Regime chinês persegue grupo de arte que promove cultura tradicional

04/04/2014 14:32 Atualizado: 04/04/2014 14:32

As autoridades chinesas estão pressionando a Bélgica para cobrir ou remover cartazes publicitários de um espetáculo de dança clássica chinesa durante a visita do líder chinês Xi Jinping esta semana.

O Shen Yun Performing Arts está programado para se apresentar no Teatro Nacional, em Bruxelas, entre 2-6 de abril. O Shen Yun, que se apresenta em cerca de 20 países e 100 cidades ao redor do mundo a cada ano, tem a intenção de reviver a cultura divinamente inspirada da China, embora esteja proibido pelo Partido Comunista Chinês de se apresentar na China continental.

Xi Jinping está hospedado no hotel Sheraton, em Bruxelas, que é perto do Teatro Nacional. Um outdoor do Shen Yun pode ser visto a menos de 15 metros da entrada do hotel. De 2 a 6 de abril, o Shen Yun Performing Arts tem seis apresentações programadas no teatro.

As apresentações ocorrerão enquanto líderes mundiais, incluindo o presidente americano Barack Obama, estarão em Bruxelas para uma reunião de cúpula. A Bélgica é a sede da União Europeia, do Parlamento Europeu e da OTAN.

A campanha de promoção do Shen Yun é realizada pela BHS Promotion, uma agência de publicidade, que não respondeu imediatamente às perguntas enviadas por e-mail.

Um representante da BHS Promotion disse ao EU Observer que foi contatado pelo departamento central de polícia de Bruxelas e solicitado a remover os cartazes publicitários do Shen Yun, dizendo que representavam “problemas diplomáticos”. Mais tarde, a polícia cancelou o pedido.

Enquanto isso, o departamento central de polícia também enviou uma carta à Associação Belga do Falun Gong, que está organizando o espetáculo na Bélgica. A organização também foi solicitada a cobrir ou remover todos os cartazes do Shen Yun.

Nicolas Schols, porta-voz voluntário da Associação do Falun Gong, disse a jornalistas na Bélgica que a polícia lhe disse que uma “situação crítica de assuntos internos está sendo pressionada pelo consulado chinês”, segundo o EU Observer. Schols disse que a polícia mais tarde cancelou seu pedido, assim como cancelaram o pedido à agência de publicidade.

Apesar da pressão do consulado chinês, no entanto, o próximo espetáculo do Shen Yun ganhou o apoio de líderes europeus. Edward McMillan-Scott, vice-presidente do Parlamento Europeu, enviou uma carta ao prefeito de Bruxelas, afirmando que o PCC emite ameaças semelhantes aos teatros ano após ano, e disse que é uma boa notícia que o problema tenha sido resolvido.

O PCC tenta regularmente pressionar países e teatros para cancelarem exibições do Shen Yun. A pressão do PCC sobre o espetáculo de abril marca a terceira vez que autoridades chinesas tentaram causar problemas para uma turnê do Shen Yun em Bruxelas.

Em março de 2013, o Teatro Nacional parou temporariamente a venda de bilhetes do Shen Yun devido ao que foi revelado como pressão das autoridades chinesas. Segundo o website Minghui, o Teatro Nacional posteriormente retomou as operações normais e emitiu um comunicado dizendo: “Nós temos um contrato. A Bélgica é uma sociedade livre. O teatro respeita o direito à liberdade de expressão.”

Dois anos antes disso, o PCC também tentou sem sucesso cancelar um show do Shen Yun em Bruxelas no mesmo teatro. De acordo com o Minghui, verificou-se que o pessoal da embaixada chinesa entrou em contato com o gerente do teatro e pediu-lhe para cancelar o show. Mas o gerente rejeitou o pedido.

No que foi certamente uma consequência não intencional da intromissão do Partido Comunista, a Associação Belga do Falun Dafa, que está apresentando o Shen Yun, organizou uma conferência de imprensa em 28 de março, convidando o governo belga e a mídia a investigarem os esforços para remover a publicidade do Shen Yun e preservar a liberdade cultural.

Isso atraiu uma grande atenção da mídia de uma série de agências de notícias belgas. A RTBF, a maior emissora de televisão de língua francesa da Bélgica, cobriu o incidente em seu boletim de horário nobre.

Schols, o porta-voz do Falun Gong, foi citado discutindo a destruição da cultura chinesa pelo Partido Comunista, e a perseguição à prática do Falun Gong. “O governo belga foi pressionado, mas resistiu”, disse ele.

O jornal local L’Avenir e La Libre Belgique cobriram o evento. “Por que a imagem de uma elegante dançarina chinesa faria o presidente Xi ficar infeliz?”, perguntou um artigo desta na última publicação.

“Esse espetáculo retrata não só as tradições de 5.000 anos da China, mas também a perseguição aos praticantes do Falun Gong realizada pelo Partido Comunista”, disse o artigo.

O Partido Verde Flamengo também pediu que a polícia de Bruxelas “prevenisse a China de exportar a censura cultural”.