Regime chinês divulga rede ilegal de transplante renal

21/09/2012 06:13 Atualizado: 20/04/2014 21:46
Ação tenta desviar a atenção das atrocidades da colheita forçada de órgãos
Capa do livro recentemente publicado, ‘Órgãos do Estado: O abuso do transplante na China’, editado por David Matas e Dr. Torsten Trey. A publicação ajudou a aumentar a pressão sobre o regime chinês para reconhecer e por um fim a atrocidade da colheita forçada de órgãos de pessoas vivas. (The Epoch Times)

O regime chinês parece estar procurando uma maneira de responder a publicidade sobre a atrocidade da colheita forçada de órgãos de pessoas vivas.

Na China, pessoas vendem seus rins para anéis clandestinos que lucram com transplantes. Também na China, o Estado coleta órgãos à força de prisioneiros da consciência, matando-os e gerando grandes lucros para médicos, hospitais e o aparato de segurança.

A mídia chinesa publicou recentemente em suas manchetes histórias sobre o primeiro crime, mas não sobre o segundo.

Por exemplo, a mídia estatal chinesa reportou sobre um grande anel de tráfico de órgãos que compra rins. O Hospital 304 do Exército da Liberação Popular em Pequim e o Supremo Tribunal Popular da província de Shandong estavam envolvidos no esquema.

Sem a aprovação explícita de altos oficiais do Partido Comunista Chinês (PCC), a mídia chinesa não ousaria relatar sobre um caso tão sensível.

A Caijing, uma revista investigativa de negócios, foi a primeira a divulgar a história com um artigo em língua chinesa intitulado “Mercado negro de órgãos”, publicada online em 9 de setembro. O texto dizia que 16 pessoas foram acusadas num caso envolvendo doadores vivos e a colheita de 51 rins avaliados em mais de 10 milhões de yuanes (1,6 milhão de dólares).

Dois artigos relacionados, “Novas fontes de órgãos” e “Considerações legais na resolução da doação de órgãos”, surgiram pouco mais de 10 minutos um após o outro.

Além disso, o primeiro artigo também veio com uma versão em inglês chamada “Brechas legais e grandes lucros estimulam o tráfico de órgãos”. Vários outros artigos foram publicados online no mesmo momento, mas nenhum foi traduzido para o inglês.

O fato de que uma tradução em inglês foi fornecida torna o motivo por trás de sua publicação ainda mais intrigante. Normalmente, o PCC não gosta que estrangeiros saibam de qualquer de seus escândalos.

Pressão

Então, o que está acontecendo? É muito provável que as autoridades tenham dado ordens para colocar este caso “sob o sol”, como dizem os chineses.

A cobertura das redes comerciais de rins só pode ser interpretada como um ato desesperado do PCC para responder à crescente pressão da comunidade internacional sobre a questão da colheita de órgãos de prisioneiros vivos da consciência, principalmente adeptos cativos do Falun Gong, uma prática de meditação pacífica.

No início e meados de agosto, a internet chinesa estava em alvoroço após uma série de artigos publicados na edição em língua chinesa do Epoch Times que alegou o envolvimento de Bo Xilai e Gu Kailai na remoção de órgãos de pessoas vivas e no comércio de cadáveres. Os internautas começaram a questionar a origem dos corpos usados em fábricas chinesas de plastinação de cadáveres, que cria corpos preservados para exposição em exibições ao redor do mundo.

Em 29 de agosto, o filme coreano “Os traficantes” foi lançado na Coreia do Sul. Ele é baseado na história real de uma coreana que foi sequestrada e assassinada por seus órgãos enquanto visitava a China e foi classificado como o filme de destaque pelo Daum, um grande e popular portal da web coreano.

O filme retrata o tráfico de órgãos entre a China e a Coreia, perpetrados por funcionários aduaneiros, cirurgiões e policiais chineses. Para fazer o filme, o diretor Kim Hong-seon estudou os detalhes do comércio e da colheita de órgãos na China. Ele disse que esperava expor os crimes da colheita de órgãos por meio do filme.

Em julho, o livro “Órgãos do Estado: O abuso do transplante na China” foi publicado. É uma coleção de artigos de 12 colaboradores de quatro continentes, cinco deles médicos e um especialista em ética médica, editada pelo advogado internacional de direitos humanos David Matas e pelo Dr. Torsten Trey.

Os artigos abordam diferentes aspectos do crime de remoção forçada de órgãos de prisioneiros na China, incluindo prisioneiros da consciência, como praticantes do Falun Gong. A obra apela à comunidade internacional para condenar e pôr fim a esse abuso.

Colheita Sangrenta: A matança do Falun Gong por seus órgãos”, um livro de David Matas e do ex-secretário de Estado canadense David Kilgour, foi publicado em novembro de 2009. Ele apresenta uma grande quantidade de evidências de que a pilhagem de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong vem ocorrendo na China desde 2000, após o início da perseguição contra a prática em 1999. O livro mostra que a colheita forçada de órgãos é um fenômeno nacional envolvendo hospitais militares, prisões, campos de trabalhos forçados e tribunais chineses.

Desorientação ou um primeiro passo?

As provas massivas, tais como as acima, colocam o PCC sob enorme pressão. Diante de tantas perguntas e provas tão amplas, o regime chinês tem mantido silêncio enquanto decide como lidar com o assunto.

Assim, o PCC lançou este caso de tráfico de rins ao público para satisfazer a comunidade internacional e o povo chinês, mas isso é apenas a ponta do iceberg. A verdade real dos abusos de transplante de órgãos na China agora é amplamente conhecida em todo o mundo e mesmo dentro da China muitas pessoas conhecem a questão. Obviamente, o PCC não acha que tem qualquer chance de se defender neste caso e apresentou um pequeno grupo de pessoas para levar a culpa.

Segundo o relatório da Caijing, os crimes envolvidos na rede de transplante de rim só foram cometidos por algumas pessoas: um hospital, um tribunal e um juiz.

A atrocidade da colheita forçada de órgãos de pessoas vivas em escala nacional não poderia ter realizada sem que o Comitê dos Assuntos Político-Legislativos mobilizasse sistemicamente vários departamentos governamentais, hospitais e o Exército da Liberação Popular. Os artigos não mencionaram a remoção de órgãos de praticantes do Falun Gong ou seu uso para criar um enorme banco de órgãos de pessoas vivas, porque estes são os verdadeiros segredos sombrios que o PCC teme serem conhecidos.

Naturalmente, a publicidade sobre a rede de rim, ao invés de ser um ato de desorientação para esconder um crime maior pode ser o primeiro passo para revelar a colheita forçada de órgãos de pessoas vivas. O tempo dirá se algumas pessoas no PCC despertaram e decidiram revelar estas atrocidades.

Em qualquer caso, os artigos sobre as redes de rim puxaram um fio solto no manto que cobre os segredos do PCC.

Epoch Times publica em 35 países em 19 idiomas.

Siga-nos no Facebook: https://www.facebook.com/EpochTimesPT

Siga-nos no Twitter: @EpochTimesPT