia chinesa. Ele forneceu informações sobre a rede de espionagem estrangeira da China, disse o Telegraph.

De acordo com o Los Angeles Times, o indivíduo preso pode ter sido o secretário de Qiu Jin, um vice-ministro do MSE. Qiu Jin foi o oficial que voou de Pequim para Chengdu para lidar com a crise de Wang Lijun.

Segundo o Ming Jing, o oficial cujo secretário foi preso não era Qiu Jin, mas Lu Zhongwei. Não houve maneira de verificar as alegações concorrentes. O Xinwei reportou enigmaticamente que há “um total de 350 pessoas envolvidas no caso de espionagem”.

Cerca de três anos atrás, o oficial foi aparentemente enganado por uma agente da CIA e mais tarde foi chantageado para passar informações para a CIA. No ano passado, oficiais do MSE foram avisados que havia um informante em sua agência e chamaram o assessor com uma série de vazamentos deliberados.

Enquanto a Casa Branca e o Departamento de Estado não quiseram comentar, um alto funcionário do governo, citado anonimamente pelo New York Times na sexta-feira, disse que os principais líderes da China começaram a investigar o MSE depois que o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, tentou desertar para o consulado dos EUA na cidade de Chengdu em fevereiro. O incidente derrubou Bo Xilai, o chefe de Wang e ex-secretário do PCC em Chongqing. O funcionário do governo disse ao NY Times que há alegações de corrupção e serviços de segurança sendo usado indevidamente por vários oficiais.

Um dos vice-ministros que o assessor teve contato foi Gao Yichen, que estava envolvido na vice-direção da “Agência 610”, um aparato da segurança estatal criado em 1999 para perseguir os adeptos do Falun Gong, uma prática de meditação tradicional chinesa. Gao deixou a agência em março.

Zhou Yongkang, um membro do Politburo e chefe do poderoso Comitê dos Assuntos Político-Legislativos, supervisiona a “Agência 610”.

Se as fontes estiverem corretas, esse poderia ser o caso mais grave de espionagem entre os EUA e a China desde que Yu Qiangsheng desertou para os EUA em 1985. Na época, Yu disse que um ex-analista da CIA realizava missões de espionagem para a China e depois se matou em 1986 numa cela de prisão antes de ser condenado por espionagem.

Em outro grave incidente, o ex-espião chinês Li Fengzhi, que trabalhou para o MSE, deixou o PCC em 2009, depois de desertar para os EUA. Li disse ao Epoch Times na época que as autoridades chinesas continuamente o perseguiam e ameaçavam, mas insistiu aos demais colegas da agência de inteligência para também saírem do PCC.

Os EUA e a China têm permanecido em silêncio sobre o assunto, sem declarações à imprensa sobre a violação de inteligência ou oficiais envolvidos no incidente. Não ficou claro no relatório da Reuters se o oficial foi capaz de entregar informações que comprometessem operações de inteligência chinesa.