Regime chinês incentiva desapropriação de terras e abusos na Mongólia

26/12/2013 13:05 Atualizado: 26/12/2013 13:05

Desapropriação ilegal de terras e a colonização de agricultores e mineiros chineses, apoiados pelo regime do Partido Comunista Chinês (PCC), têm originado problemas de direitos humanos na Mongólia, disse um grupo de direitos humanos.

Violações de direitos humanos de todos os tipos ocorrem regularmente no Sul da Mongólia Interior, disse Enghebatu Togochog, diretor da organização norte-americana ‘Centro de Informações de Direitos Humanos do Sul da Mongólia’ (SMHRIC), em entrevista ao The Diplomat na semana passada.

“Os mongóis-do-sul perderam completamente a fé no Partido Comunista, que tem sido o único ator político responsável por projetar, implementar e defender a política colonial da China no Sul da Mongólia”, disse ele ao The Diplomat. “Como a principal fonte de todos os problemas na China e no Sul da Mongólia, o PCC não traz qualquer mudança positiva, mas apenas piora a situação.”

No início deste mês, um grupo de pastores da Mongólia Interior foi expulso de Pequim por peticionar persistentemente sobre a ocupação de suas terras de pastagem por funcionários locais, uma base militar e mineradores chineses han. Os 17 pastores foram mandados para casa e colocados sob estrita vigilância e restrições, informou a Rádio Free Asia (RFA).

“O caso dos pastores mongóis da Divisão Média do Urad não é um incidente isolado, mas apenas a ponta do iceberg. Centenas de incidentes semelhantes estão ocorrendo em todo o Sul da Mongólia, quase diariamente”, explicou Togochog.

Um pastor foi espancado até a morte por trabalhadores ferroviários han, a maior etnia na China, quando protestava contra a ocupação ilegal de suas terras de pastagem em agosto, segundo a RFA, e seus parentes foram colocados em prisão domiciliar.

Um conflito em junho entre seis pastores mongóis e uma empresa florestal estatal que operava ilegalmente em suas terras de pastagem resultou na prisão dos pastores e num julgamento apressado. Suas famílias disseram à RFA que os pastores não tiveram permissão à defesa jurídica adequada e que o julgamento foi feito “às pressas”.

A esposa de um dos pastores foi espancada com um bastão elétrico até ficar inconsciente na entrada do tribunal, enquanto a polícia de choque tentava impedir que os familiares entrassem na sessão, segundo a cunhada da vítima.

“Eles bateram em minha cunhada com um bastão elétrico até ela cair”, disse Longmei. “Nós então começamos a gritar que este deveria ser um julgamento aberto e questionamos por que eles não nos deixavam entrar.”

Os pastores podem pegar até sete anos de prisão por “sabotagem” e “destruição de propriedade”.

Colonialismo

Togochog disse que o PCC apoia a migração de chineses no Sul da Mongólia como a fundação de um regime colonial que incentiva o confisco e o desenvolvimento das terras dos pastores mongóis. A mídia estatal informou planos de desenvolvimento para realocar moradores de Sichuan, deslocados pelo terremoto de 2008, para a Mongólia Interior, informou o SMHRIC no início deste ano à Freedom House, embora o regime chinês continue a negar oficialmente.

Pelo menos 13 mongóis foram detidos em agosto e receberam punição administrativa sem julgamento pela publicação de denúncias na internet sobre o reassentamento de chineses han na região.

Um blogueiro foi punido por “espalhar boatos”, dizendo que 50 mil chineses de Sichuan estavam sendo transferidos para uma área que abrigaria apenas 20 mil pastores mongóis e onde casas já haviam sido construídas para eles, disse uma reportagem da Rádio Free Asia. Ele também informou que outros 80 mil seriam transferidos para outra área e mais 100 mil para um local diferente.

“A migração chinesa sempre foi, é e será a causa de todo o tipo de violência e violações de direitos humanos no Sul da Mongólia. Os próprios fundamentos do regime colonial chinês no Sul da Mongólia são baseados na migração chinesa”, disse Togochog ao The Diplomat.