Muitos internautas chineses ficaram indignados com exibição de honra do Partido Comunista pelo falecido governante cambojano Norodom Sihanouk, que morreu em 16 de outubro em Pequim.
Todas as bandeiras no Portão Xinhua e todas as bandeiras na Praça da Paz Celestial (Tiananmen) em Pequim foram içadas a meio mastro em homenagem ao falecido ex-rei do Camboja, um residente de longa data na China.
O Diário do Povo, uma mídia porta-voz do regime chinês, o elogiou. A mídia estatal Xinhua informou no dia seguinte que a China e o Camboja concordaram em continuar e aprofundar sua amizade e cooperação estratégica.
O Serviço de Notícias da China observou uma guarda de honra sem precedentes acompanhando o caixão com os restos de Sihanouk enquanto era levado para o avião que o retornaria ao Camboja.
No entanto, internautas chineses estavam impressionados com as honras de Estado e reagiram com críticas aos tributos do regime pelo ex-governante do Camboja.
“Após a morte de Norodom Sihanouk, que colaborou com o Khmer Rouge para matar 300 mil chineses no Camboja, vocês previsivelmente baixaram as bandeiras a meio mastro, alegando que sua morte foi uma grande perda para o povo chinês”, comentou um internauta aos seus 20 mil seguidores no Sina Weibo.
Citando as mortes de mais de 800 cidadãos chineses em vários incidentes trágicos durante o ano passado, Wang Qiang, um profissional financeiro de Pequim, comentou a seus 43 mil seguidores que para isso o regime “não baixou as bandeiras. Mas para um velho cambojano que tem sido um parasita por várias décadas dependo de nossos contribuintes de impostos, vocês baixaram as bandeiras a meio mastro num instante.”
Outro blogueiro comentou que um item do orçamento foi cortado e outro perguntou se não era o suficiente que ele tenha sido alimentado por décadas, chamando-o de um velho hooligan que cometeu traição por comida e bebida.
O regime chinês ofereceu a Sihanouk, que viveu no exílio em Pequim após ser deposto em 1970, um estilo de vida luxuoso. Sihanouk chegou durante a Revolução Cultural, quando os cidadãos chineses viviam na pobreza e muitas vezes sem alimentação adequada, fazendo a memória de seus excessos ainda mais amarga para os chineses.
Com suas várias esposas e concubinas, Sihanouk gostava de iguarias refinadas como uma tigela de sopa que exigia a morte de 208 frangos, informou o jornal financeiro chinês Caijing.
Xiao Jiansheng, editor do jornal estatal Diário de Hunan, citado pela Rádio Free Asia, disse, “Na década de 1970, após o golpe no Camboja […] o premiê Zhou Enlai e o presidente Mao Tsé-tung cuidaram muito bem dele.”
No entanto, um internauta contextualizou a honraria exibida pelo regime ao rei morto numa perspectiva global, em que as boas graças do Camboja têm consequências graves.
“Na batalha pelo Sudeste asiático, Laos e Camboja são cada vez mais importantes para a China, que é o cerne da questão. A China deve provar suas boas intenções. A morte de Sihanouk é apenas um ponto de mudança”, destacou Yin Hongwei, um especialista em Sudeste asiático, em seu blogue no Weibo.
Com um olho no petróleo offshore e nas reservas de gás do Camboja e nas reivindicações históricas e culturais do Khmer cambojano pela Cochinchina, que inclui a ponta da península da Indochina compreendendo o delta do Rio Mekong, agora dentro das fronteiras do Vietnã, o regime chinês sempre foi mais generoso com Sihanouk.
“A China deveria ter mais amigos como Sihanouk”, disse o Global Times, um mídia estatal porta-voz do regime chinês. Um internauta comentou ironicamente, “Ele é um bom e velho amigo do regime chinês.”
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