Acredita-se ser uma tentativa de amenizar os protestos em Hong Kong antes da visita de Hu Jintao
Em meio a fortes protestos do público chinês, tanto dentro como fora da China, na quinta-feira, 14 de junho, as autoridades chinesas anunciaram através da mídia de Hong Kong que será feita uma investigação sobre a morte do ativista da democracia e dissidente chinês Li Wangyang.
Li foi preso por mais de duas décadas depois de sua tentativa de estabelecer um sindicato trabalhista independente em Shaoyang, sua cidade natal na província de Hunan, durante o movimento democrático de 1989. Em 6 de junho, Li foi encontrado morto num aparente suicídio no hospital onde estava sendo tratado por diabetes e doenças cardíacas. No entanto, apoiadores, parentes e amigos de Li suspeitam que o suicídio foi encenado, pois Li foi encontrado pendurado numa barra de segurança da janela com os dois pés plantados no chão.
Além disso, a família de Li acha difícil acreditar que Li, que era cego e quase surdo devido a anos de tortura na prisão, tenha sido capaz de tentar o suicídio. Apenas uma semana antes de sua morte, Li foi entrevistado por uma emissora de TV a cabo de Hong Kong, em que expressou sua determinação em lutar pelo fim do regime autoritário do Partido Comunista.
Na semana passada, os protestos se intensificaram em Hong Kong, onde muitos têm manifestado sua exigência por um inquérito aprofundado sobre a causa da morte de Li. Em 14 de junho, um porta-voz do Departamento de Segurança Nacional da província de Hunan anunciou através da mídia estatal China News de Hong Kong que especialistas forenses de outra província foram contratados para realizar uma autópsia e investigarem a morte de Li. O porta-voz observou que os resultados da investigação serão tornados públicos.
Como é esperado que o líder chinês Hu Jintao visite Hong Kong em 1º de julho pelo 15º aniversário do retorno de Hong Kong à China, os analistas acreditam que a decisão de abrir uma investigação sobre a morte de Li é uma tentativa de silenciar o descontentamento generalizado em Hong Kong e prevenir manifestantes de buscarem Hu e “arruinarem” sua visita.
Em entrevista ao jornal Apple Daily de Hong Kong, Lee Cheuk Yan, o presidente da ‘Aliança de Hong Kong em Apoio aos Movimentos Patrióticos e Democráticos da China’, disse que a investigação é provavelmente uma medida para evitar que residentes de Hong Kong tomem as ruas na marcha anual de 1º de julho e critiquem Hu Jintao pela morte de Li.
Em 2003, a marcha anual de 1º de julho atraiu um grande número de manifestantes que se opunham à legislação do Artigo 23 da Lei Básica, uma lei antisubversão que eles acreditavam que restringiria a liberdade política e religiosa de grupos que o Partido Comunista Chinês (PCC) desaprova. A legislação foi então arquivada por tempo indeterminado. Desde então, a marcha continuou a atrair multidões, embora não do tamanho de março de 2003.
Lee chamou a investigação de uma “tática de protelação”, acrescentando, “A irmã de Li Wangyang e sua família ainda não foram liberados, seus amigos ainda estão sendo mantidos sob estreita vigilância pela polícia, como isso [a investigação] pode possivelmente servir para corrigir a injustiça feita a Li?”
Desde 13 de junho, a irmã de Li e seu cunhado ainda não voltaram para casa depois de saírem do hotel onde se hospedaram para supervisionar o funeral de Li, segundo uma declaração do Centro de Informação para os Direitos Humanos e a Democracia (CIDHD) de Hong Kong.
Embora as autoridades chinesas tenham prometido uma autópsia, não está claro como ela será realizada, já que o CIDHD informou que o corpo de Li foi cremado em 9 de junho (sem a permissão de sua família).
De acordo com informações fornecidas ao Epoch Times por uma fonte confiável da Secretaria de Segurança Pública da província de Hunan, o principal suspeito pela morte de Li é o chefe de polícia da Divisão de Segurança Pública da cidade de Shaoyang, Zhao Luxiang. Ele esteve intimamente envolvido na perseguição de estudantes e trabalhadores durante o movimento de 4 de junho de 1989, assim como de ativistas da democracia na cidade de Shaoyang.
A especulação sobre a morte de Li continua inabalável.
Paul Guo, um ativista da democracia que vive fora da China, afirmou numa postagem recente no Twitter que altos oficiais do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL) ordenaram o assassinato de Li para impedi-lo de falar com a imprensa estrangeira e esmagar as esperanças do povo de Hong Kong de verem a retração do Massacre da Praça da Paz Celestial (Tiananmen) de 4 de junho de 1989. O CAPL é o poderoso órgão do PCC que controla todas as agências de aplicação da lei na China.
Com pesquisa de Liu Xiaozhen.
Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.