Regime chinês obscurece seu ranking de poder

16/10/2012 19:00 Atualizado: 31/10/2012 19:03
Xi Jinping no Grande Salão do Povo, em Pequim, China, em 29 de setembro de 2012. (Feng Li/Getty Images)

Durante o feriado de 1º de outubro que comemora a fundação da República Popular da China, que o Partido Comunista Chinês (PCC) chama de Dia Nacional, num cerimonial de depositar flores no Monumento dos Heróis do Povo na Praça da Paz Celestial, o líder chinês Hu Jintao liderou a procissão dos nove membros do Comitê Permanente do Politburo em ordem de classificação, com o indicado próximo líder Xi Jinping vindo ao fim. Analistas prestam muita atenção nas aparições dos líderes em público e a posição Xi Jinping provocou muita especulação.

A ordem apresentada pelo Comitê Permanente em 1º de outubro, no entanto, não foi o verdadeiro ranking de poder no âmbito do Comitê Permanente. O ranking sofreu um abalo depois da tentativa de fuga de Wang Lijun para o consulado estadunidense em Chengdu em 6 de fevereiro.

Wang Lijun era o vice-prefeito, chefe de polícia e capanga de Bo Xilai, o chefe do PCC na cidade-província de Chongqing, no Centro-oeste da China. A tentativa de deserção de Wang Lijun abriu a caixa preta da política do PCC para a comunidade internacional. A posterior rendição de Wang Lijun às autoridades centrais do PCC e as informações que ele divulgou também provocaram escândalos que o PCC ainda tenta se recuperar.

Wang Lijun revelou que a facção liderada pelo ex-líder chinês Jiang Zemin haviam conspirado para derrubar Xi Jinping depois que ele assumiu o poder. Essa tentativa de golpe planejada era apenas a medida mais extrema numa luta de poder de longa duração entre Hu Jintao e Jiang Zemin.

Jiang Zemin e sua facção têm cometido crimes contra a humanidade por 13 anos em sua perseguição à prática espiritual do Falun Gong. Se eles perdem o poder, eles temem ser responsabilizados por seus crimes. Assim, a facção de Jiang Zemin se sente obrigada a reter o controle do PCC no 16º, 17º e 18º Congressos do PCC.

Do ponto de vista da facção de Jiang Zemin, Xi Jinping sempre foi uma opção temporária, alguém que Jiang Zemin concordou enquanto organizava as coisas mais ao seu gosto.

Na verdade, Xi Jinping não era a primeira escolha de ninguém no início. Nos preparativos para o 17º Congresso do PCC realizado em outubro de 2007, Hu Jintao deixou claro que preferia Li Keqiang, o então chefe do PCC na província de Liaoning, como seu sucessor. Como Hu Jintao, Li Keqiang chegou ao poder através da Liga da Juventude Comunista.

Jiang Zemin e seu confiável conselheiro Zeng Qinghong queriam bloquear Li Keqiang e recomendaram Xi Jinping em seu lugar. Zeng Qinghong recomendou Xi Jinping para Jiang Zemin, porque Xi Jinping era tranquilo e não tão ambicioso.

Hu Jintao lembrou como Xi Zhongxun, o pai de Xi Jinping, se comportou quando Hu Yaobang, o líder reformista do PCC, foi denunciado pelo líder supremo na época Deng Xiaoping. Xi Zhongxun ousou contradizer Deng Xiaoping e se levantou e falou em nome de Hu Yaobang.

Assim, Hu Jintao aceitou a nomeação de Xi Jinping e este surgiu como um candidato aceito pela facção de Jiang Zemin e pela facção da Liga da Juventude.

Bo Xilai era o candidato preferido da facção de Jiang Zemin. Ele foi removido das considerações de nomeação para o Comitê Permanente num acordo firmado no Congresso. O ex-vice-premiê Wu Yi anunciou sua aposentadoria completa em troca de Bo Xilai ser transferido para Chongqing, com o entendimento de que Bo Xilai não se tornaria um membro do Comitê Permanente.

Bloquear o ingresso de Bo Xilai no Comitê Permanente no 17º Congresso do PCC assegurou que Bo Xilai não seria elegível para se tornar líder do PCC no 18º Congresso.

Em outras palavras, a seleção de Xi Jiping foi uma tática para eventualmente colocar Bo Xilai no poder. Quando Xi Jinping visitou os Estados Unidos apenas uma semana após Wang Lijun tentar desertar, os EUA divulgaram a ele o que Wang Lijun revelou durante suas 36 horas no consulado norte-americano.

Após o escândalo de Wang Lijun e Bo Xilai começar a se desdobrar, Xi Jinping, um dos príncipes, ou seja, um descendente de um alto oficial comunista importante e influente no PCC, aproximou-se de Hu Jintao e Wen Jiabao para autoproteção e gradualmente formou um nova aliança composta por Hu Jintao, Wen Jiabao, Xi Jinping e Li Keqiang. Esta aliança rompeu o equilíbrio de poder no PCC e deu-lhes vantagem sobre a facção de Jiang Zemin.

Esse domínio era visível numa reunião realizada no Hotel Jingxi em Pequim no início de maio. Contando com 200 altos oficiais do PCC, um acordo foi celebrado que retirou o poder do mais poderoso membro da facção de Jiang Zemin.

O chefe da segurança pública chinesa Zhou Yongkang se “aposentaria completamente” após o 18º Congresso do PCC e perderia o direito de escolher um sucessor para dirigir o aparato de segurança do regime. Ao mesmo tempo, os líderes em Zhongnanhai chegaram a um “entendimento tácito” que Zhou Yongkang poderia aparecer em destaque em público para dar a impressão de “harmonia” e “estabilidade” e para garantir uma transição suave do poder no próximo Congresso.

Embora Zhou Yongkang tenha concordado com este arranjo, na verdade, ele incitou protestos sobre as ilhas Diaoyu, entre outras táticas, numa última tentativa de desfazer o poder de Hu Jintao e Wen Jiabao. Sua quebra do acordo de Jingxi significará que sua situação será reavaliada. Zhou Yongkang pode ser preso a qualquer momento.

Ao ver a situação desesperadora, outros membros da facção de Jiang Zemin, os membros do Comitê Permanente como Wu Bangguo, Jia Qinglin e Li Changchun, não tiveram escolha a não ser cooperar com Hu Jintao e Wen Jiabao na manutenção superficial da harmonia e estabilidade.

O posicionamento dos nove membros do Comitê Permanente no Dia Nacional era parte do esforço para transmitir harmonia e estabilidade à nação chinesa.

Na verdade, o ranking verdadeiro de poder no presente e no futuro próximo seria, em sequência, Hu Jintao, Wen Jiabao, Xi Jinping e Li Keqiang.

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Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.